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D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 2. Analise Toxicológica

TOLUENO INALTERADO EM URINA: UM NOVO BIOMARCADOR DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO TOLUENO

Diego Coutinho Netto 1
Rafael Moreira Reis 1
Camila Bitencourt Mendes 1
Maria Elisa Pereira Bastos de Siqueira 1
(1. Universidade Federal de Alfenas / UNIFAL-MG)
INTRODUÇÃO:
O tolueno é solvente largamente utilizado em produtos diversos e a exposição de trabalhadores aos seus vapores pode ocasionar o aparecimento de vários efeitos nocivos. Para prevenir a intoxicação dos expostos, a monitorização biológica é a atividade preconizada na legislação nacional, sendo indicada a análise do ácido hipúrico em urina, metabólito não específico do tolueno. O ácido hipúrico é substância normalmente encontrada na urina de não-expostos, sendo proveniente do ácido benzóico originado principalmente do seu uso como conservante em alimentos e também do metabolismo de aminoácidos. Existe interesse de se estudar outro parâmetro que seja mais específico, sem perda de sensibilidade e correlação linear com a concentração de tolueno no ambiente. Assim, este trabalho objetiva desenvolver e validar um método adequado para analisar tolueno inalterado em urina, novo bioindicador específico desta exposição, e avaliar sua aplicação em amostras de trabalhadores expostos a solventes em funilarias.
METODOLOGIA:
A técnica de extração do tolueno de urina foi a de headspace acoplada à microextração em fase sólida (HS-SPME), tendo-se testado 2 tipos de fibra: a de polidimetilsiloxano (PDMS) e a de carboxeno-PDMS (CBX-PDMS), Supelco®, sendo a identificação realizada por cromatografia gasosa com detecção por ionização de chama (CG/DIC) – CG1000®. Dez trabalhadores de funilarias que manipulam produtos contendo solventes orgânicos, entre eles o tolueno, foram avaliados. As amostras foram coletadas no final da semana de trabalho em frascos de vidros, lacrados e resfriados para transporte até o laboratório, sendo as análises realizadas até 3 h após a coleta. A otimização das condições de extração foi feita considerando-se as principais variáveis da técnica: temperatura e tempo de aquecimento, tempo de exposição da fibra, volume de amostra, uso de sal e temperatura e tempo de dessorção no CG.
RESULTADOS:
No CG/DIC estabeleceu-se uso do etilbenzeno como padrão interno, coluna ZB 1- 100% de PDMS, de 30 m X 0,53 mm X 1,0 µm, com vazão de N2 de 3,0 mL/min e rampa de temperatura – 40ºC/5 min, subindo 8ºC/min até 150ºC onde permanece por 1 min, aumentando 40ºC/min até 250 onde permanece por 10 min. A temperatura e tempo de dessorção dos analitos no injetor do CG foram 270C, por 10 min (PDMS) e por 15 min (CBX-PDMS). As condições estabelecidas para a extração do tolueno foram feitas para cada tipo de fibra em 8 mL de urina saturada com 3 g de NaCl. Os parâmetros de validação para cada método foram: a) para a de PDMS - curva analítica entre 0,1 a 3,0 mg L-1 (r = 0,9971), precisão intra-ensaio com CV´s entre 7,02 e 11,95 %, limites de detecção e de quantificação respectivamente de 0,05 mg L-1 e 0,1 mg L-1; b) para a de CBX-PDMS - linearidade entre 0,012 a 0,20 mg L-1 (r = 0,9997), precisão intra-ensaio com CV´s entre 3,93 e 4,92 %, limites de detecção e de quantificação respectivamente de 0,005 mg L-1 e 0,012 mg L-1 . Quando ambas as técnicas foram aplicadas às amostras dos trabalhadores expostos, a que usa a fibra de PDMS mostrou resultado mensurável apenas para uma amostra enquanto a de CBX-PDMS foi capaz de quantificar o analito em todas elas, com valores entre 0,009 e 0,014 mg L-1.
CONCLUSÕES:
O método desenvolvido e validado de HS-SPME usando a fibra de carboxeno-polidimetilsiloxano apresentou menores valores de limites de detecção e de quantificação, o que permitiu seu uso com sucesso em análises de tolueno em urina de trabalhadores de funilarias expostos a este solvente. A fibra de PDMS mostrou menor sensibilidade e maior variabilidade; entretanto, poderia também ser utilizada em situações de exposição mais elevada ao solvente, ou seja, próximos dos limites máximos permitidos no País, de 78 ppm na atmosfera de ambientes de trabalho.
Instituição de fomento: Fundação de Apoio à Pesquisa de Minas Gerais - Fapemig
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Tolueno; HS-SPME; biomonitorização.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006