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G. Ciências Humanas - 5. História - 11. História
MATA DE ARAUCÁRIA: AS TRANSFORMAÇÕES DO SÉCULO XX
Samira Peruchi Moretto 1
Eunice Sueli Nodari 2
Miguel Mundstock Xavier de Carvalho 3
(1. Graduanda do curso de História, Departamento de História /UFSC; 2. Orientadora, Professora Doutora do Departamento de História /UFSC; 3. Doutorando pelo PGHST de História /UFSC)
INTRODUÇÃO:

A Floresta Ombrófila Mista, também conhecida como Matas de Pinhais ou Mata de Araucária, teve a sua área reduzida durante o século XX. No Estado de Santa Catarina a cobertura florestal original que representava 81,5% da área do Estado foi derrubada para dar espaço à agropecuária. Com a ajuda das serrarias, que faziam a limpeza das áreas florestais, os diferentes grupos sociais que ocupavam a região foram desenvolvendo a agricultura e colocando o gado nos campos abertos. Para os colonos que estiveram nas localidades por nós estudadas, Campos de Lages e de Curitibanos, assim como em toda Santa Catarina, as atividades mais rentáveis eram a agricultura e a pecuária. A mata nativa era um incomodo para estas atividades, mas lucrava-se também com a venda das árvores. Cabe a nós, historiadores, entre outros, trazer à tona fatos ainda não mencionados ou simplesmente esquecidos, que revitalizam a memória da floresta, quase não mais existente, podendo assim, conhecer para preservar, ou não, o pouco da Floresta Ombrófila Mista que ainda resta em nosso Estado.

METODOLOGIA:

A nossa metodologia parte do pressuposto de olhar através de grupos sociais: como eles se imaginam, quais são suas práticas, seus valores e como fazem para comunicá-los. Como esses grupos criam seus espaços, recordam o passado, sempre levando em conta os interesses de cada comunidade; observamos como o homem se coloca diante da natureza. Por tudo isso a nossa pesquisa não pode ser restritiva, ela é seleta por confrontar suas fontes, afinal, toda fonte bem trabalhada é importante de uma forma ou de outra. Para fazermos a pesquisa utilizamos a documentação oficial: como: os relatórios, ofícios e mensagens do governo, legislação estadual e municipal, os censos demográficos e estatísticas agrícolas e industriais, ainda pesquisamos nos periódicos locais, regionais e estaduais. A metodologia da Historia Oral é um instrumento importante para a nossa pesquisa, afinal a memória é utilizada como fonte nas entrevistas de história oral, mesmo a memória sendo dinâmica e vítima do esquecimento. Também utilizamos a iconografia, que está nos ajudando a acompanhar as transformações da região e analisar suas diversas fases.

RESULTADOS:

No inicio do século XX, o Estado de Santa Catarina tinha grande parte do seu território coberto por Florestas. Os governantes entendiam que as florestas representavam atraso e a falta de uma agricultura no entender destes era sinônimo de incivilidade e ainda acreditavam que com isso o Estado de Santa Catarina ficava prejudicado na distribuição de rendas. Nas primeiras décadas do século passado, se observada a fala dos governadores notava-se essa inquietude, eram dados muitos estímulo aos agricultores. Na cidade de Lages já havia a tradição pecuarista, mesmo assim o governo acreditava que deveriam se intensificar duas atividades: a pecuária de grande escala e a agricultura. Lá foi criado o primeiro Campo de Demonstração Agrícola do Estado, por volta de 1906. Em Curitibanos a madeira aparecia nos jornais da década de 1930 como sendo um negócio lucrativo, estimulando-se o seu corte. A floresta foi se esgotando e entrou em decadência após 1960 e os donos das serralherias que estavam falindo nesse momento, passaram a se envolver em atividades agropecuárias.

CONCLUSÕES:

No Estado de Santa Catarina, paralelo ao aumento da agricultura, aumentou-se também a extração vegetal e as clareiras. Em 1938, a madeira gerava números expressivos nas exportações do Estado. Na década de cinqüenta esta situação foi mudando, pois as árvores estavam cada vez mais escassas. Foram muitas as transformações que ocorreram em Lages e em Curitibanos. Nesses dois municípios, a floresta foi cortada sem uma análise e sem a intenção de preservação. O meio ambiente tem seu valor e precisa ser estudado e como já mencionamos, o papel do historiador é fundamental nesse processo. Na maioria das vezes, só notamos o meio que vivemos quando este está em crise, podendo ser tarde demais para a sua conservação. 

Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Araucária; Desmatamento; História Ambiental.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006