A artrite reumatóide é uma Inflamação crônica caracterizada por inflamação da membrana sinovial (pannus reumatóide) e que pode atingir qualquer uma das estruturas dentro de uma articulação. Afeta pessoas de todas as idades e freqüentemente causa invalidez e danos crônicos. Neste trabalho, a artrite foi induzida pelo zymosan, um polissacarídeo derivado da parede celular de um fungo. Este composto é bastante conhecido e induz a inflamação quando injetado na articulação de ratos, camundongos e coelhos com uma subaguda e persistente proliferação da sinóvia e degradação da cartilagem. O nosso objetivo foi verificar a ação antiinflamatória de frações purificadas do fucanas (F1 e F2) extraídas da alga marrom Fucus vesiculosus. Fucanas são moléculas extremamente heterogêneas e ramificadas, possuindo como principal característica a a-L-fucose sulfatada em C3, C2 ou C4. Possuem atividades antitrombótica, antiinflamatória e antiviral. Muitos estudos vêm sendo realizados com o objetivo de descobrir novos compostos com potencial antiinflamatório que possam ser utilizados na terapia de doenças. Assim, levando em consideração as diversas propriedades biológicas de polissacarídeos sulfatados de algas marrons, especialmente na atividade antiinflamatória o presente estudo analisou o efeito da administração do fucanas (frações purificadas) de F. vesiculosus no modelo de artrite induzida por zymosan, utilizando como parâmetro o influxo de leucócitos.

Os polissacarídeos sulfatados extraídos da espécie de alga marrom Fucus vesiculosus foram adquiridos comercialmente. A fucana foi fracionada com acetona em três diferentes frações de polissacarídeos: F1, F2 e F3. Utilizou-se ratos da linhagem Wistar entre 10 a 12 semanas, pesando 180 a 250 g, obtidos do biotério do Departamento de Bioquímica/UFRN. Mantidos em gaiolas, e submetidos à dieta e água ad libitum em condições controladas de iluminação e temperatura. Após anestesia com éter etílico, foram submetidos à injeção intra-articular de zymosan, na pata traseira direita ou esquerda. Após 6 horas, os animais foram sacrificados sob anestesia com hidrato de cloral e o lavado sinovial foi coletado para análise do influxo celular (contagem do número total de células, diluídas em solução de Turck, na câmara de Neubauer). O grupo controle recebeu apenas salina, o grupo não tratado recebeu apenas zymosan intra-articular e os grupos de animais tratados, receberam F1 e F2 em diferentes concentrações, F1 (15 e 25 mg/Kg) e F2 (25 e 50 mg/Kg) por via intraperitoneal após 1h da indução da artrite.

Após o tratamento com fucanas (F1 e F2) na artrite, notou-se uma redução do influxo leucocitário no lavado sinovial (parâmetro de inflamação aguda), quando comparado ao grupo não tratado (zymosan), em todas as concentrações testadas sendo a melhor resposta com o F2 (25 mg/Kg). Os resultados obtidos demonstraram que os animais tratados apenas com zymosan apresentaram no lavado articular, em média, 37333±4106 células/ mm³. A administração de F1 apresentou em 15 mg/Kg: 16400±1805 células/ mm³ e em 25 mg/Kg: 28100±3315 células/ mm³. Por sua vez, F2 apresentou em 25 mg/Kg: 4050±1596 células/ mm³ e em 50 mg/kg: 6775±1439 células/ mm³. A administração de F2 foi mais efetiva em relação à administração de F1. Em ambos os casos a redução foi de forma dose não dependente (P<0.001).

Os resultados obtidos nos levam a sugerir que o tratamento com as frações purificadas de fucanas da alga Fucus vesiculosus provoca ação antiinflamatória neste modelo experimental de artrite.