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D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional

O EXERCÍCIO FÍSICO EM PISCINA PRESERVA A FUNÇÃO PULMONAR, MELHORA O DESEMPENHO MUSCULAR RESPIRATÓRIO E DIMINUI A ATIVIDADE DA DOENÇA ESPONDILITE ANQUILOSANTE - ESTUDO MULTI-CASO

Ana Elisa Speck 1
Carolina Mazzuco Perito 1
Marcelo Cardoso 1
Aderbal Silva Aguiar Júnior 1
(1. Departamento de Fisioterapia, Universidade do Sul de SC / UNISUL)
INTRODUÇÃO:

A espondilite anquilosante (EA) é uma doença inflamatória envolvendo ênteses e articulações, especialmente aquelas ao redor da coluna vertebral. O envolvimento do sistema respiratório ocorre com a presença de dor durante a expansão torácica, diminuição da movimentação do tórax com hipercifose e ineficiência muscular intercostal. A redução da função pulmonar em pacientes com EA está associada com o prejuízo do desempenho músculo-esquelético, principalmente quanto à restrição dos movimentos do tórax. A contribuição dos músculos respiratórios nesta disfunção é questionável. Apesar de não existir cura para a EA, esta condição pode ser controlada por meios médicos e farmacológicos, com algum sucesso. Os programas de exercício, como a fisioterapia, também evidenciaram benefícios terapêuticos. O objetivo deste estudo foi observar os efeitos do exercício realizados em piscina sobre a função pulmonar, musculatura respiratória e índices funcionais de pacientes com EA.

METODOLOGIA:

3 homens adultos, idade 43,3±2,3 anos, massa 73,3±8,2 kg, com o diagnóstico de EA de acordo com os critérios de Nova Iorque da American College of Reumatology, foram avaliados utilizando-se o espirômetro para a medida dos volumes respiratórios: capacidade vital forçada (CVF), volume expiratória forçado no primeiro segundo (VEF1), fluxo expiratório forçado entre 25 e 75% da capacidade vital (FEF25-75%), pico de fluxo expiratório (PFE), e índice de Tiffeneau (VEF1/CVF). O manovacuômetro foi usado para avaliação de força muscular respiratória: pressão inspiratória máxima PIMAX e pressão expiratória máxima PEMAX. As medidas de movimento foram avaliadas pelo índice de Bath para avaliação de pacientes com EA, composto por 4 formulários: índice de mobilidade (BASMI), função (BASFI), atividade da doença (BASDAI) e escore global do paciente (BAS-G). O teste da caminhada de 6 minutos foi realizado como índice de treinabilidade. O programa de treinamento consistiu em 12 semanas de exercícios na piscina, com a altura da água no processo xifóide, aquecida a 33ºC a 35ºC, 3 vezes por semana, 60 minutos por dia, de acordo com os critérios do American College of Sports Medicine. As avaliações foram realizadas um dia antes do início do programa de exercícios e quarenta e oito horas após o seu término. Os valores foram expressos em média ± erro padrão médio e as médias foram comparadas utilizando o teste t de student pareado (p<0,05).

RESULTADOS:

Os pacientes não apresentaram diferença significativa na massa corporal, após 12 semanas de exercícios na piscina. Mesmo seguindo os princípios de treinamento da ACSM, os pacientes não apresentaram alterações ao teste de caminhada. As variáveis CVF, VEF1, FEF25-75%, PFE e PIMAX não apresentaram diferenças significativas após o período de treinamento. Um paciente apresentou distúrbio ventilatório restritivo leve, devido à redução da CVF e VEF1 e índice de Tiffeneau normal. Existiu um aumento significativo de aproximadamente 15% na PEMAX entre o início do treinamento (160,0±15,3 cmH2O) e o final (183,0±16,7 cmH2O), melhorando a mecânica respiratória quanto a funções de tosse e expectoração. A EA também se mostrou menos ativa, pois os índices de atividade da doença BASDAI após o programa de treinamento (3,1±1,3) foram significativamente menores (3,8±1,3).

CONCLUSÕES:

O exercício preservou os volumes e fluxos ventilatórios, melhorando a mecânica ventilatória com acréscimo da pressão expiratória máxima. Também foi verificada uma diminuição da atividade da doença, refletindo melhora da função global dos pacientes. Verificamos que o exercício na água desempenhou um importante papel na preservação do quadro clínico-fisiológico dos pacientes com EA, acompanhado também de ganho de função.

Instituição de fomento: PUIC UNISUL
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: espondilite anquilosante; exercício físico; espirometria.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006