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H. Artes, Letras e Lingüística - 1. Artes - 6. Fundamentos e Crítica das Artes
ÉTICA X ESTÉTICA: O PAPEL DO TEATRO EM PLATÃO.
Sheila Cristina da Silva Campos 1
(1. Universidade de Brasília - UnB)
INTRODUÇÃO:

A presente pesquisa detém-se sobre o papel do teatro – da natureza da poesia e da   produção teatral e suas implicações éticas e políticas - no horizonte histórico da pólis grega de Platão. Apesar de considerar-se a existência de manifestações primitivas – na forma de encenações e da reunião de cantos e danças - é somente quando essas expressões se desvinculam do ritual religioso que objetiva a adoração divina, que a investigação acerca de sua natureza tem começo. O surgimento da tragédia na Grécia clássica consiste em importante ruptura na história não só do homem, mas da arte – a descoberta da ficção, da invenção livre de um poeta sobre os mitos, a atribuição de comportamentos e falas não vivenciados, a consciência da ausência da realidade como sustentáculo para as narrativas, dá lugar a uma nova esfera de compreensão da existência para o homem. A defesa do que, de fato, não ocorrera, era impensável até então. Esta pesquisa busca identificar como Platão pensou a associação entre a arte e a cidade, ao analisar a poesia e o fazer poético e a educação dos cidadãos. Examinamos a crise da paidéia grega devido às transformações da cidade, e as conseqüências que levaram às formulações da crítica platônica ao teatro ateniense. Para Platão, idealizador do mundo uno e perfeito das idéias, essa unidade era incompatível com a multiplicidade das aparências captadas pelos sentidos. Somente a razão conduziria ao conhecimento e, por conseqüência, à verdade. 

METODOLOGIA:

Intertextualidade do corpus documental - A República e Íon, de Platão. Análise dos conceitos centrais do problema: Mímesis; Realidade; Ética; Poesia; Filosofia.

RESULTADOS:
Em seu diálogo Íon, Platão desautoriza poesia como teckné, a saber: como uma técnica, passível de ser transmitida, ensinada; um conjunto de procedimentos sobre como bem fazer algo. Na República, Platão associa os poetas à mentira, ao reproduzirem elementos do mundo sensível, afastando em três pontos da verdade que a filosofia almeja alcançar.
CONCLUSÕES:
Platão empreende um vigoroso combate à democracia ateniense, motivado pela derrota da cidade na Guerra do Peloponeso, pela crise política e intelectual que então se instaura, e, sobretudo, pelo contorno dramático dado pela condenação de Sócrates nesse contexto. Ao atacar a democracia, e visando reformar aqueles cidadãos, Platão ataca os sustentáculos da educação como se dava até então, a paidéia clássica, voltando-se contra a poesia, o debate de idéias, e propondo a tirania dos filósofos como reis da República Ideal.
Instituição de fomento: CNPq
 
Palavras-chave: Ética; Poesia; Filosofia.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006