A produção de resíduo orgânico no lixo domiciliar é de aproximadamente 50% e o método mais utilizado para a sua reciclagem é a compostagem. Esta forma de reciclagem, além de permitir a obtenção de fertilizantes, reduz os impactos ambientais causados em decorrência da produção de chorume, resultante da degradação da matéria orgânica e diminui o aumento da ocorrência de doenças transmitidas por vetores atraídos por essa fração orgânica do lixo. A compostagem é influenciada por todos os fatores que comumente afetam a atividade microbiológica como a umidade, oxigenação, temperatura, pH, tamanho das partículas e concentração de nutrientes (relação C/N). O resíduo orgânico possui alto teor de umidade e uma das alternativas para resolver este problema é misturar palhoso (restos de vegetais secos), além disso, a serragem por conter carbono pode corrigir a relação C/N quando esta estiver baixa. Apesar da compostagem ser uma prática bastante antiga no meio rural, uma grande parcela da população urbana desconhece essa prática, principalmente pela falta de um sistema de fácil manejo e que possa ser utilizado em pequenos espaços. Portanto, o uso de serragem no sistema de minicompostagem estudado é importante para que se consiga um composto de baixo custo e que  contribua para a sustentabilidade da vida no planeta e uma maior disseminação do processo de compostagem.

Foram utilizadas quatro minicomposteiras iguais (I, II, III e IV) em PVC desenvolvidas no Núcleo de pesquisa em Resíduos Sólidos com 400mm de diâmetro e 750mm de comprimento, possuindo uma manta de isolamento térmico e em suas extremidades tela fina para evitar perda de resíduos e presença de vetores. Antes de iniciar o experimento fez-se um teste preliminar para se obter uma relação mais apropriada de resíduo orgânico/serragem, de modo a gerar menos chorume e assim regular o grau de umidade da massa em decomposição. Baseando-se neste experimento chegou-se a relação ideal de resíduo orgânico/serragem de 6:1, ou seja, em cada uma das 4 minicomposteiras foram utilizados 35,5kg de resíduo orgânico triturado e 6kg de serragem. Durante esta etapa, foram feitas análises C/N e diariamente realizado no NRESOL (Núcleo de Pesquisa em Resíduos Sólidos) análises de temperatura, umidade, pH e a freqüência de revolvimento.

Foi possível, neste tipo de sistema, obter temperaturas de até 65°C, e uma permanência na faixa termofílica de seis dias, período este importante para a eliminação de microrganismos patogênicos. O pH, inicialmente ácido, rapidamente tornou-se alcalino, estabilizando após dezessete dias, entre 8,0 e 8,5. A umidade, apesar do comportamento bastante oscilatório, estabilizou próxima a 60%, e a relação C/N inicial foi de 30/1, apresentando ao final do experimento uma média de 12/1, indicando desta forma que o composto estava maturado. Para este tipo de experimento, com pouca quantidade de resíduo, estabeleceu-se uma freqüência de revolvimentos baseada especialmente no comportamento das temperaturas que eram desenvolvidas. Assim, o revolvimento foi praticamente diário, na fase de degradação ativa, observando-se que o não revolvimento implicava na redução da temperatura. O composto maturado apresentou, em relação a massa de resíduos inicial, uma redução de 82%, resultando em média, em cada composteira 7,5kg. O aspecto do composto maturado foi excelente, com cor e odor característicos de terra de mata.

Com base nos resultados apresentados, a serragem utilizada no sistema de minicompostagem desenvolvido no Núcleo de Pesquisa em Resíduos Sólidos - NRESOL, permitiu regular adequadamente o alto teor de umidade dos resíduos orgânicos, controlar a umidade e obter um composto seguro, livre de microrganismos patogênicos por ter alcançado temperaturas termofílicas. A relação C/N que inicialmente foi de 30/1 indica que os resíduos são adequados para uma rápida e eficiente compostagem e sua relação C/N final mostra que os resíduos já estavam maturados e já podiam ser utilizados como fertilizante.