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C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 5. Protozoologia de Parasitos
ATIVIDADE LEISHMANICIDA DE AMOSTRAS DE PRÓPOLIS BRASILEIRA
Diana Copi Ayres 1
Selma Giorgio 1
Maria Cristina Marcucci 2
(1. Departamento de Parasitologia, Instituto de Biologia, UNICAMP; 2. Departamento de Pós-Graduação em Farmácia, UNIBAN)
INTRODUÇÃO:

A leishmaniose é uma doença causada por varias espécies do parasita Leishmania. Estima-se em mais de um milhão o número anual de casos desta parasitose no mundo e em quarenta mil notificações no Brasil. A Leishmania amazonesis, espécie que utilizamos neste trabalho, é intracelular, vivendo em macrófagos do hospedeiro, e causa lesões cutâneas de difícil cicatrização que podem evoluir para a leishmaniose cutânea difusa. Esta espécie de Leishmania é encontrada principalmente na região norte do Brasil e em vários países da América do Sul. A quimioterapia é a única forma de controle das lesões. Não há vacinas de uso comercial contra leishmanioses. As drogas utilizadas na quimioterapia são os antimoniais pentavalentes tais como glucantime e pentamidina, que causam efeitos colaterais como cardio, nefro e hepatotoxicidade. Própolis é uma resina produzida pelas abelhas para vedar e esterilizar colméias e tem sido objeto de estudo há vários anos. Além disso, a própolis é utilizada há séculos na medicina popular e a falta de efeitos colaterais nos diversos tratamentos indica a sua inocuidade. As suas propriedades anti-sépticas, cicatrizantes e antiinflamatórias têm sido pesquisadas. A ação da própolis juntamente com sua inocuidade na população em geral que faz uso desta como preventivo de doenças e a necessidade de desenvolvimento de novos fármacos contra a leishmaniose são as principais razões que nos levaram a avaliar o efeito da própolis brasileira no modelo in vitro da leishmaniose.

METODOLOGIA:

Foram feitos testes in vitro  para avaliar o efeito das amostras tipificadas de própolis brasileira (BRPG, BRG, BRP-1 e PV). Amostras de própolis foram adicionadas a culturas de macrófagos peritoneais murinos infectadas com amastigotas de L. amazonensis. Estas culturas celulares infectadas na proporção 3:1 foram incubadas durante 72 horas em estufa incubadora com a 37ºC, 5% de CO2 e O2 atmosférico . Os resultados da atividade leishmanicida dos diferentes tipos de própolis são expressos em porcentagem de células infectadas e em número de amastigotas/macrófago e são comparados entre si e com os resultados das culturas tratadas com solvente (etanol) ou não tratadas. Cada experimento foi realizado em triplicata (três lamínulas para cada concentração de própolis e para os controles).

RESULTADOS:

Amostras de própolis BRP-1 e PV nas concentrações 12,5, 25, 50 e 100 mg/ml reduziram a carga parasitária de culturas de macrófagos peritoneais murinos infectados com Leishmania amazonensis. Enquanto PV foi capaz de reduzir a infecção em 100% a partir de 12,5 mg/ml, BRP-1 apresentou ação progressiva e apenas com 100 mg/ml foi capaz de eliminar todos os parasitas. As amostras de própolis BRPG e BRG também apresentaram efeito leishmanicida, porém, apresentaram efeito tóxico com doses maiores que 12,5 mg/ml.

CONCLUSÕES:

Nosso objetivo foi avaliar o efeito da própolis brasileira no modelo in vitro da leishmaniose. Nossos resultados demonstram que as amostras de própolis brasileira são efetivas em reduzir a infecção de células infectados com amastigotas de L. amazonensis em culturas in vitro. Esses resultados abrem perspectivas para testes com amostras de própolis brasileira (BRPG, BRG, BRP-1 e PV) no tratamento de modelos animais da leishmaniose e estão sendo conduzidos em nosso laboratório.

Instituição de fomento: FAPESP, CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Leishmania; Própolis; Macrófago.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006