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G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 7. Etnologia Indígena
LEVANTAMENTO DA FAUNA DE QUELÔNIOS NO PARQUE INDÍGENA DO ARAGUAIA, ILHA DO BANANAL, ESTADO DO TOCANTINS.
Thiago Costa Gonçalves Portelinha 1
Giovanni Salera Júnior 2
William Giovani Franklim 3
Odair Giraldin 4
Adriana Malvasio 4
(1. Universidade Federal do Tocantins, Campus de Palmas – TO / UFT.; 2. Mestre em Ciências do Ambiente.; 3. Universidade Federal do Tocantins, Campus de Porto Nacional – TO / UFT.; 4. Universidade Federal do Tocantins – Professor (a) Dr (a), Campus de Palmas – TO.)
INTRODUÇÃO:
Levantamentos sobre a biodiversidade numa região constituem passo inicial na obtenção de informações que nortearão as iniciativas conservacionistas. Entretanto, os inventários biológicos não permitem satisfatória caracterização, apontando somente as espécies mais abundantes e mais amplamente distribuídas. Mesmo considerando que os quelônios (jabutis, tartarugas e cágados) são os répteis de maior importância econômica que estão sob atenção de esforços conservacionistas, ainda assim, são incipientes os levantamentos sobre esse táxon no Brasil e, em especial, no Estado do Tocantins. Nessa pesquisa foram levantadas as espécies de quelônios no Parque Indígena do Araguaia (Ilha do Bananal) onde habitam os índios Karajá, Javaé e Avá-canoeiro.
METODOLOGIA:
A coleta de dados ocorreu a partir de três visitas realizadas às aldeias da etnia Javaé (Canuanã e São João), no período de novembro/2003 a julho/2004. O levantamento das informações em campo se deu a partir do convívio diário, onde foram realizadas 25 entrevistas individuais.
RESULTADOS:
Esses índios possuem um amplo conhecimento da biologia e comportamento desses animais, reconhecendo-os como espécies distintas, fato perceptível na nominação que as 07 espécies recebem em sua língua nativa: Podocnemis expansa (tartaruga-da-amazônia – kòtoni), P. unifilis (tracajá – kòtu), Geochelone carbonaria (jabuti-vermelho – kòtubano), G. denticulata (jabuti-amarelo – kòtubano), Kinosternon scorpioides (muçuã – kòtonini), Phrynops geoffroanus (cágado – kòtulawari) e Chelus fimbriatus (matá-matá – wemá). Duas espécies são utilizadas como alimento (P. expansa e P. unifilis). Destes animais consomem a carne, vísceras, gordura, sangue e ovos, além de utilizarem o casco na manufatura de adornos e peças decorativas. Das 15 espécies de quelônios registradas na Amazônia brasileira, 07 espécies (46,66%) ocorrem nessa localidade, demonstrando ser uma área rica em diversidade.
CONCLUSÕES:
O uso do conhecimento de grupos autóctones deve ser valorizado em levantamentos da biodiversidade, pois o envolvimento e inserção de tais comunidades otimizam os resultados através da minimização de gastos e tempo de coleta de dados. Outro aspecto significativo no envolvimento de tais comunidades, é que elas podem dar uma efetiva contribuição na redução dos diversos impactos negativos sobre as populações desses animais.
 
Palavras-chave: quelônios; índios Javaé; Estado do Tocantins.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006