IMPRIMIR VOLTAR
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 3. Saúde de Populações Especiais
RELAÇÃO DO TEMPO DE PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA DOS IDOSOS E A PREVALÊNCIA DE DOENÇAS CRÔNICO-DEGENERATIVAS
Marize Amorim Lopes 1
Tania Rosane Bertoldo Benedetti 1
Amanda Pacheco Beck  1
Fabiana Ferneda  1
Natália Cristina Cipriani  1
(1. Universidade Federal de Santa Catarina)
INTRODUÇÃO:

Com o crescente número de idosos, a incidência de doenças crônico-degenerativas vem contribuindo como fator modificador para o tipo de mortalidade no Brasil. Em 1940, a maioria das mortes era advinda de doenças infecciosas e atualmente são as doenças crônicas que causam maior mortalidade. Este fato deve-se ao processo de envelhecimento da população que vem ocorrendo nos últimos 30 anos. Outro fator que corrobora para esta estatística é o estilo de vida das pessoas principalmente no tocante à alimentação, repouso, lazer, tabagismo, consumo de álcool e o nível de atividade física. Os exercícios corretamente prescritos e orientados desempenham um importante papel na prevenção, manutenção e recuperação da capacidade funcional dos indivíduos. Assim, podem repercutir positivamente em sua saúde, evitando a instalação de doenças e diminuindo o consumo de medicamentos. Este estudo verificou a associação da incidência de doenças com o tempo de prática no Programa de Atividades Físicas e Danças Folclóricas da Terceira Idade do CDS/UFSC. Desta forma, espera-se levantar informações importantes que possam contribuir para o estudo de profissionais e pesquisadores que reforçam a importância da continuidade de programas de atividades físicas para idosos.

METODOLOGIA:
O estudo se caracterizou por uma pesquisa descritiva e transversal de caráter exploratório com os idosos que participaram no programa de atividades físicas para a terceira idade do CDS/UFSC no ano de 2005. Utilizou-se como instrumento de coleta de dados a ficha de controle dos indivíduos pertencentes ao referido programa. A ficha é composta por campos como: nome, idade, data de nascimento, data de entrada no programa, telefone, endereço, escolaridade, estado civil, tipos e tempo de doenças que acometem os idosos, ingestão, prescrição e a dosagem de medicamentos. A população abrangeu todos os participantes do Programa de Atividade Física e Dança Folclórica do CDS/UFSC com idade acima de 60 anos, envolvendo 557 idosos, dos quais 475 (85,3%) são mulheres e 82 (14,7%) homens. A coleta de dados foi realizada de março a novembro de 2005. A tabulação dos dados foi realizada no programa SPSS 11.0 e para análise dos dados utilizou-se a estatística descritiva por meio de freqüência e percentual.  A normalidade dos dados foi verificada pelo teste de Kolmogorov Smirnov para as variáveis analisadas. Os dados não apresentaram uma distribuição normal utilizando-se o teste não paramétrico do qui-quadrado (χ2) para verificar a associação entre as variáveis.
RESULTADOS:

Os resultados apontam que os idosos que participam a mais tempo no programa não apresentam doenças ou apresentam em menor número comparado aos iniciantes. As principais doenças apontadas foram: hipertensão, diabetes, cardiopatias, osteomusculares, Parkinson, Alzhemeir. Nota-se que 47% das mulheres estão a mais de 5 anos no programa, enquanto que apenas 24,4% dos homens estão neste período;  52% dos idosos que freqüentavam o programa a mais de 5 anos não ingerem qualquer tipo de medicamento. Outro fato a se destacar é que os idosos que ingerem mais de 7 medicamentos (50%) freqüentavam o programa a menos de 1 ano. A maioria dos idosos ingere entre 1 a 3 medicamentos. A polifarmácia foi detectada em 17,41% dos idosos participantes do programa, principalmente nos idosos que participam a menos tempo. Nota-se que 43,3% dos participantes que estão a mais de 5 anos no programa não apontaram nenhuma doença. Quando as variáveis foram associadas estatisticamente por meio do teste qui-quadrado, verificou-se que o tempo no programa e o número de doenças apresentaram uma associação no valor de χ2 = 26,4 e p = 0,013, demonstrando a eficiência de permanência dos idosos no programa com a saúde. Ou seja, as pessoas que estão a mais tempo no programa apresentaram menor número de doenças quando comparados com as pessoas participantes há menos tempo. Esse achado fortalece a hipótese de um efeito favorável da atividade física regular na promoção da saúde, estratégia fundamental para um envelhecimento saudável.

CONCLUSÕES:

Este estudo aponta que os idosos que participam a mais tempo do Programa de Atividade Física e Dança Folclórica da Terceira Idade do CDS/UFSC não apresentam doenças ou as apresentaram em menor número. A prática de atividade física em programas parece contribuir positivamente na redução da ingestão de medicamentos e o aparecimento de doenças. Fato este que demonstra a importância da permanência dos idosos em programas de atividades físicas como benefício para a saúde, bem como a criação de programas deste tipo em diferentes locais do município. Com isto pode-se inferir que um planejamento adequado de exercícios físicos pode prevenir ou favorecer o retardo do aparecimento de doenças ao longo do tempo, bem como a diminuição da ingestão de medicamentos. Desta forma, estas atividades podem favorecer para um melhor desempenho nas atividades da vida diária.

 
Palavras-chave: atividade física; tempo de permanência; doenças crônico-degenerativas.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006