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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial

AS EXPECTATIVAS QUE PERMEIAM A CONSTRUÇÃO DA PRÁXIS COLETIVA DOS ESTÁGIOS SUPERVISIONADOS EM EDUCAÇÃO ESPECIAL E EDUCAÇÃO INFANTIL DO CURSO DE PEDAGOGIA DA UFES.

Marcela Gama da Silva 1
Sonia Lopes Victor 1
(1. Centro de Educação / Universidade Federal do Espírito Santo - UFES)
INTRODUÇÃO:
O estágio supervisionado possui um papel de grande importância na formação inicial do professor e pedagogo por promover vivências diversificadas no âmbito escolar. Nesse sentido, as disciplinas de Estágio Supervisionado em Educação Especial e Estágio Supervisionado em Educação Infantil vêem ganhando novo significado, à medida que buscam juntas construírem-se como momentos articuladores entre os estudos teóricos do curso de Pedagogia e a docência – vivenciada na escola. A proposta do trabalho em conjunto das disciplinas de Estágio em Educação Especial e em Educação Infantil se faz interessante, unindo em uma mesma sala de aula duas estagiárias, proporcionando reflexões sobre o cotidiano escolar entre alunas que possuem aprofundamentos em áreas distintas. A transição dos alunos-estagiários entre os espaços da escola e universidade permeia a construção de uma práxis com muitas expectativas em torno dessa nova vivência, e produz nos professores que irão recebê-los outras diversas expectativas. Sendo assim, uma investigação sobre essas expectativas, se faz necessária, levando em consideração que a construção da práxis ocorre, dentre outras maneiras, a partir da relação professor/ estagiário, tornando necessária também uma observação sobre como o cotidiano irá ou não atender a essas expectativas, a fim de compreendermos o processo ensino-aprendizagem que aí se efetiva e que é mediado pela atividade docente.
METODOLOGIA:
A pesquisa realizada foi de natureza qualitativa em uma abordagem de estudo de caso  tendo como instrumentos de coleta de dados a observação-participante, entrevista semi-estruturada e registros de diários de campo. O campo de investigação foi o ambiente natural da universidade e de três Centros de Educação Infantil da rede municipal de Vitória. O grupo de sujeitos pesquisados era composto de quatorze alunas matriculadas nas disciplinas de Estágio em Educação Especial ou Estágio em Educação Infantil do curso de Pedagogia da UFES e sete professoras dos três Centros Municipais de Educação Infantil que receberam as duplas de estagiárias na sala de aula.  Foram realizados acompanhamentos dos encontros ocorridos com as alunas na universidade, nos quais foram registradas em forma de áudio-gravação as expectativas apontadas por elas em relação à inserção no cotidiano escolar e como essas expectativas iam sendo alcançadas ou não. Foi realizada também, com as professoras entrevista semi-estruturada sobre suas expectativas quanto ao ingresso dos alunos da disciplina de estágio no ambiente escolar e em especial a sala de aula. O acompanhamento do cotidiano escolar, pela via do diário de campo, permitiu apreender como essas expectativas interferem nas ações conjuntas no ambiente escolar. Os autores PIMENTA (2004), ALARCÃO (2003), CANDAU (2002), PICONEZ (1994), VALLEJO (2002), LINHARES (2004), SACRISTÁN (2002) fundamentaram as análises dos dados coletados na pesquisa.
RESULTADOS:
Diante da análise das entrevistas realizadas com as estagiárias sobre suas expectativas a respeito do estágio, foi possível identificar as seguintes expectativas: que a escola seja um ambiente de trocas de experiências entre professor e estagiário; que sejam bem recebidas pelos profissionais da escola; que sejam reconhecidas pelo coletivo da escola durante os diferentes momentos de discussão da ação pedagógica; que possam viver novas experiências; que o campo de estágio possa ser um espaço propício à análise e reflexão das ações realizadas tanto por elas quanto pelos demais funcionários da instituição; e que a escola não perca de vista que as alunas estão em processo de formação e assim possa orientá-las da melhor forma possível em suas ações pedagógicas. A partir da análise das entrevistas realizadas com os professores foi observado como expectativas por parte dos mesmos em relação à entrada de um estagiário em seu ambiente de trabalho: o desejo de que os estagiários sejam cooperadores; a oportunidade de novas idéias na escola; a possibilidade de auxiliar na formação inicial das alunas-estagiárias; trocas de experiências e conhecimentos; que os estagiários sejam mais profissionais em suas ações; e por último que as estagiárias sejam a ponte entre a universidade e escola por meio da formação continuada.
CONCLUSÕES:
As nossas considerações sobre a análise das expectativas encontradas levando em consideração a inserção das alunas no ambiente escolar levantaram questões que foram sendo trabalhadas pelos orientadores de estágio durante o período da pesquisa, por meio de discussões e leituras, não só com as alunas como também com as instituições que as receberam, analisando criticamente a realidade à luz das teorias, o que trilhou caminhos para proposições de novas experiências. É necessário que os professores das disciplinas de Estágio Supervisionado, tenham clareza da importância dessa disciplina na formação dos profissionais da educação, procurando dessa forma fazer com que ela se torne significativa no âmbito educacional, proporcionando mudanças positivas a partir do trabalho com os principais envolvidos nesse processo: estagiário e professor. As expectativas desses sujeitos, apontadas nessa pesquisa, são pontos fundamentais a serem trabalhados para que se alcancem novos caminhos na busca de uma formação menos alienada levando à dimensões mais produtivas no que diz respeito ao processo educativo e a formação de profissionais reflexivos-críticos, cuja “passagem” na escola seja mobilizadora de outras/novas práticas e reflexões.
Instituição de fomento: Universidade Federal do Espírito Santo
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Interdisciplinaridade; Formação; Estágio.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006