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G. Ciências Humanas - 5. História - 5. História Econômica

RIQUEZA EM MOVIMENTO: A CONSTRUÇÃO DE FORTUNAS NA ESTÂNCIA/SERGIPE OITOCENTISTA (1850-1888)

Sheyla Farias Silva  1
(1. Universidade Federal de Sergipe /UFS)
INTRODUÇÃO:

Na tentativa de explicar comportamento econômico do Brasil escravista, a historiografia brasileira consagrou a premissa que a atividade agrária de caráter exportador foi à geradora da riqueza nacional. Deste modo, os grandes senhores agrícolas e os comerciantes sediados em Portugal -que monopolizavam a venda dos produtos tropicais e compra de escravos, eram os detentores de fortunas. Destarte, relegou a importância de outras categorias sócio-economômicas residentes na colônia na construção da riqueza colonial.

Todavia, esta pesquisa tem por objetivo demonstrar através do estudo dos inventários post-mortem, a composição das fortunas dos residentes em Estância/Sergipe, no período de 1850 – 1888 . Essa periodização é justificada por em 1850 serem sancionadas as  leis de Extinção do Tráfico Internacional de Escravos e Lei de Terras, posturas que repercutiram e possibilitaram mudanças no perfil de riqueza. A segunda data estabelecida corresponde à abolição da escravatura, que rompe com a então forma de trabalho compulsório.

METODOLOGIA:

Para alcançarmos tal propósito, foram consultados 475 inventários post-mortem, no período de 1850-1888, dos proprietários residentes em Estância/SE. Nestes inventários identificamos e quantificamos os bens tais como: escravos; jóias (peças de ouro e de prata), bens de raiz (casas, terrenos, fazendas, chácaras e lavouras), semoventes (bovinos, eqüinos, muares, caprinos e ovinos), bens móveis (imagens, roupas, trastes de casa, louça etc.), ferramentas (arreios, martelos, moinhos, foices, enxadas, machados etc.), ações, dívidas ativas (valores a receber referente a empréstimos em dinheiro ou venda de bens), mercadorias, dinheiro, além de outros bens que compunham o monte-mór e seus respectivos valores, o que permitiu a visualização do movimento da riqueza estanciana.

Assim, agregamos os bens arrolados nas seguintes categorias: bens escravos; bens de raiz e plantações; bens móveis, que englobariam além dos trastes de casa, as jóias e ferramentas; dívidas ativas; semoventes; dinheiro e estoques ou conforme menciona a linguagem da época “fazendas”, gêneros encontradas em suas lojas.

RESULTADOS:

Verificamos que os inventariados estancianos construíram suas fortunas pautadas na diversidade de bens, na qual os bens de raiz estavam presentes em 92% dos inventários, compostos em sua maioria por imóveis urbanos; seguidos pelos escravos (68%), bens móveis (65%), mercadorias (5%), dívidas ativas (38%), semoventes (53%) e dinheiro (9%) .

CONCLUSÕES:

Ao estudarmos a vida material dos inventariados estabelecidos em Estância no período de 1850-1888, percebemos a dinâmica econômica desta cidade, evidenciado pela composição das fortunas, na medida em que se aproxima a abolição da escravatura.

 
Palavras-chave: Riqueza ; Bens ; Escravidão.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006