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C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 4. Farmacologia

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE  ANTINOCICEPTIVA DO EXTRATO DICLOROMETANO DA ESPÉCIE Leonurus sibiricus L.

Rogério Grando  1
Rafael Francisco Rosa da Silva  1
Marcos Magoiti Minami  1
Glyn Mara Figueira  2
Mary Ann Foglio  2
Luciane Cruz Lopes  3
(1. Bolsista de Iniciação Científica, Curso de Farmácia/ UNIMEP; 2. Profa. Dra. do Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas da Unicamp, Bioló; 3. Profa. Dra. da Universidade Metodista de Piracicaba/ UNIMEP)
INTRODUÇÃO:

O Brasil apresenta uma grande diversidade biológica de vegetação e uma complexa herança cultural proveniente de índios, africanos e europeus no uso de plantas para fins terapêuticos. Esses elementos incentivam a pesquisa de plantas medicinais tornando promissor o desenvolvimento da fitofarmacologia. A laminacea Leonurus sibiricus , conhecida vulgarmente como rubim, é originária da Ásia mas bem adaptada ao clima brasileiro, pode ser encontrada em terrenos baldios e nas proximidades de habitações, apresentando, às vezes, pequenas formações periódicas e compactas. O gênero apresenta grande importância em medicina popular onde é usado em processos inflamatórios, febris, como sedativo, em casos de bronquite, coqueluche, afecções do estômago e do intestino, distúrbios gástricos, vômitos, diarréias, gripe, resfriado e reumatismo. Estudos mostram que em sua composição química foram encontrados alcalóides como leorunina, leonuridina, estaquidrina, o polissacarídeo estaquiose, glicosídeos apolares, iridóides, ácido ursólico, saponinas triterpenicas, diterpenos (leosibirina, isoleosibirina, leoribicina) e flavonóides glicosídeos p-coumaril como a apigenina e a luteolina. Este trabalho, envolvendo esta espécie tem como objetivo principal verificar se a atividade antinociceptiva e antiinflamatória se observam através da preparação do extrato diclorometânico.

METODOLOGIA:

A parte aérea da planta fresca foi seca em estufa  a 45°C e logo após, moída em moinho de facas. Posteriormente, a droga vegetal foi macerada com diclorometano, sendo esta extração repetida por três vezes,  com este mesmo solvente. Depois desta, o resíduo foi lavado com etanol 95%, sendo esta lavagem repetida por duas vezes. Os solventes foram eliminados sob vácuo numa temperatura de aproximadamente 40ºC até completa eliminação do diclorometano e do etanol, fornecendo o extrato bruto diclorometânico (EBD) e etanólico (EBE). Os animais utilizados foram camundongos da raça swiss, pesando 18-25g submetidos a ciclo claro escuro 12h. A atividade antinociceptiva foi avaliada por um modelo de dor inespecifico (modelo de contorção abdominal por ácido acético 1,2%, i.p), um modelo que avalia a dor neurogênica e inflamatória (lambedura de pata com formalina subplantar) e um modelo de dor central (placa quente). Para o estudo da  atividade antiinflamatória tópica foi utilizado o modelo de edema de orelha (óleo de cróton 2.5% v/v em acetona).

RESULTADOS:

As contorções foram reduzidas após os tratamentos com EBE(50 e 100 mg/Kg/vo - 42,4±4,7; 45,1±4,7),indometacina (30 mg/Kg/vo - 22,8± 5,0),EBD(100 e 300 mg/kg/vo - 63,60±7,82; 47,60±7,82), dipirona (200mg/Kgl/ip - 18,66 ± 10,3)em relação a salina(0,1 mL/100 peso - 133,4±4,8 ANOVA F(6,20)=41,08 p< 0,0001). Houve diminuição do índice de dor na Fase 2 do modelo de lambedura após tratamento com  EBD(100 e 300mg/Kg/vo- 28,35±5,25; 8,77± 4,12), indo (30mg/Kg/vo - 13,36± 3,64)em relação ao controle(63,33± 3,27ANOVA F(3,25) = 38,80 p< 0,001). No modelo de “Hot plate” os animais (n= 10) foram avaliados nos tempos 15 ,30,60, 90 e 120 min após o tratamento nas doses de EBD 100 mg/Kg (10,57± 0,92 seg)  e 300 (9,20± 0,98 seg)  e os valores encontrados mostraram inefetividade quando comparadas ao controle (8,93± 1,03 seg) e ao grupo tratado com morfina (60mg/kg/ip - 37,75±1,31 seg). Houve redução significativa do edema de orelha após os tratamentos tópicos com EBE 200 µg/orelha (75,76 ±7,4% ), indometacina 100 µg/orelha – (67,04 ±8,6%) e controle (09,04±7,3) e EBD 0,2 e 2,0 mg/orelha –(37,51,0% e 35,4±1,0),dexametasona 40µg/orelha-(11,43 ± 5,7) , ANOVA F(3,22)= 40,29 p<0,0001.

CONCLUSÕES:

Observa-se que os tratamentos com EBD e EBE foram eficazes no modelo de contorção abdominal, porém esta atividade foi maior quando do tratamento com EBD. Nos ensaios de lambedura utilizando formalina, verificou-se que a atividade do EBD foi significativa nas duas fases do modelo, mas apresentou ser mais potente e ter melhor eficácia na fase relacionada à liberação de mediadores inflamatórios (Fase 2). Como o EBD não se mostrou efetivo no modelo de “Hot plate”, isso possivelmente confirma que a atividade antinocipetiva esteja mais relacionada a inibição de mediadores inflamatórios do que a ativação de receptores opióides ou mediadores envolvidos na dor neurogênica. Desta forma, infere-se que possivelmente a atividade antinociceptiva apresentada por estes tipo de extrato, possa estar relacionada a presença de ácido ursólico e iridóides, cuja a atividade sobre a cicloxigenase já foi descrita.

Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Leonurus sibiricus L; Nocicepção; Inflamação.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006