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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem

FORMAÇÃO EM PESQUISA NO MESTRADO: RESULTADOS DE OITO CURSOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

Maria Benedita Lima Pardo 1
Patrícia Fernanda Cruz Bindeli 1
Roseanne Souza Teixeira 1
Emanuelle Loyola Ferreira 1
(1. Departamento de Psicologia, Universidade Federal de Sergipe/UFS)
INTRODUÇÃO:

O papel da Universidade é formar profissionais questionadores que tenham a capacidade de intervir em questões sociais, econômicas e políticas. Para isso, a Universidade tem que dar importância à pesquisa, pois é através dela que o conhecimento será renovado e conseqüentemente terá o poder de provocar mudanças na sociedade (DEMO, 2000). Segundo Velloso (2000), uma boa formação cientifica deve começar preferencialmente pela iniciação científica na graduação. A Iniciação Científica possibilita colocar o aluno desde cedo em contato com a atividade científica e engajá-lo na pesquisa, sendo que um dos frutos dessa formação é o estímulo à continuidade dos estudos  introduzindo-o mais cedo na pós-graduação e com melhores resultados (CNPq, 2002). Também é fundamental dar prosseguimento a essa formação no curso de pós-graduação nos níveis de Mestrado e Doutorado.  O objetivo primordial da pós-graduação é formar pesquisadores que apliquem seus esforços na produção e sistematização de conhecimentos, visando a melhor compreensão de questões e problemas relacionados às áreas de conhecimento em que trabalham (PARDO, 2002). A presente pesquisa  teve por objetivos analisar, a partir de depoimentos de alunos de cursos de Mestrado da UFS, as características de sua formação em pesquisa no decorrer do curso de pós-graduação e levantar as necessidades que esses participantes percebiam para a continuidade de seu processo de formação como pesquisadores.

METODOLOGIA:

Foram participantes da pesquisa 79 alunos representando 83% dos ingressos em 2003, nos seguintes cursos de Mestrado da UFS: Química, Física, Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente (Nesa), Agroecossistemas, Ciências da Saúde, Educação e Sociologia. Para coleta dos dados foi aplicado um questionário que constava de perguntas referentes à análise da formação em pesquisa na pós-graduação. Foi realizado um pré-teste do instrumento após o qual foram feitas algumas alterações antes da aplicação definitiva. O projeto de pesquisa foi apresentado ao Coordenador de cada curso, obtendo-se anuência dos mesmos para que fosse feito o contato com os mestrandos. Para a coleta dos dados apresentou-se o objetivo da pesquisa, solicitando ao mestrando sua colaboração para responder ao questionário. Os que concordaram receberam o instrumento, o qual foi recolhido após o seu preenchimento. Como procedimento para análise dos dados foi feita a tabulação das freqüências de respostas às questões fechadas e análise de conteúdo (Bardin, 1977) e categorização das respostas às questões abertas.

RESULTADOS:

Em relação à análise da formação no mestrado de modo geral as etapas de planejamento da pesquisa receberam melhor avaliação que as etapas de execução. Nas etapas de planejamento houve maior incidência de respostas nas categorias: Muito Bom e Excelente, enquanto que nas etapas de execução houve uma distribuição eqüitativa de respostas entre as categorias Bom e Muito Bom. Nas etapas de planejamento os alunos que melhor avaliaram o seu domínio foram os do curso de Ciências da Saúde, enquanto que os do curso de Geografia foram os que apresentaram maior número de respostas na categoria Regular.  Nas etapas de execução os alunos que apresentaram melhor avaliaram seu domínio foram os de Ciências da Saúde, enquanto que os de Sociologia e Agroecossistemas apresentaram mais respostas na categoria Regular. Em relação às etapas da pesquisa em que obtiveram maior facilidade, as de planejamento foram escolhidas pela maioria, exceto os cursos de Ciências da Saúde e Agroecossistema que escolheram igualmente as etapas de planejamento e execução. O motivo mais escolhido como contribuinte para essa facilidade foi a experiência anterior. Já as etapas em que relataram ter maior dificuldade foram as de execução e o fator preponderante para a mesma foi a dificuldade metodológica.  Quanto a sugestões para a melhoria da formação no mestrado as mais indicadas estiveram relacionadas às condições materiais, entre elas, maior disponibilidade do laboratório de informática e maior número de bolsas.

 

CONCLUSÕES:

Na avaliação do domínio das etapas da pesquisa as etapas de planejamento receberam melhor avaliação que as de execução. Os alunos que, em geral, melhor se avaliaram foram os de Ciências da Saúde. As etapas de planejamento também foram também consideradas, por esse grupo de mestrandos, como as mais fáceis de serem trabalhadas.  Quanto às sugestões de melhoria para o curso, as condições materiais foram as citadas pela maioria dos participantes. Os resultados desta pesquisa são relevantes porque mostram, qualitativamente, como está sendo avaliada a realização de pesquisa na pós-graduação pelos próprios mestrandos e quais fatores, na opinião dos mesmos, facilitam ou dificultam o andamento desse processo. Tais resultados devem ser discutidos com as Coordenações dos Mestrados como uma forma de subsidiar decisões que possibilitem melhorias na formação do pesquisador.

Instituição de fomento: PIBIC/CNPq, COPES/UFS
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: etapas da pesquisa; formação em pesquisa; pesquisa na pós-graduação.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006