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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial

O IMAGINÁRIO SOCIAL DOS PROFESSORES DA ESCOLA ESPECIAL Dr. REINALDO FERNANDO CÓSER EM RELAÇÃO AO ALUNO SURDO

Camila Righi Medeiros Camillo 1
Melânia de Melo Casarim  1
(1. Departamento de Educação Especial/UFSM)
INTRODUÇÃO:

Esta pesquisa compreende algumas inquietações que se faziam presentes e pertinentes durante meu período de faculdade, no curso de Educação Especial - Habilitação em Audiocomunicação, onde muitos eram os questionamentos e leituras que afloravam em mim a necessidade de saber mais e sanar minhas dúvidas em relação à surdez, a língua de sinais e a Educação de Surdos. Da mesma forma, a partir da proximidade com a escola para surdos e com os surdos, percebendo as manifestações da cultura surda nesse ambiente, a fluência natural da língua de sinais e a real possibilidade de conhecer e aprender essa língua senti uma responsabilidade, que também era minha, como futura educadora, pois minha opção profissional implica um comprometimento com a educação e a cultura dos surdos. Neste sentido, fui atraída pela teoria do Imaginário Social procurando compreender as significações imaginárias a partir de duas dimensões: a instituída e a instituinte. Nesta pesquisa alguns dos objetivos foi conhecer as significações imaginárias dos professores em relação à surdez, mais especificamente, em relação ao futuro profissional e pessoal do aluno surdo e as percepções dos professores frente à importância da língua de sinais no âmbito das interações sociais e na Educação de Surdos.

METODOLOGIA:

A metodologia teve como fundamentos a pesquisa qualitativa que segundo MINAYO (1998) possibilita perpassar o conjunto de expressões humanas presentes nas estruturas, nos processos, nos sujeitos e nas representações. A coleta de dados foi realizada através de entrevistas semi-estruturadas com três professores ouvintes da Escola para Surdos Dr. Reinaldo Fernando Cóser - Santa Maria/RS graduados em áreas específicas do conhecimento. Pensei que ao escolher professores ouvintes que fossem formados em áreas específicas do conhecimento (Matemática, Ciências, Artes) e não propriamente em Educação Especial, meu trabalho ficaria mais interessante, pois parto da idéia de que os professores que tiveram a formação em Educação Especial dispõem de conceitos, de discussões e de todos os conhecimentos específicos sobre surdez que foram adquiridos e discutidos durante a faculdade, e que os professores licenciados em outras áreas não tiveram acesso. Talvez somente agora, na atuação com alunos surdos e trabalhando numa realidade de escola especial, é que estão tendo a oportunidade de conhecer e discutir essas temáticas em relação à Educação de Surdos.

RESULTADOS:

Pode-se perceber que a exposição do aluno surdo à língua de sinais o mais cedo possível favorece o aluno, pois este apresenta mais facilidade na compreensão e interpretação da língua de sinais e a aprendizagem do português acontece melhor, bem como a construção de vocabulário na língua de sinais, que ocorre de forma natural. Por outro lado, se o contato com a língua de sinais se der tardiamente terá dificuldades de interpretação nessa língua e na língua portuguesa. Observa-se também, que a presença do instrutor surdo na sala de aula para o ensino e aprendizagem dos alunos surdos é importantíssima, principalmente, para os alunos que criam uma dependência, bem como por uma questão de identidade com o adulto surdo. Já a participação do intérprete na escola para surdos, é questionada como uma função meramente técnica, pois já que é imprescindível o conhecimento do professor sobre a língua de sinais para mediar a aprendizagem, não se faz necessário à presença do intérprete na sala de aula. Outro ponto importante se refere à presença familiar no processo de desenvolvimento social, afetivo e educacional do aluno surdo. Porém, observa-se o quanto precisa melhorar a relação família/escola e a mediação da família na interação do surdo com a sociedade. Pode-se dizer, que a falta de domínio na língua de sinais ainda é um entrave na interação entre aluno surdo e professor ouvinte o que compromete a realização de bons trabalhos escolares e de satisfatórias interações entre ambos.

CONCLUSÕES:

A partir deste estudo, pode-se observar o quanto o Imaginário Social dos professores está ligado a idéia de comprometimento com o aluno, com o respeito e o reconhecimento da importância da língua de sinais para a vida do sujeito surdo. O Imaginário Social permite que cada professor, no seu modo de perceber o sujeito surdo, partindo de suas experiências, dê um significado para a Educação de Surdos e para sua prática pedagógica. Deste modo, confirma-se a idéia da importância em conhecer as significações imaginárias dos professores ouvintes em relação ao aluno surdo, o que vem ao encontro de muitas contribuições que corroboram para melhorar a Educação de Surdos e a interação desses sujeitos. Pode-se também perceber que, ao mesmo tempo, em que se interage com o universo investigativo, como pesquisadora, torna-se um instrumento que oportuniza aos professores ouvintes analisar e refletir sobre aspectos referentes à sua prática pedagógica e seu relacionamento com o aluno surdo, percebendo a Educação de Surdos atualmente e apontando possibilidades futuras, contemplando as dimensões instituída e instituinte da teoria do Imaginário Social.

Instituição de fomento: Apoio PROESP/SEESP/CAPES-UFSM
 
Palavras-chave: Imaginário Social; Educação de Surdos; Língua de Sinais.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006