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C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 3. Fisiologia Vegetal

ACLIMATIZAÇÃO DE PLÂNTULAS MICROPROPAGADAS DE PUPUNHA (Bactris gasipaes Kunth)

Clarissa Alves Caprestano  1
Manuela Rodrigues Paz  2
Douglas André Steinmacher  3
Mauricio Sedrez dos Reis  4
Miguel Pedro Guerra 4
(1. Acadêmica de Agronomia, UFSC, bolsista PIBIC/CNPq.; 2. Acadêmica de Agronomia, UFSC.; 3. Mestre em Recursos Genéticos Vegetais, UFSC.; 4. Professor do Departamento de Fitotecnia e do PPG/RGV da UFSC.)
INTRODUÇÃO:

A pupunha (Bactris gasipaes Kunth - Arecaceae) é uma planta domesticada, com provável centro de origem no sudoeste da Amazônia. São relatadas várias utilizações para a mesma, e a existência de genótipos de pupunha para a produção de palmito ou frutos tem sido descrita, porém pesquisadores relatam dificuldades para o seu melhoramento genético (Mora-Urpí et al. 1997). Trabalhos com essa espécie sugerem o emprego de técnicas de cultura in vitro para o melhoramento genético e para a conservação. A propagação in vitro de plantas oferece um conjunto de técnicas que possibilitam a propagação massal de genótipos selecionados, permitindo a captura e fixação de ganhos genéticos (Guerra et al. 1999). No entanto, a etapa de aclimatização é um passo critico para o estabelecimento de protocolos regenerativos. Ensaios iniciais para a aclimatização de plântulas de pupunha apontaram que o desenvolvimento inicial destas, durante a fase de aclimatização, foi lento (Steinmacher, 2005). Neste sentido, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito de diferentes soluções nutritivas no crescimento de plântulas de pupunha e o efeito do tamanho inicial das plântulas durante a etapa de aclimatização.

METODOLOGIA:

Plântulas de pupunha regeneradas in vitro por embriogênese somática (Steinmacher, 2005) tiveram o seu sistema radicular reduzido a 1,5 cm, sendo em seguida lavadas em água corrente. Posteriormente, estas plântulas foram transferidas para bandejas de IsoporÒ contendo células isoladas de 3 cm. Como substrato foi utilizado o composto comercial PlantmaxÒ HT e palha de arroz carbonizada (1:1). As bandejas contendo as plântulas foram colocadas em caixas plásticas cobertas com uma lâmina de vidro. O delineamento experimental utilizado foi o completamente casualizado, com unidades experimentais de 5 plantas. Os tratamentos empregados foram o tamanho das plântulas (menores que 7 cm; entre 7-12 cm; maiores que 12 cm) e a fertirrigação. Nas quatro primeiras semanas de aclimatização as plântulas foram irrigadas somente com água. Nas semanas seguintes as plântulas foram submetidas aos tratamentos: água, solução nutritiva de Long-Ashton (Resh, 1997) modificada a 50% ou 100% solução nutritiva. Cada planta foi irrigada com 5 ml duas vezes por semana com a respectiva solução nutritiva, alternada com uma irrigação com água.  Na 15ª semana foram registrados os dados de sobrevivência, número de folhas, altura das plântulas.

RESULTADOS:
A taxa média de sobrevivência das plântulas (95%) indicou que o sistema utilizado foi eficiente para a aclimatização das plântulas. No entanto, durante o período avaliado as plântulas não emitiram novas folhas, sugerindo que as plântulas cultivadas in vitro possuem folhas funcionais.  Por outro lado, para a variável crescimento da parte aérea observou-se que plântulas aclimatadas com até 7 cm tiveram o maior crescimento  (1,25 cm) em comparação com plântulas entre 7 e 12 cm (0,55 cm) ou maiores que 12 cm (0,06 cm), diferindo significativamente segundo o teste SNK (5%). Entretanto, para essa variável, os tratamentos de fertirrigação não diferiram entre si. Da mesma forma, os tratamentos de fertirrigação não diferiram entre si quanto ao número médio de raízes por plântula, comprimento médio das raízes e comprimento da maior raiz. Já para o fator altura das plântulas, o maior número de raízes (4,4 raízes), foi observado no tratamento contendo plantas de 7 a 12 cm, diferindo dos demais tratamentos. O maior comprimento médio de raízes e da maior raiz foi encontrado para as maiores plântulas (3,22 cm e 5,23 cm respectivamente).
CONCLUSÕES:
Os resultados obtidos no presente estudo revelam que o tamanho das plântulas influencia no sucesso da aclimatização de plântulas de pupunha. A não ocorrência de diferenças significativas para nenhum parâmetro dentro dos tratamentos de fertirrigação pode ser explicada pelo processo adaptativo da planta a sua nova condição ambiental, de forma que esta necessita inicialmente se adaptar para posteriormente retomar o seu crescimento ativo.
 
Palavras-chave: Embriogênese somática; Fertirrigação; Aclimatação.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006