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G. Ciências Humanas - 5. História - 9. História Social
DESFAZENDO O MITO DA DOMINAÇÃO MASCULINA: RELAÇÕES DE GÊNERO NA CIDADE DE FORTALEZA NAS DÉCADAS DE 1920/ 30.
Mário Martins Viana Júnior  1, 2, 3
(1. Departamento de História, Universidade Federal do Ceará/ UFC; 2. Programa de Educação Tutorial/ PET; 3. Secretaria de Ensino Superior/ SESu)
INTRODUÇÃO:
Nosso trabalho tem como objetivo central analisar as relações de gênero na cidade de Fortaleza nas décadas de 1920/ 30. Focando nos crimes cometidos por mulheres, observamos a violência como uma das práticas de resolução de problemas cotidianos (relacionando-a com várias outras) e, diante da percepção de uma lacuna historiográfica mais complexa desse tipo de estudo, verificamos ainda como se davam as disparidades nas construções dos papéis socioculturais masculinos e femininos no plano ideológico e prático. Dessa forma acreditamos estar contribuindo também para uma visão mais complexa das relações de gênero na atualidade, ao propiciar um estudo crítico que desfaça preconceitos enrijecidos e que alicerce novas formas de relações sociais, percebendo que essas são engendradas por homens e mulheres sendo passíveis de historicização.
METODOLOGIA:
Nossa pesquisa foi pautada por uma perspectiva teórica de História Social do cotidiano, sendo de suma importância a categoria de Gênero, engendrada na década de 1970, com todo o seu caráter relacional (tanto dos gêneros entre si, como com outras categorias: violência, relações de classe, entre outras). O material selecionado possui aspecto variado. Além de vasta documentação criminal, como os processos-crime, livro do rol dos culpados, livro de queixas, livro de identificações criminais, utilizamos também revistas de época, jornais e guias turísticos, no sentido de cruzar informações e estabelecer uma história comparativa
RESULTADOS:
O estudo, nos termos acima colocados, possibilitou um entendimento acerca das práticas de violência entre homens e mulheres no perímetro urbano do período em questão, além de viabilizar um maior conhecimento sobre as relações entre os múltiplos sujeitos e espaços da cidade. Verificamos também como se deu a construção de variados discursos sobre os comportamentos de homens e mulheres (plano ideológico), bem como as suas limitações, modificações e/ ou apropriações/ reapropriações (plano prático) pelos sujeitos que se envolviam nos processos criminais ou aqueles que escreviam nos periódicos, por exemplo.
CONCLUSÕES:
A partir da percepção de que as relações de gênero implicam também relações de poderes múltiplas, e do cruzamento e análise das fontes, refutamos uma vertente historiográfica que afirmara ser a dominação masculina de caráter hegemônico, isto é, aquela em que se coloca o engessamento dos papéis sociais atribuídos a ambos os sexos, a saber: a dominação masculina sobre a feminina. Antes disso, o que encontramos foi a inversão desses papéis em diversas situações. Longe dos perfis femininos em voga (boa mãe, boa esposa, mulher reclusa), várias eram as mulheres que cometiam crimes e colocavam em dúvida a dominação masculina. Todavia, nosso intuito não é assumir o pólo oposto da questão: provar que as mulheres dominavam os homens na Fortaleza dos anos de 1920/ 30. O que buscamos é atentar para os diversos tipos de relações que existiam entre ambos e para suas variáveis.
 
Palavras-chave: gênero ; violência; cidade.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006