Os conflitos nas esferas sociais e ambientais vivenciadas pelas sociedades atuais, identificadas por alguns autores como um alerta decretado pela natureza ao descontrole (desgoverno) humano, suscita a invenção de uma nova visão de homem, de escola, de cultura e de mundo. Promover o conhecimento sobre o manguezal como um ecossistema paisagístico e produtivo, é uma inteligente estratégia empreitar comportamentos para o surgimento de uma cultura fundamentada em valores para o bem-estar da pessoa, da sociedade e do meio ambiente. O presente estudo teve como objetivo avaliar a importância do manguezal na paisagem ambiental de Vigia de Nazaré para ser utilizado na difusão do conhecimento científico sobre o ecossistema manguezal no âmbito da educação ambiental.

O estudo foi desenvolvido no Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Ambiental em duas fases. Primeira fase: fundamentação teórica e revisão bibliográfica sobre ecossistema manguezal. Segunda fase: entrevistas e visitas em áreas de manguezal nas margens do Rio Guajará Mirim. As entrevistas e as visitas com pessoas habitantes da sociedade comum e as visitas em áreas de manguezal visaram conhecer melhor a paisagem e serviram de fontes de dados para a análise e interpretação do estudo.

A partir dos dados obtidos constatou-se que os aspectos biológicos, sociais e culturais do manguezal são manifestados de forma reduzida em meio social comum. Neste contexto o manguezal na paisagem ambiental de Vigia de Nazaré é visto como a mata da lama que tem caranguejo e turu. As noções de nomenclatura e sistemática zoológica, tipos de hábitat, hábitos alimentares e reprodutivos de animais, valor nutricional, importância dos manguezais, representantes da fauna e da flora local e linguagem popular não estão de forma adequada presentes no repertorio de conhecimento popular.

Os resultados do estudo mostraram que a difusão do conhecimento científico sobre o manguezal na paisagem ambiental de Vigia de Nazaré como um ecossistema produtivo pode constituir-se numa estratégia relevante para que o habitante (re)elaborar com mais clareza sua forma de representar esse meio ambiente ecossistêmico. Estes resultados também mostraram que a concepção de manguezal definida de sombria, mal cheirosa e assustadora deve contrapor-se a um conhecer livre, dinâmico, espontâneo, prazeroso e lúdico. Enfim, este estudo sugere que um novo olhar pode ser lançado sobre as relações entre as pessoas e o meio ambiente a partir de atividades planejadas e programas em educação formal, não formal e informal.