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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O CONHECIMENTO DE FAMÍLIAS FRENTE AOS FATORES CAUSAIS DAS IRAs EM  CRIANÇAS MENORES DE 5 ANOS
Janaísa Gomes Dias de Oliveira 1
Ilma Rodrigues de Souza Fausto 1
Valéria Lerch Lunardi 2
Giovana Calcagno Gomes 2
(1. Centro Universitário Luterano de Ji-Parana-RO; 2. Fundação Universidade Federal do Rio Grande – FURG-RS)
INTRODUÇÃO:

A visão global e multidisciplinar da Educação Ambiental permite relacionar seus objetivos e princípios com a Educação em Saúde.Este artigo pretende demonstrar as relações entre os conhecimentos de famílias de crianças portadoras de Infecções respiratórias agudas inferiores e a Educação Ambiental. Foram estudadas dez famílias, cujas crianças foram selecionadas conforme os maiores índices de internações hospitalares, em Rio Grande-RS. Desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa de cunho descritivo-exploratório, através de entrevistas semi-estruturadas e observações junto aos domicílios, utilizando, principalmente, concepções de Paulo Freire, e de outros autores. Mediante a Análise de Conteúdo, foram construídas as seguintes categorias: Conhecimentos de Famílias frente aos Fatores Causais das IRAs; Conhecimentos de Famílias frente à Sintomatologia das IRAs e; Conhecimentos de Famílias frente às Estratégias de Tratamento das IRAs. Neste artigo, em especial, enfocamos a influência dos fatores causais na ocorrência de Iras e o conhecimento das famílias estudadas a respeito deste. Reconhece-se o clima,a umidade, o tabagismo como fatores ambientais influenciadores de doenças respiratórias, e refere-se à adoção de medidas preventivas para evitar a doença.

METODOLOGIA:

Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa e exploratória. Participaram desse estudo, dez famílias de crianças de zero a cinco anos previamente internadas no Hospital Universitário Dr Miguel Riet Correia Jr (HU),por infecções respiratórias agudas inferiores, residentes no Bairro Getúlio Vargas, município de Rio Grande-RS. Os familiares (pais-cuidadores) foram identificados por nome de flores: Margarida, Lírio, Rosa, Camélia, Não-me-toque, Violeta, Jasmim, Tulipa, Hortênsia e Orquídea. Os preceitos éticos da resolução 196/96 que rege a pesquisa com seres humanos, foram contemplados. A pesquisa foi realizada após convite e orientação acerca de seus objetivos, metodologia e aceite dos familiares a participarem do estudo, dando-nos o seu consentimento livre e esclarecido.

RESULTADOS:

 

As mães das crianças apontaram como causa de infecções respiratórias agudas os seguintes fatores: clima, as mudanças bruscas de temperatura, a umidade, o fumo, a história familiar e fatores físicos relativos ao ambiente domiciliar, e o modo como esse saber é implementado em ações de cuidado para evitar o desenvolvimento de IRAs.  Os cuidados domiciliares mais mencionados pelos familiares a respeito destes fatores, foram: afastamento do ambiente, evitar exposição da criança ao frio, vestuário adequado, manutenção das crianças dentro de casa, evitar contato externo (rua) logo após o banho e manter ambiente arejado. Nas observações domiciliares, também foi constatado que as “cuidadoras” demonstraram preocupação com o vestuário de seus filhos.  As mães detêm uma riqueza de saberes oriundos de suas raízes culturais, os quais são repassados a seus filhos na intenção de amenizar os riscos de doenças. Sendo assim, elas estão promovendo informalmente mudanças na educação e no cuidado com a saúde. Esse conhecimento em relação as IRAs, pode ser aplicado domiciliarmente,  com menor custo e pode trazer resultados na  prevenção. A maiorias das situações de carência está relacionada com o baixo poder aquisitivo dessas famílias. As práticas caseiras adotadas pelos familiares para prevenção de IRAs não diferem muito da literatura, porém cada grupo familiar possui suas próprias características (financeiras, culturais) e seus próprios conhecimentos  práticos. 

CONCLUSÕES:

Aprofundar o processo reflexivo acerca de quanto a saúde familiar parece estar intimamente relacionada com os princípios da Educação Ambiental. Existe uma complexidade de fatores que interligam esses conhecimentos e essa rede complexa de relações é que parece validar o desenvolvimento dessa pesquisa na qual reflete uma interface da E. A. com a saúde. As infecções respiratórias inferiores são responsáveis pela maioria das internações hospitalares de crianças menores de cinco anos e, subjacente a isso, são responsáveis também pelos maiores índices de mortalidade infantil, principalmente nos meses de inverno. Os fatores climáticos e ambientais foram mencionados pelos familiares como os principais fatores causais das IRAs destacando: o clima úmido, o tabagismo, história familiar, poeira, pêlos de animais, entre outros. O tabagismo foi um dos fatores mais apontado pelos familiares quanto ao aparecimento das doenças respiratórias. Existe uma compreensão geral de que as mudanças bruscas de temperatura e umidade das casas podem agravar os casos de IRAs, ou até mesmo propiciar seu aparecimento. Logo se concluí que é de suma importância que os profissionais de saúde se instrumentalizem de acordo com o contexto sócio-ambiental vivenciado pelas famílias assistidas por eles durante o seu dia a dia de trabalho, desenvolvendo, assim, uma educação ambiental em saúde que valorize os saberes destas famílias, de modo a favorecer a promoção da saúde e a prevenção destas patologias.

 
Palavras-chave: Educação Ambiental; família; conhecimentos.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006