A linguagem escrita constitui-se em um sistema de sinais empregados pelos homens há muitos anos com o objetivo de exprimir e transmitir idéias e pensamentos a respeito de determinadas situações. Anteriormente à fala e à escrita socialmente elaborada e aceita na atualidade, a comunicação entre os homens era realizada por meio de uma escrita icônica, por pictogramas ou ideogramas.

No tocante à literatura, os estudos de Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1990) destacam que ao contrário da concepção de que a escrita é um sistema de códigos de transcrição gráfica de unidades sonoras, a mesma é uma representação da linguagem. Sendo assim, ressalta que quando uma criança escreve ou acredita que escreveu um conjunto de palavras que não tenha sido resultado de uma cópia está nos oferecendo um valioso documento que necessita ser interpretado para ser avaliado.

A partir desses pressupostos, o objetivo deste estudo consistiu em analisar e interpretar algumas produções escritas de crianças da 1ª série do Ensino Fundamental de uma escola da rede pública de ensino da cidade de Maringá-PR.

Há diferentes vertentes e maneiras de compreender o processo de aquisição da escrita no atual contexto histórico. Neste estudo, optou-se por buscar o entendimento da construção da produção da escrita infantil sob o ponto de vista da psicogênese.

Tratou-se de uma pesquisa de cunho bibliográfico e qualitativo, desenvolvida com a seguinte metodologia:

1-      Levantamento bibliográfico de documentos que pudessem viabilizar tal investigação;

2-      Leituras e fichamentos desses documentos;

3-      Atividades de escrita com crianças da 1ª série do Ensino Fundamental durante o período de regência;

4-      Discussões com a orientadora, a fim de buscar melhores esclarecimentos sobre o objeto a ser investigado;

Com base na leitura de algumas obras de Emília Ferreiro e Ana Teberosky, fundamentadas na vertente teórica de Jean Piaget, compreendeu-se que as pesquisadoras partem do pressuposto de que a invenção da escrita foi um processo histórico de construção de um sistema de representação e não um processo de codificação e decodificação, e que, portanto, é uma representação da linguagem e um processo de construção cognitiva estabelecida entre o sujeito e a escrita em seu contexto social.

A linha evolutiva que a escrita infantil apresenta sob a perspectiva de Ferreiro na construção da escrita pode ser verificada por três grandes períodos que comportam algumas subdivisões. Esses períodos são denominados de pré-silábico, silábico e alfabético.

As produções escritas dos alunos indicam que eles criaram hipóteses e utilizaram diferentes mecanismos para desenvolverem sua escrita. À medida que as hipóteses construídas pelas crianças entraram em conflito elas buscaram solucionar o problema assimilando novos dados aos conhecimentos que já possuíam, acomodando-os e formando um esquema diferente do anterior, adaptando-se ao novo e voltando ao equilíbrio.

No presente estudo verificou-se as produções escritas de crianças da 1ª série do Ensino Fundamental de uma escola pública da cidade de Maringá. Ao observar os escritos infantis percebeu-se que grande parte delas encontra-se no período alfabético e enfrenta alguns problemas ortográficos.

Dentre os erros mais comuns evidenciados nas produções da população em questão destacam-se a troca, a supressão, a segmentação e a inversão de letras. Assim, os erros ortográficos cometidos pelas crianças podem ser considerados construtivos, pois indicam que elas ainda não incorporaram o sistema de regras gramaticais e que, por isso, utilizam alguns mecanismos próprios para escrever o que desejam.

Em síntese, pode-se concluir que o trabalho com coleta de dados de produções escritas de crianças no processo de desenvolvimento da língua escrita é um valioso documento a ser analisado, possibilitando a compreensão da maneira como se realiza a escrita a partir da perspectiva teórico-metodológica da psicogênese da língua escrita, no sentido de que fomenta discussões e enriquecimento intelectual na formação docente.