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F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Economia - 8. Economias Agrária e dos Recursos Naturais

VALORAÇÃO AMBIENTAL: UMA ESTIMATIVA DO VALOR ECONÔMICO DAS PRAIAS DE PALMAS/TO

Marcelo de Brito Valadares 1
Marcus Vinícius Alves Finco 1
(1. Universidade Federal do Tocantins)
INTRODUÇÃO:
Os recursos naturais e ambientais geram diversos bens e serviços que são refletidos no bem-estar geral dos indivíduos. Alguns desses benefícios podem ser valorados com certa facilidade, outros como recreação e turismo, por não possuírem preços de mercado, são extremamente difíceis de serem mensurados monetariamente. A dificuldade encontrada em valorar monetariamente alguns benefícios advém do fato dos recursos naturais serem considerados bens públicos, de livre acesso e de direitos de propriedade não definidos. Uma das soluções utilizadas para suprir essa dificuldade é a implantação de métodos de valoração ambiental, os quais captam e atribuem valores para os bens e serviços gerados pelo meio ambiente. A presente pesquisa tem como objetivo aplicar um método de valoração ambiental nas praias da cidade de Palmas/TO, como forma de captar e atribuir valores aos bens e serviços gerados pelas mesmas. Nesse sentido, o estudo visa estimar os benefícios do turismo na Praia da Graciosa e na Praia do Prata, através da aplicação do método de valoração contingente, o qual capta o valor de uso das mesmas, assim como identificar o perfil dos usuários de cada praia. Tal conhecimento, além de contribuir para o planejamento de atividades turísticas, serve também para estimar os benefícios ou malefícios derivados da utilização do meio ambiente, fornecendo aos órgãos competentes instrumentos que sirvam como subsídio para a implantação de políticas de conservação dos recursos naturais.
METODOLOGIA:
Inicialmente foi realizada uma revisão de literatura sobre economia do meio ambiente e de estudos e pesquisas relacionadas ao tema, a fim de permitir uma melhor compreensão do objeto de estudo. Logo após tal revisão, foram formulados questionários específicos a fim de coletar dados socioeconômicos dos turistas, e opiniões pessoais dos mesmos sobre os bens e serviços providos pelas praias, bem como da disposição a pagar pela conservação ambiental. Os questionários foram testados durante duas semanas (agosto de 2005), e aplicados, efetivamente, nos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro de 2005. Numa segunda etapa, após a coleta dos dados, os mesmos foram elaborados e organizados, para que fossem analisados e dessem início ao processo de especificação das variáveis e do modelo respectivo ao método de valoração contingente. E, para finalizar, numa terceira etapa, foi determinada uma função de disposição a pagar e, conseqüentemente, regressões lineares múltiplas nas formas funcionais linear, semi-log na variável dependente, semi-log nas variáveis independentes e log-log, a fim de avaliar o grau de participação das variáveis independentes na formação do valor econômico da Praia da Graciosa e da Praia do Prata.
RESULTADOS:
Com base nas informações coletadas através da aplicação dos questionários específicos, constatou-se que o perfil dos usuários das duas praias de Palmas são semelhantes. Na praia da Prata, 26% dos usuários apresentam renda per capita na faixa entre R$500,00 a R$999,99. Já na Graciosa 25% dos usuários também encontram-se nessa faixa de renda. A idade média dos usuários da Prata é de 32 anos e 37% da amostra encontram-se na faixa que vai de 20 a 29 anos. Assim como na praia da Prata, a média de idade da praia da Graciosa é de 33 anos e 41% dos usuários estava nessa mesma faixa etária. Há forte predominância masculina correspondendo por 55% dos usuários na Prata e 58% na Graciosa. Ao menos 80% dos entrevistados possuem no mínimo o 2º grau completo na Prata e enquanto 86% dos usuários possuem ao menos o 2º grau na Graciosa. As sugestões para a melhoria da qualidade das Praias, apontadas pelos entrevistados, apontam para limpeza da praia e melhoria da qualidade da água. Através da aplicação da metodologia de valoração contingente, o valor de uso agregado encontrado para as praia foi de R$ 108.784,17 para a Praia Graciosa e de R$ 256.200,00 para a Praia do Prata por mês. Tais valores são menores, se comparados com outras regiões litorâneas do País, como os valores encontrados para o litoral gaúcho e cearense, que estão na ordem de R$ 700.000,00 e 950.000,00 por mês, no agregado, respectivamente.
CONCLUSÕES:
Sabendo-se que o valor econômico total de um recurso natural é composto pelo valor de uso, valor de opção e pelo valor de não-uso, os benefícios gerados pelas Praias da Graciosa e do Prata não podem ser estimados na sua totalidade pelo presente estudo, visto que só o valor de uso foi captado. Porém, é importante que trabalhos dessa natureza sejam desenvolvidos, a fim de estimar o valor econômico dos recursos naturais e, com isso, contribuir com informações que permitam a formulação de políticas voltadas para atingir a sustentabilidade na utilização dos mesmos. Como esse trabalho foi executado com dados coletados no segundo semestre de 2005 (setembro a dezembro), a equação de disposição a pagar não pode ser projetada para outros períodos do ano, sobretudo, para a alta temporada (meses de junho e julho), visto que estas estimativas podem ser subestimadas. Com isso, sugere-se que estudos sejam feitos durante diferentes períodos do ano a fim de obter conhecimento sobre a demanda em cada período, bem como estimar o valor econômico total para o recurso natural em questão. Espera-se, com o a realização da pesquisa, que haja a formulação de políticas públicas de conservação dos bens e serviços ambientais gerados pelas praias, a fim de estimular uma fonte de renda para a cidade de Palmas, como o turismo.
Instituição de fomento: Universidade Federal do Tocantins/UFT Programa PIBIC
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Valoração Ambiental; Disposição a Pagar; Praias de Palmas/TO.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006