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G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana

(Re) vendo imagens: perspectivas fotográficas em Jardim do Seridó /RN .

Evaneide Maria de Mélo 1
Maria Helena Braga e Vaz da Costa 2
(1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte _ UFRN/PPGE; 2. Universiddae Federal do Rio Grande do Norte _UFRN/PPGE)
INTRODUÇÃO:

A Geografia Cultural no decorrer dos últimos trinta anos tem estendido seu raio de abrangência teórico-metodológico ligando-se a temas de problematização antes discutidos apenas na Antropologia, na Sociologia, na História e nas Artes, por exemplo. Corrêa (2001) nos estimula a pensar a complexidade sócio-cultural do espaço, aportando às discussões e delimitações espaciais nas tradições, nos grupos étnicos e nas representações da cidade. Acerca deste último aspecto empreendemos uma jornada pelos labirintos urbanos de Jardim do Seridó/RN, tomando como referencial empírico o acervo fotográfico de Zé Boinho, fotógrafo oficial da cidade no transcorrer dos anos de 1950 a 1980, com o objetivo de montar um acervo imagético para fomentar a pesquisa no âmbito da Geografia, ainda intencionávamos analisar as imagens à luz das representações culturais.

METODOLOGIA:

Os procedimentos teórico-metodológicos da pesquisa corresponderam ao levantamento de referenciais sobre Geografia Cultural, Imagem e Cidade. Neste sentido, apontamos os trabalhos de Corrêa (2001), Claval(2001),Manguel(2001), Barthes(1984), Pesavento(1995) e Calvino (1990). Ressaltando aqui os conceitos de Punctum e Studium estabelecidos por Barthes(1984), que em linhas gerais o primeiro ponto aparece como aquilo que nos impressiona na imagem, e o segundo refere-se aos componentes que representam a cena. Como também, desenvolvemos atividades de campo na cidade de Jardim do Seridó/RN para coletar o acervo fotográfico de Zé Boinho; após o recolhimento das imagens passamos ao processo de digitalização e formação de um banco digital; elaboramos ainda, a tematização do acervo a partir do tema central correspondente ao urbano.

 

RESULTADOS:

O desenvolvimento da pesquisa nos revelou um universo imagético de setecentas fotografias em preto e branco, e do contato com o registro fotográfico de Zé Boinho passamos a acreditar que estas imagens estão em estado latente por vezes denunciando, por vezes resguardando questões que se colocam dentro e para além dos costumes, das formas de lazer, dos espaços públicos, do sagrado e do profano. Nesta perspectiva, optamos por analisar uma imagem da Igreja Coração de Jesus, na década de 70 do século XX.  Na mencionada representação imagética o espaço urbano foi secundarizado, o que apareceu com maior evidência correspondeu ao conjunto arquitetônico religioso, a igreja, o pavilhão da igreja, a torre e a praça ornamentada pelo jardim. A igreja tematizada pelo olhar do fotógrafo não era a padroeira da cidade, mas figurou por mais de uma década como o cartão postal oficial de Jardim do Seridó/RN. Desta forma, confiamos que os sujeitos praticantes da cidade se sentiam representados pela imagem, embora esta não destacasse aspectos variados do urbano.

 

CONCLUSÕES:

Com a fotografia de Zé Boinho passamos a perceber as singularidades referentes aos contextos sócio-culturais que marcam, “tatuam” e circunscrevem as relações afetivas, a religiosidade, os costumes, a vida e a morte dos sujeitos, conferindo ao longo da trajetória paradoxal do humano sentido ao espaço: grande elemento de problematização da Geografia.

 

 

 

 
Palavras-chave: Fotografia; Urbano; Jardim do Seridó/RN.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006