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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 10. Educação Rural
AUTO-GESTÃO EM COOPERATIVISMO E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA AGRICULTURA FAMILIAR DOS ASSENTAMENTOS DE PADRE BERNARDO
Eliana Lutzgarda Collabina Ramirez Abrahão  1
Abadia Donizetti de Sousa  2
Pedro Ítalo Tanno Silva  3
Glécia Virgolino da Silva  4
(1. INSTITUTO DE BIOLOGIA E DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA/ UNB ; 2. DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL/UNB; 3. DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL /UNB ; 4. INSTITUTO DE QUÍMICA/ IQ-UNB)
INTRODUÇÃO:
Com intuito de propor um modelo de desenvolvimento auto-sustentável para campo, o projeto “Desenvolvendo Técnicas de Agregação de Valor aos Produtos Agrícolas de Pequenos Produtores Rurais visando um Desenvolvimento Sustentável”, uma parceria entre o Decanato de Extensão/UnB e INCRA/MDA, assumiu em 2004 a tarefa de orientar atividades cooperadas de pequenos produtores rurais originários de 6 assentamentos da Reforma Agrária, 1 assentamento do Banco da Terra e 1 de antigos pequenos produtores tradicionais, totalizando 960 famílias do município de Padre Bernardo - GO. Com o objetivo de realizar a organização social e a implantação de relações associativas a partir de processos educativos, foi feito um diagnostico participativo para sondar as experiências associativas da comunidade e avaliação do grau de organização social das comunidades de assentamentos de Padre Bernardo - GO.
METODOLOGIA:
Para a execução deste projeto, pautamo-nos nos métodos fenomenológicos e dialéticos como métodos de abordagem. O procedimento empregado na Pesquisa-Ação (Renée Barbier, 2002) se caracteriza por uma atitude participante do pesquisador que passa a ser um elemento ativo da comunidade, estudando o objeto de forma contemplativa, percebendo o problema, emitindo conclusões e buscando junto à comunidade as soluções para o mesmo. Quanto aos passos da pesquisa, foi feito um Estudo da Estrutura Sócia Econômica e Agrária dos Assentamentos através de dados documentais e da coleta de dados a partir de entrevistas, questionários, observações participantes, etc. Posteriormente, a comunidade foi sensibilizada por meio da técnica do Diagnóstico Participativo, aprendendo a se autodiagnosticar, isto é, ao analisar a sua realidade, cada comunidade diagnosticaria suas potencialidades e seus problemas. Só então se estruturou o curso de capacitação técnica em Cooperativismo, tendo em vista as necessidades e demandas locais a partir do resultado do diagnóstico. Nos processos pedagógicos de capacitação usamos a metodologia da práxis, promovendo a socialização do conhecimento a partir de dinâmicas que aplicavam a teoria da organização social, simulando estruturas organizativas de associações, que deram origem de modo oficial a uma Associação.
RESULTADOS:
Os resultados do diagnóstico participativo demonstraram baixo índice de pessoas habilitadas a atuar de modo interativo e o forte nível de egocentrismo. Efetivando o curso de capacitação em cooperativismo, houve crescimento na capacidade e consciência organizativa. Em conseqüência, surgiram processos cooperados de: coleta e comercialização de mangas, produtos agro-industrializados como compotas e geléias, constituição de 1 ha de canteiros para produção de hortaliças orgânicas e a construção de um viveiro florestal para produção de mudas. Diante dessas ações, criaram-se demandas locais, comprovando a necessidade da implantação da Associação de Produtoras da Agricultura Familiar Solidária do Cerrado do Município de Padre Bernardo - APAFASOC, que tem por objetivos desenvolver processos cooperados produtivos para geração de renda dentro do desenvolvimento auto-sustentável. Coordenando os processos cooperados: criação da Radio Comunitária; horta comunitária e a padaria. A produção destes últimos será comprada antecipadamente pela CONAB e será doada para as escolas locais. A partir da auto-gestão, a própria comunidade realizou um processo de eleição, elaboração da ata de fundação e estatuto da associação. Outro resultado foi a criação da Associação Mista Agropecuária do Município de Padre Bernardo - COOPERANÇA, que produz em torno de 2300 sacas de arroz, e que está recebendo galpão para armazenar a produção e o maquinário completo para processamento do arroz até o ensacamento.
CONCLUSÕES:
Concluímos que um modelo de desenvolvimento sustentável pode ser atingido a partir de técnicas participativas que levem a consciência organizativa, apropriação de conhecimento com intervenção enquanto sujeitos atores na transformação de sua realidade levando em conta ações solidárias cooperativadas, tecnologias alternativas e qualidade de vida.  Em conseqüência teremos um processo produtivo relacionado as necessidades locais que não firam o equilíbrio ecológico e que desenvolvam estruturas sociais que democratizem o poder, o conhecimento e a renda, fazendo que tramas sociais se tornem redes de intensa interação.
Instituição de fomento: CNPq, Núcleo de Estudos Agrários - UnB, GT Reforma agrária - UnB, INCRA
 
Palavras-chave: educação rural; desenvolvimento sustentável; cooperativismo.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006