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H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 3. Literaturas Clássicas
FORMANDO O LEITOR ALUNO DE CLÁSSICOS: UMA VIVÊNCIA COM ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Tania M. Tod 1
Maclovia Corrêa da Silva 1
(1. Universidade Tecnológica Federal do Paraná / UTFPR)
INTRODUÇÃO:
Esse trabalho relata experiências vivenciadas pelas pesquisadoras que resultaram em um trabalho monográfico. Professoras, trabalhando na rede pública escolar, as pesquisadoras experimentaram em sala de aula a importância da leitura de obras clássicas da literatura não somente no ensino e na aprendizagem da leitura e da escrita na escola, mas, também como fonte fundamental para a integração do aluno leitor no contexto cultural e social. O papel do professor de literatura em sala de aula, como orientador, como estimulador, e como auxiliador na formação do leitor aluno. A pesquisa está voltada para as estratégias de leitura em uma escola da rede privada localizada na cidade de São José dos Pinhais- PR. Consideramos as dificuldades do livro literário impresso estar concorrendo com todas as publicações das mídias, que dependem somente de acionamento de botões de uma máquina para serem construídas realidades virtuais. Ensinar a ler e a escrever também concorre com a oralidade, quando se trata do esforço dos seres humanos de entender o mundo que partilhamos. O professor, em sala de aula, pode enriquecer esses mundos com a linguagem escrita, a linguagem auditiva, teatral, visual, mostrando ao aluno a necessidade de um pré-ato solitário da leitura do texto escrito, que se transformará em movimento, animação, tema de conversas dentro e fora do espaço escolar. Na sala de aula o “clima” de estímulo e interesse por outras linguagens e formas de expressão pode ser explorado. Fundamental é aproveitar as competências dos alunos, para então avançar para diferentes linguagens e modo de comunicação.
METODOLOGIA:
Inicialmente escolhemos a leitura de quatro clássicos da literatura Brasileira: “O cortiço” de Aluísio de Azevedo, “Senhora” de José de Alencar, “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, de Lima Barreto e “Dom Casmurro”, de Machado de Assis. Utilizamos o disco compacto para contar as histórias como material auxiliar. O uso desse recurso da mídia eletrônica explora a audição humana e a imaginação. Há uma (des)construção da idéia preconcebida  de que uma obra clássica traz consigo uma linguagem de difícil compreensão. A linguagem de difícil entendimento dos livros é facilitada pelos filmes, CDs. Além da escuta e da visão, a leitura efetiva das obras é o passo posterior. “Os Lusíadas” de Luis Vaz de Camões, da série descobrindo os clássicos, foi trabalhada de outra forma. Foram criadas aventuras instigantes para apresentar as grandes obras da literatura portuguesa e brasileira. O aluno leitor  é convidado para uma viagem com Vasco da Gama e sua frota em busca do caminho marítimo para as Índias. O leitor navegará por águas de aventuras e poesia, sem o menor risco de naufragar, pois contará com a bússola das notas esclarecedoras do escritor, um estudioso da literatura portuguesa. Conhecida a capa, contracapa, notas informativas, ilustrações, conhecer a biografia do autor e, do adaptador e rápida retomada de história, ajudam professor e aluno leitor a se aproximar da obra original. Representações, apresentações sucederam-se e foram coroadas de sucesso.
RESULTADOS:
O texto literário, enquanto material de trabalho do professor de língua e de literatura é um recurso didático com muitas possibilidades de se alcançar bons resultados na formação de leitores. Ao trabalhar com estéticas diferentes foi possível incentivar os alunos-leitores a despertar o senso critico e a capacidade de analise, favorecendo uma real interseção do leitor com o texto. Eles aumentaram os interesses pela língua e literatura, e a produção de textos literários resultou no reconhecimento do sistema de valores e nas possibilidades de reconstrução de visão de mundo. Perder a ingenuidade diante dos textos literários foi um objetivo alcançado,  e os alunos-leitores perceberam que atrás de cada texto há um sujeito, com uma prática histórica, uma intenção, uma visão de mundo, um sentido, o que implica responder ao texto, concordando ou discordando dele, rindo dele, emocionando-se com ele, comparando-se, aplaudindo-o, rejeitando-o, assimilando-o,  e vivendo o texto. Eles assumiram a condição de leitor, liberando a capacidade de atribuir sentido aos textos, como aos gestos e à vida, sendo leitores–sujeitos, críticos e criativos ao mesmo tempo. Para o professor, isso implicou em colocar-se criticamente em relação ao texto e respeitar a leitura do outro. A criação de significados foi o ponto de partida e o de chegada para recriar o mundo, trabalhar a complexidade da condição humana, o real e o imaginário, jogo das paixões humanas, a metáfora como apoio à literatura.
CONCLUSÕES:

As experiências de leitura proporcionam aos alunos conhecer suas potencialidades intelectuais, de ser pensante, de ser ator, de representar papéis, de explorar as riquezas de seus gestos e movimentos corporais. Ao se relacionarem com os livros de literatura, os alunos desenvolvem e articulam leituras que podem ser dirigidas, programadas, de livre escolha, de natureza interativa que conduzem o aluno leitor conhecer uma pluralidade planetária de ações que enriquecem suas vivências culturais.  O uso de mídias eletrônicas para estimular o aluno-leitor a gostar dos clássicos contribui para o processo de ensino-aprendizagem na área de língua e literatura. O professor pode aproveitar todas as possibilidades didáticas dos recursos audiovisuais, não seu uso como entretenimento, mas utilizando-os como estímulo ao pensamento do aluno, induzindo-o a estabelecer as relações e implicações daquilo que lhe é mostrado, dito, ou demonstrado. A literatura é uma fonte inesgotável para desenvolver trabalhos em sala de aula, mas para que estes sejam eleitos como atividades produtivas e prazerosas, é necessário desmistificar a relação do aluno com o texto literário para que ele seja capaz de estabelecer relações de troca, culturais, afetivas, sociais com o ato de ler e escrever. O texto literário, enquanto material de trabalho do professor de língua e de literatura é um recurso didático com muitas possibilidades de se alcançar bons resultados na formação de leitores.

Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Literatura; Clássicos; Leitor-aluno.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006