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D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
PREVALÊNCIA DE DOR E QUALIDADE DE VIDA NA POPULAÇÃO DAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE EMBU-SP
Suellen Decario Chalot 1
Alane Bento Cavalcante 1
Juliana Ferreira Sauer 1
Ana Assumpção 2
Cristina Esteves Capela 2
Amélia Pasqual Marques 3
(1. Alunas do Curso de Graduação em Fisioterapia da FMUSP; 2. Mestrandas do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação da FMUSP; 3. Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da FMUSP)
INTRODUÇÃO:

A dor é freqüentemente descrita na literatura como uma das principais causas de incapacidade, e considerada um problema de saúde tanto pelo aspecto físico quanto pelo grande impacto sócio-econômico e conseqüente comprometimento da qualidade de vida. Além disso, é responsável por dias de trabalho perdidos e altos custos médicos. Croft et al (1993) realizaram estudo e verificaram que a prevalência de dor crônica difusa em uma amostra da população adulta de Cheschire, Inglaterra, foi de 11,2%.  Storzhenko et al (2004) realizaram estudo com a população adulta de Yekaterinburg, Rússia, e o questionário continha questões sobre dor (localização e tempo), severidade e desordens psico-emocionais. A prevalência foi de 13,3%, sem diferença entre os sexos, com associação a sintomas psico-emocionais.  No entanto, existem poucos estudos sobre a prevalência de dor na população brasileira, principalmente aqueles que utilizam os critérios de classificação da dor propostos pelo Colégio Americano de Reumatologia (ACR). O objetivo deste trabalho consistiu em avaliar a dor e a qualidade de vida dos indivíduos cadastrados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Município de Embu-SP.

METODOLOGIA:

Dos 3109 indivíduos cadastrados nas UBS na faixa etária entre 35 e 60 anos, foram entrevistados por telefone 768 indivíduos, os quais responderam a questões sobre presença, tipo e localização da dor. Destes, 304 responderam às questões do Questionário SF-36, instrumento que avalia a qualidade de vida. Este questionário consiste de 36 itens, englobados em oito componentes: capacidade funcional (10 itens), aspectos físicos (4 itens), dor (2 itens), estado geral de saúde (5 itens), vitalidade (4 itens), aspectos sociais (2 itens), aspectos emocionais (3 itens), saúde mental (5 itens) e mais uma questão de avaliação comparativa entre as condições de saúde atual e a de um ano atrás. Cada componente varia de zero a cem, sendo zero o pior escore e cem o melhor escore. Os dados obtidos foram analisados através de estatística descritiva e estimação Baysiana para o cálculo de prevalência.

RESULTADOS:

A idade média e desvio padrão dos participantes foi 47,97 (7,20) anos. Pertenciam ao gênero feminino 590 indivíduos, correspondendo a 76,82% da amostra, com idade média e desvio padrão 47,62 (7,02) anos. Considerando as respostas obtidas com a aplicação do questionário de amostragem, os indivíduos foram divididos em três grupos, segundo a dor referida: 188 sujeitos tinham dor crônica e difusa e idade média e desvio padrão de 49,13 (6,84) anos; 395 dor regional, podendo ser esta aguda ou crônica e idade média e desvio padrão 48,41 (7,13) anos e 185 sujeitos não tinham dor, com idade média e desvio padrão 45,86 (7,32) anos. Do total, 583 referiram algum tipo de dor, correspondendo a 75,91% da amostra. A prevalência de dor na população de Embu está no intervalo de Confiança [0,21 ; 0,27].  Em relação aos 304 participantes que responderam ao questionário de qualidade de vida, os indivíduos sem dor apresentaram a melhor qualidade de vida e os com dor crônica e difusa a pior. Neste último grupo, os menores escores estão relacionados aos aspectos físicos (32,85). O grupo sem dor, por sua vez, apresentou valores elevados para todos os aspectos, sendo o menor escore encontrado no aspecto dor (68,14).

CONCLUSÕES:

Com base nos dados obtidos neste estudo, pode-se afirmar que a prevalência de dor na população de Embu está no intervalo entre 21 e 27%, sendo que 75,91% da amostra referiu algum tipo de dor. Os indivíduos com dor crônica e difusa apresentaram os piores índices de qualidade de vida. Tais achados podem contribuir para um planejamento adequado de modo a propor ações que visem aliviar a dor e melhorar a qualidade de vida desta população.

Instituição de fomento: FAPESP e CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: dor crônica; dor difusa; qualidade de vida.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006