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D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA EM

PACIENTES MASTECTOMIZADAS
Fabiano S. Barbosa 2, 3
Eustáquio L. P. de Oliveira 1
Breno A. C. Almeida 1
Anna Carolina Hastenreiter Verdeiro 1
Vanessa C. C. Silva 2, 4
(1. Faculdade de Minas - FAMINAS / Graduando em Fisioterapia; 2. Fisioterapeuta Docente da Faculdade de Minas - FAMINAS; 3. Mestrando em Biologia Molecular pela Universidade Federal de Viçosa/UFV; 4. Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro/UERJ)
INTRODUÇÃO:
O câncer de mama é hoje um grave problema de saúde pública em todo o mundo. De acordo com a Sociedade Americana de Cancerologia (2000), o carcinoma de mama é a forma mais comum de câncer em mulheres após os 40 anos de idade. No Brasil, corresponde à segunda neoplasia de maior incidência no sexo feminino e à primeira causa de óbitos entre as mulheres. Nas pacientes submetidas ao tratamento cirúrgico o estigma da doença, a mutilação, a estética, a limitação nas atividades de vida diária, a rotina de exames, os tratamentos quimio e radioterápicos e as seqüelas de curto e médio prazo não são os únicos problemas apresentados: a ausência ou alteração da mama traz efeitos físicos, psicossociais, sexuais e emocionais que irão afetar diretamente a qualidade de vida dessas pacientes. Segundo a Organização Mundial de Saúde, qualidade de vida é definida como a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. Um dos instrumentos muito utilizados é o Questionário de Qualidade de Vida SF-36 (The Medical Outcomes Study36-item Short-Form), de fácil administração e compreensão; validado e traduzido para a língua portuguesa por Ciconelli (1997). Objetivamos avaliar a qualidade de vida de mulheres submetidas à mastectomia simples, mensurando os domínios: estado de saúde geral, capacidade funcional e vitalidade do Questionário de Qualidade de Vida SF-36.
METODOLOGIA:
A população de estudo foi constituída por 70 mulheres submetidas ao processo de mastectomia simples nos últimos dezoito meses, com faixa etária entre 40 e 65 anos, cujo acesso aos prontuários foi permitido pelo Centro Brasileiro de Oncologia (Muriaé-MG). O termo de consentimento informado foi postado à residência das participantes, e destes, 45 retornaram compondo a amostra. A coleta dos dados ocorreu entre os dias 27 e 31 de agosto de 2005. O questionário SF-36 foi aplicado por meio de entrevista telefônica, com tempo médio de 13 minutos de duração. Trata-se de um questionário multidimensional, formado por 36 itens englobados em oito escalas ou componentes: capacidade funcional, aspecto físico, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais, saúde mental e dor. Entretanto, neste estudo, realizamos a avaliação dos domínios: estado de saúde geral, capacidade funcional e vitalidade. Variáveis como idade e tempo de cirurgia foram coletadas. Para análise dos dados utilizou-se o software estatístico STATA 7.0. Realizou-se distribuição de freqüências das variáveis em toda a amostra. Utilizou-se teste t para análise de variáveis numéricas. Admitiu-se nível de significância estatística de 0.05. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Minas – FAMINAS.
RESULTADOS:
A média das idades foi de 50.2 (DP=7.1); o tempo médio de cirurgia foi 5.7 meses (DP=4.5) e a faixa possível para pontuação no SF-36 era de 11 a 46, sendo a média e a mediana dos escores encontrados 19.1 (DP=6.2) e 17, respectivamente, demonstrando boa qualidade de vida entre as respondentes. Das 45 entrevistadas, 64% tinham menos de 6 meses de pós-cirúrgico. Quase 67% das participantes apresentaram escore menor ou igual a 20 no SF36, demonstrando bom nível de qualidade de vida. A associação entre tempo de cirurgia e soma dos escores no SF36 mostrou-se estatisticamente significativa (p valor <0.0001). A associação entre idade e grau de qualidade de vida não se mostrou significativa (p valor = 0.3595).
CONCLUSÕES:
Frente aos achados deste estudo, foi possível estabelecer associação entre tempo de cirurgia e pontuação no SF-36. A amostra mostrou-se pequena para a avaliação a que nos propusemos. Contudo, observa-se que as pacientes entrevistadas demonstram bom nível de qualidade de vida, boa auto-estima, satisfação e confiança na assistência recebida. Nas pacientes com menor tempo de cirurgia o acompanhamento por profissionais de saúde como fisioterapeuta e psicólogo se faz mais presente. A medida em que a recuperação acontece, a paciente sente-se mais segura e abandona esses serviços terapêuticos, mantendo apenas consultas mensais ao cirurgião que a assiste. Em nosso estudo, percebemos que grande parte dessas pacientes mastectomizadas referem a distância à Instituição e cuidados domésticos para com sua família como fatores limitadores à assistência continuada. Em geral, o pós-cirúrgico recente é percebido como um evento de sucesso, uma garantia de mais anos de vida; a paciente encontra-se em estado de euforia. Entretanto, com as seqüelas a paciente sente as limitações trazidas pela doença e seus impactos sociais, referindo queda da qualidade de vida e estado depressivo.
Instituição de fomento: Faculdade de Minas - FAMINAS
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Qualidade de Vida; Mastectomia; SF-36.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006