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D. Ciências da Saúde - 4. Odontologia - 2. Clínica Odontológica

ESTUDO DO GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS ODONTOLÓGICOS

 

Hugo Leonardo de Oliveira Pedrosa  1
Robéria Lúcia Queiroz de Figueiredo  1
Jozinete Vieira Pereira  1
(1. Universidade Estadual da Paraíba/ Departamento de Odontologia)
INTRODUÇÃO:

O Gerenciamento dos Resíduos dos Serviços de Saúde é um problema que exige a atenção das autoridades municipais e administrações dos mesmos por suas características inerentes, exigindo um manuseio, armazenamento, coleta, transporte e destinos específicos, devido ao fato dos resíduos produzidos pelas instituições dos serviços de saúde poderem induzir enfermidades ou outros danos, sendo as causas das origens perigosas o fato de apresentarem agentes infecciosos, substâncias químicas perigosas, tóxicas radioativas ou que contenham objetos perfuro-cortantes. Sendo assim objetivou-se identificar o descarte dos resíduos gerados pelas Instituições privadas que prestam atendimentos odontológicos; coletar dados a respeito do acondicionamento e estocagem dos resíduos odontológicos; caracterizar os resíduos gerados com mais freqüência; saber se há uma coleta diferenciada desses resíduos; saber se o Cirurgião-Dentista tem noção da disposição final do lixo gerado e se os funcionários encarregados pelo acondicionamento e estocagem dos resíduos gerados foram orientados como proceder. Para isso, deve-se ter em mente que é possível reduzir os riscos no manuseio e disposição dos resíduos através de um planejamento bem elaborado, mesmo com poucos recursos disponíveis, desde que os profissionais envolvidos estejam conscientes destes riscos e predispostos a assumirem suas responsabilidades culminando na obrigação de adequar seus serviços de maneira que não coloquem em risco toda a coletividade.

METODOLOGIA:

A pesquisa visou obter informações referentes ao gerenciamento dos resíduos odontológicos em especial a disposição final, através de um instrumento de coleta de dados, que constou de um questionário contendo questões objetivas e subjetivas o qual foi aplicado diretamente pelos pesquisadores aos profissionais da área odontológica que prestam serviço na rede privada de saúde na cidade de Campina Grande – PB, que concordaram com a realização e participação na pesquisa. Após aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, foi selecionada uma amostra aleatória estratificada, através das inscrições no CRO de Campina Grande-PB, de cerca de 50% de 125 consultórios. Foram questionados apenas um Cirurgião-dentista e um funcionário responsável pela limpeza e higienização de cada instituição visitada, sendo tal questionário aplicado individualmente. Os funcionários foram informados sobre a natureza da pesquisa e para aceitação ética foi firmado um consentimento voluntário por eles mediante assinatura dos termos de consentimento e pós-informado sendo garantidos sigilo e privacidade dos consultórios visitados bem como as suas, podendo desistir de participar a qualquer momento da pesquisa sem que houvesse nenhum prejuízo à parte. Após a realização das entrevistas e coletas dos dados necessários obtidos, foi iniciado o processo de análise através do programa estatístico Excel 2000. Os dados foram agrupados em tabelas e gráficos a fim de obtermos uma melhor interpretação e discussão dos mesmos.

RESULTADOS:

Baseado nos dados coletados verificou-se que 70% afirmaram possuir alvará emitido pela vigilância sanitária, desses 47,6% não relataram o ano de vencimento, 38,1% estavam com a documentação vencida e 14,3% em dia. Apenas 30% afirmaram possuir dispositivos para armazenar resíduos de amálgama nas cuspideiras e 90% lançam os fluidos captados pelos sugadores diretamente na rede pública de esgoto sem nenhum tratamento prévio. Somente 20% do lixo contaminado é devidamente acondicionado em saco plástico branco leitoso identificado conforme recomendações da ABNT e 67% acondicionam os resíduos perfuro-cortantes em recipientes com paredes rígidas e devidamente rotulados. Dos 87% dos CD.s que fazem uso de aparelhos de raios-x, 80% descartam as substâncias utilizadas na revelação das radiografias diretamente na pia e apenas 7% acondicionam em recipientes indistintos e 61,8% acondicionam ou descartam de forma inadequada os restos mercuriais enquanto que 38,2% relataram acondicionar em francos com água ou solução fixadora de raios-x. Os resíduos comuns são os mais produzidos (39%) seguido pelos resíduos contaminantes (24,4%) e perfurocortantes (24,4%). Dos Cirurgiões-Dentistas, 67% desconhecem a sua destinação, 30% acreditam que seja o lixão e apenas 3% a incineração. Dos funcionários encarregados pela limpeza e higienização 53% tiveram algum tipo de treinamento (Palestras/Cursos) contra 47% dos que não receberam e 67% dos funcionários utilizam E.P.I.s ao manusearem os resíduos gerados.

                                                                                

 

CONCLUSÕES:

Os C.D.s e Poder Público não cumprem o seu papel ao gerenciar adequadamente os resíduos produzidos em seus consultórios. A falta de documentação ou atraso na documentação leva a crer no descaso da vigilância sanitária, bem como o despreparo dos geradores na produção até a destinação dos resíduos. Mesmo acondicionando de forma correta, o descarte se dá de forma indiferenciada ao lixo comum, corroborando com a dedução de 30% dos C.D.s que acreditam ser o lixão o destino. O mais alarmante é que 67% desconhecem o destino e 3% relatam ser a incineração pelo fato desta percentagem de encaminhar a hospitais com incineração. Sendo uma alternativa viável para o tratamento e minimização do volume e de seu potencial infeccioso. Mesmo acondicionado adequadamente os restos mercuriais não têm onde descartar após seu acúmulo. Alguns enterram ou descartam em seus recipientes junto com ao lixo comum, que poderia ser evitado caso houvesse um programa de reciclagem. Outro fato alarmante é o alto percentual de funcionários que não passaram por nenhum treinamento quanto ao manuseio dos resíduos bem como referente ao uso de E.P.I.s. As leis existem e na prática não são cumpridas na sua totalidade pelos C.D.s e pelas esferas municipais e estaduais. Os resultados apontam para o descumprimento destas leis e a falta de condições oferecidas pela prefeitura de nossa cidade para que os dentistas exerçam um descarte adequado e consciente dos resíduos sem colocar em risco a população e o meio ambiente.

Instituição de fomento: Universidade Estadual da Paraíba
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: gerenciamento; resíduos odontológicos ; descarte.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006