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C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 1. Anatomia Vegetal
ANÁLISE ANATÔMICA E MORFOLÓGICA DE Philodendron guaraense GONÇALVES (ARACEAE).
Ayuni Larissa Mendes Sena 1
Dalva Graciano-Ribeiro 2
(1. Graduanda em Engenharia Florestal; 2. Profª, Drª. do Departamento de Botânica-Laboratório de Anatomia Vegetal)
INTRODUÇÃO:
A família Araceae, com 105 gêneros e mais de 2500 espécies atualmente reconhecidos, possui ampla distribuição pelo mundo sendo melhor representada na região tropical. No Brasil, principalmente na área do bioma Cerrado, ainda é subestimada em número de espécies, já que poucos estudos existem para colaborar com informações técnicas que permitam melhor conhecer esta família. O gênero Philodendron é o segundo maior, com cerca de 400 espécies, e um dos mais variáveis dentro da família. A espécie Philodendron guaraense Gonçalves é uma espécie nova, tendo sido recentemente descrita, demonstrando assim a necessidade de melhor estudar a família Araceae no Cerrado já que acredita-se que ainda existam inúmeras espécies desconhecidas. O objetivo deste trabalho é o estudo morfológico e anatômico desta espécie a fim de promover um maior conhecimento do gênero e da família, buscando características que sirvam para a identificação taxonômica, visando o registro científico da biodiversidade do Cerrado.
METODOLOGIA:
O material, em bom estado e sem sinais de injúrias por herbívoros, foi coletado na Mata do Gavião DF 250. A planta foi seccionada e as porções medianas de todos os órgãos fixadas em FAA 70 por 24h e depois colocadas em etanol 70. O estudo morfológico foi realizado com folhas frescas e com folhas diafanizadas pelo método usual. Para o estudo anatômico, foram feitos cortes a mão livre das porções em micrótomo do tipo Ranvier que foram clarificados em solução comercial de hipoclorito de sódio 50%, corados com safranina e azul de alcian 1:2 alcoólico e montados em resina sintética Verniz Vitral Acrilex. Os cortes paradérmicos foram obtidos por meio de dissociação com solução de Jeffrey. Os testes histoquímicos foram realizados com reagentes específicos segundo a metodologia de praxe.
RESULTADOS:
A folha possui lâmina inteira, simétrica e discolor, venação pinada eucampidódroma, 4-5 nervuras secundárias subparalelas por lado, textura tendendo a cartácea, ápice variando entre cuspidado, acuminado e agudo e base que também varia entre sagitada, subcordado-sagitada e lobada. Na raiz e caule tuberoso foi encontrada uma hipoderme esclerificada e ductos resiníferos envoltos por um anel de fibras. Feixes vasculares colaterais com fibras envolvendo apenas o floema e anfivasais de caráter secundário, sendo que, em alguns deles, o xilema não circunda totalmente o floema; essas são características encontradas apenas no caule tuberoso. No pecíolo e na nervura central da folha observou-se colênquima angular logo abaixo da epiderme e canais resiníferos não envoltos por fibras. A epiderme apresentou cutícula espessa e com células maiores na face adaxial. Parênquima e cavidades aerênquimáticas e grande quantidade de drusas e ráfides estavam presentes em todos os órgãos, exceto na raiz. Cortes paradérmicos evidenciaram presença de estômatos diacíticos dispostos aleatoriamente na face abaxial. Os testes histoquímicos mostraram, além de fenóis, taninos, ceras, suberina, lignina e sílica, presença de muito amido no caule tuberoso e látex na maioria dos órgãos.
CONCLUSÕES:
Estas características listadas acima podem servir como base para a identificação taxonômica desta espécie. A morfologia foliar e a disposição dos estômatos confirmam que na família Araceae, muitos indivíduos tendem a apresentar padrão de venação e disposição estomatal semelhantes às dicotiledôneas. A presença de uma cutícula espessa pode relacionar-se a necessidade de maior controle da transpiração extra-estomatal, devido a sazonalidade clima do Cerrado. O caule tuberoso confirmou-se como um bom tecido de reserva devido a grande quantidade de amido. A presença de látex na maioria dos órgãos funciona como defesa contra herbívoros, já que a planta possui muito amido, tecidos tenros e aspecto suculento, proporcionados em parte pelo parênquima e cavidades aerênquimáticas. Ressalta-se a necessidade de estudos posteriores para determinar a origem dos feixes anfivasais.
 
Palavras-chave: anatomia; Araceae; cerrado.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006