Esta pesquisa teve o objetivo de investigar como as práticas avaliativas utilizadas nas escolas pelos gestores educacionais estão influenciando na exclusão e, conseqüentemente, direcionando alunos com baixo rendimento escolar ao fracasso escolar. Visto que, as práticas avaliativas são responsáveis por muitas histórias de fracasso na escola, caracterizando-se como uma prática seletiva e excludente que busca a generalização, preocupando-se apenas em categorizar o aluno, sem considerar sua individualidade. Nesta perspectiva, é importante analisar o papel que a avaliação vem desempenhando nas escolas, uma vez que seus efeitos serão determinantes na construção do destino escolar, pois está prática inscreve um futuro de êxito ou fracasso nos alunos.

A pesquisa desenvolveu-se em duas escolas da rede pública estadual de Santa Maria que possuíam alunos oriundos de classes econômicas desfavorecidas, sendo que uma delas situava-se na zona central da cidade. Contou-se com a participação da diretora, que também exerce o cargo de orientadora na escola.  E com uma professora da segunda série, que concomitantemente é a supervisora da escola. Esta pesquisa inseriu-se numa abordagem qualitativa de cunho descritivo, sendo que se optou pela observação em sala de aula, onde foram realizadas 10 observações, acompanhando-se o trabalho da professora com os alunos durante todo o período da aula. As entrevistas semi-estruturadas complementaram os dados coletados durante as observações, promovendo o conhecimento da realidade da escola, a opinião dos gestores educacionais sobre a avaliação e as possíveis causas atribuídas ao fracasso escolar.

Nas entrevistas, os professores afirmaram ter consciência de que a avaliação utilizada pelas escolas contribui para o fracasso dos alunos visto que, ao ressaltar os acertos, seleciona os melhores e exclui os que não atingem os critérios ou objetivos propostos pelos professores e escola. Destacou-se também na análise das entrevistas, a falta de recursos humanos e materiais para que as escolas possam realizar seu trabalho com qualidade, como também a necessidade de implementar um trabalho integrado com outras áreas do conhecimento. Constatou-se, pela fala das professoras, que o fracasso escolar dos alunos pode estar ligado ao seu meio social. As professoras entrevistadas freqüentemente atribuíram as causas do fracasso escolar aos alunos, à família, enfim, ao seu meio social. Entretanto, observou-se nas entrevistas e observações realizadas nas salas de aulas que as dificuldades dessas crianças podem estar sendo relacionadas à estrutura fragmentada do ensino.

Ao investigar fracasso escolar e avaliação, pode-se constatar, que o insucesso escolar continua sendo atribuído aos alunos, estando geralmente associado à classe econômica. Contudo, as escolas pesquisadas estão buscando rever essa realidade excludente, por meio da adoção de pareceres descritivos como prática para acompanhar o desenvolvimento dos alunos. Assim, ao concluir a pesquisa, reafirma-se a necessidade de trabalho nas escolas que baseie-se nos pressupostos da gestão democrática, visto que as práticas avaliativas são responsáveis por muitas histórias de fracasso escolar. Todavia, ao invés de se tentar encontrar os “culpados” por essa situação, deve-se lutar pela ampliação dos espaços escolares que permitam o envolvimento de todos na mudança dos conceitos excludentes que norteiam o ensino.