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G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 7. Sociologia
DESCARACTERIZAÇÕES CULTURAIS EM ALCÂNTARA - MA E PERCEPÇÕES DE SUA HISTÓRIA E ARQUITETURA
Sandro Morett Furtado de Oliveira 1
Cláudio Eduardo de Castro 1
Milina dos Santos Freire 1
Leandro dos Santos 1
(1. Universidade Federal do Maranhão/UFMA)
INTRODUÇÃO:

As produções referentes à história de Alcântara - MA diz respeito principalmente ao processo de implantação e construções coloniais que aconteceram especificadamente na área que é conhecida como Centro de Alcântara. Relatos marcantes (e não menos importantes) que aconteceram nas regiões circunvizinhas ao centro não são comentadas em obras e, quando comentadas, são abordadas de modo muito reduzido, insignificante para uma perfeita compreensão das verdadeiras percepções que sustentam a historicidade arquitetônica, cultural e sócio-econômica da cidade. Existem, ainda hoje, comunidades quilombolas e agrovilas remanescentes há mais de trezentos anos que mantêm vivos costumes e tradições de gerações passadas (embora algumas já tenham sofrido modificações devido à intensificação da modernização), que não são reveladas nem ao público interno e nem ao externo - telespectadores, turistas e até mesmo alguns moradores - uma vez que, os mapas e guias turísticos só mostram o centro e os restaurantes, com finalidade de consumismo para ganharem suas porcentagens, causando uma impressão totalmente distinta da realidade, sem dar o mínimo valor àqueles que realmente constituíram a história de Alcântara.

METODOLOGIA:

Para a realização da pesquisa científica foram executadas as seguintes etapas: pesquisas bibliográficas, cartográficas, entrevistas, observações < in loco >. Para a identificação e confirmação das problemáticas citadas foram utilizados os seguintes instrumentos: livros referentes à história, arquitetura e cultura alcantarense; mapas, para localizar as áreas das comunidades remanescentes e as principais obras arquitetônicas;  máquina fotográfica para registrar as marcas arquitetônicas de características coloniais; gravador de voz e questionário, utilizados nas entrevistas com as comunidades quilombolas e agrovilas; transporte marítimo (barco e lancha) e terrestre (motocicleta) para o deslocamento até a região observada.

RESULTADOS:

Pode-se observar a falta de interesse, desde os guias turísticos até o governo do Estado, tanto em exibir o fator determinante precursor das formações históricas quanto fornecer um mínimo de benefício para essas comunidades, visto que, estas reclamam da falta de estrutura, oportunidades e condições de vida de um modo geral (saneamento, escolas, hospitais, emprego). As comunidades, que antes da implantação do Centro de Lançamento de Alcântara - CLA, encontravam-se na zona costeira e tinham opções de subsistência como pesca, criações e agricultura, foram remanejados para regiões distantes da praia (aproximadamente 15 km do centro), diminuindo ainda mais as condições de subsistência e de reprodução cultural. Atualmente, as agrovilas (ao todo sete) mantêm-se basicamente da agricultura e das bolsas - escola e família - distribuídas pelo governo federal. Já as comunidades quilombolas conseguem viver da agricultura e alguns artesanatos, mais precisamente a argila, além de receber bolsas, inclusive bolsa quilombola. Porém, estes “apoios” não equilibram a precariedade das condições de vida e só influenciam para aumentar as descaracterizações culturais, pois as comunidades se acomodam com o que ganham e deixam de continuar seguindo seus costumes. E o problema agrava ainda mais com a falta de intervenção do governo do Maranhão no sentido de realizar projetos para revitalizar e divulgar a original história e cultura alcantarense, que hoje é camuflada em decorrência da crescente economia turística e a busca incessante pelo capital, podendo então evitar o processo de descaracterização histórica e cultural alcantarense.

CONCLUSÕES:

Enquanto os órgãos institucionais, municipais e governamentais não se conscientizarem do gradual processo de descaracterização ocorrente no município de Alcântara - MA, esse procedimento gradativo de desaparecimento histórico e cultural pode acelerar, ocasionando às gerações futuras o descaso total de informações que condizem historicamente e culturalmente ao município. Esses processos são praticamente imperceptíveis, pois o Governo, através de propagandas, mostra somente os percentuais de desenvolvimento turístico e econômico, ocultando/camuflando a realidade. Portanto, cabe às instituições interessadas, promover projetos e programas de conscientização e resgate histórico-cultural (englobando o arquitetônico), a fim de evitar esse descaso que, por enquanto, é parcial mas pode tornar-se definitivo.

 
Palavras-chave: cultura alcantarense; turismo cultural; percepção social.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006