Para a execução deste projeto, pautamo-nos nos métodos fenomenológicos e dialéticos como métodos de abordagem. O procedimento empregado na Pesquisa-Ação (Renée Barbier, 2002) se caracteriza por uma atitude participante do pesquisador que passa a ser um elemento ativo da comunidade, estudando o objeto de forma contemplativa, percebendo o problema, emitindo conclusões e buscando junto à comunidade as soluções para o mesmo.

Quanto aos passos da pesquisa, foi feito um Estudo da Estrutura Sócio Econômica e Agrária dos Assentamentos através de dados documentais e da coleta de dados a partir de entrevistas, questionários, observações participantes, etc. Posteriormente, a comunidade foi sensibilizada por meio da técnica do Diagnóstico Participativo, aprendendo a se autodiagnosticar, isto é, ao analisar a sua realidade, cada comunidade diagnosticaria suas potencialidades e seus problemas. Só então se estruturou os cursos de capacitação técnica tendo em vista as necessidades e demandas locais. Por fim, a socialização do conhecimento ocorreu por meio de reuniões e capacitações técnicas no assentamento, dias de campo, oficinas e dinâmicas de sensibilização de jovens e adultos. Assim, de acordo com Godoy (2004), para que boas propostas metodológicas dêem certas, “torna-se necessário assumir pedagogias em movimento que valorizem a luta social, a organização coletiva, a terra, o trabalho e a produção, a cultura, tudo o que estiver relacionado à cultura dos povos do campo”.

Dentro da proposta de desenvolvimento local a partir da sensibilização e mobilização de 8 comunidades de agricultores familiares, a concretização de metas e ações do projeto contribuiu sobremaneira para a melhoria da qualidade de vida local ao promover a inclusão social, a conservação do meio ambiente e a geração de renda para as classes menos favorecidas. Verificou-se um amadurecimento social dos produtores rurais, uma vez que o acesso às informações obtidas nos espaços de formação coletivos levou a uma melhoria das relações sociais e de organização do grupo como um todo. Ademais, houve um aumento da conscientização a cerca da observância de normas e procedimentos necessários para a produção cooperativada e certificação participativa de produtos ecológicos visando o Comercio Solidário.

Em fim, ao abordar aspectos econômicos, sociais e ambientais em todos os níveis, estas ações educativas permitiram a socialização de conhecimentos entre comunidades e entre estas e o meio acadêmico (Caporal e Costabeber, 2004), tornando-os aptos a trabalhar com: Produção Orgânica de Alimentos, Agroindústria Tradicional; Gestão Cooperativada e Comércio Alternativo; Transporte de Produtos Agrícolas; Identidade Regional em Produtos e Serviços Artesanais. Estes claramente contribuíram para a criação do Curso Técnico Agrícola (janeiro de 2006), para a criação da Associação das Mulheres Solidárias do Cerrado (fevereiro de 2006).

Ao relatar experiências vivenciadas pela equipe de coordenadores e bolsistas do projeto, este estudo procurou preconizar idéias de inclusão e integração social, mostrando que a elaboração de um projeto de desenvolvimento sustentável local deve, necessariamente, estabelecer uma intervenção de caráter participativo e transformador, baseado em metodologias de investigação-ação participante que permitam o desenvolvimento de uma prática social emancipadora, com ênfase no saber local, na proteção ambiental e na inclusão social.

Assim sendo, concluímos que este projeto atingiu seus objetivos (verificar se a proposta de desenvolvimento sustentável para o campo pautado em técnicas participativas e em capacitações contextualizadas é exeqüível) propostos ao privilegiar a produção local, a biodiversidade, o saber e a organização autóctone, a conservação dos recursos naturais e a viabilidade econômica da pequena propriedade por meio de processos educativos que ajudaram no despertar de uma consciência organizativa e transformadora dentro de cada comunidade e que, por sua vez, levarão ao desenvolvimento de sistemas inovadores de distribuição e comercialização de produtos oriundos de empreendimentos rurais de pequeno porte.