IMPRIMIR VOLTAR
D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional

ÓRTESE E PRÓTESE NA GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA: IMPORTANTE COADJUVANTE À TERAPIA DE REABILITAÇÃO.

Ulla Vestergaard Lisbôa 1
Mara Ines Baptistella Ferão 2
(1. Faculdade Estacio de Sa Sante Catarina; 2. Universidade do Sul do Estado)
INTRODUÇÃO:

Data dos tempos da antiguidade a utilização de dispositivos de auxílio empregados na substituição de um membro perdido, ou sustentação, correção de um membro que não se encontra no pleno exercício de suas funções, (CARVALHO, 2003). O decorrer do último século permitiu o desenvolvimento de componentes de alta tecnologia, mais leves, cosméticos, duráveis e coloridos proporcionando melhor aceitação pelo paciente e facilitando a utilização pela praticidade. Na clínica observou-se a necessidade do aprofundamento científico e do conhecimento sobre indicação das órteses e próteses, colocação das mesmas, higienização e adaptação da vida diária com esta nova realidade. O estudo do ambiente de trabalho da Fisioterapia tornou-se propício analisado do ponto de vista de orientação e acompanhamento da clientela que necessitaria do uso destes dispositivos, para contribuir com sua independência, ajustes de marcha e demais dificuldades advindas deste processo.

No entanto a insegurança que os profissionais fisioterapeutas têm encontrado na indicação adequada e correta prescrição destes auxiliares de uso temporário ou definitivo, motivou a pesquisa com o objetivo de detectar se, a disciplina de Órteses e Próteses fez parte do currículo na formação profissional, que profissional ministrou a disciplina, qual a carga horária, se houve aulas práticas e após a graduação se há dificuldade na indicação e acompanhamento dos usuários destes dispositivos.

METODOLOGIA:

Foram pesquisados 59 profissionais graduados em Fisioterapia e como critério de inclusão na pesquisa os fisioterapeutas deveriam atuar na grande Florianópolis. Foi utilizado um questionário elaborado com instruções específicas acrescido de uma carta pessoal com pedido inciso de obter respostas FACHIN (2003) aplicado sem a presença do pesquisador. Também foi utilizada a grade curricular das Universidades de Santa Catarina que oferecem curso de graduação em Fisioterapia através de pesquisa na internet, para investigar a presença ou não da disciplina de Órtese e Prótese e seus créditos.  Os dados foram armazenados no microcomputador e tabulados para posterior levantamento estatístico. 

RESULTADOS:

Conforme as informações coletadas através do questionário, entre os entrevistados a disciplina de Órtese e Prótese foi ministrada por fisioterapeutas para 31 profissionais (52,55%) e por médico para 11 profissionais (18,65%) sendo que 8 profissionais (13,55%) não cursaram a disciplina. Como o total dos entrevistados foi de 58 profissionais, 9 dos mesmos (15,25%) cursaram a disciplina de Órtese e Prótese com docente médico e fisioterapeuta. Avaliando as aulas práticas ministradas nesta disciplina, constatou-se que 18% dos profissionais que cursaram a disciplina com o profissional docente médico tiveram aulas práticas, 58% dos que cursaram a disciplina com profissional fisioterapeuta tiveram aulas práticas e 22% dos que cursaram a disciplina que tinham como docente fisioterapeuta e médico tiveram aula prática, mas prevalece o índice de alunos que não tiveram aulas práticas. Houve relatos de aulas práticas entre os próprios colegas, outros na disciplina de Ortopedia e Traumatologia, porém sem a inclusão de órtese e prótese na referida disciplina. Quando a disciplina de Órtese e Prótese é ministrada por fisioterapeuta, observa-se que o percentual de segurança nas prescrições é de 22,5 % enquanto que ministrada por outro profissional, ou em conjunto com outro profissional esta porcentagem não chega a 15%. A insegurança na prescrição de órteses e próteses após a graduação registrou um índice total de 83% na contagem geral dos entrevistados.

CONCLUSÕES:

De acordo com os dados obtidos no presente trabalho, a insegurança na prescrição de órteses e próteses é uma constante entre os profissionais graduados em Fisioterapia que atuam na grande Florianópolis independente do tempo de graduação, de ter cursado ou não a disciplina ou atuar na área. Evidenciou-se que a grande dificuldade ocorre quanto à indicação adequada mesmo entre os que dizem ter segurança nas prescrições. O questionário aplicado demonstrou a dificuldade na correlação adequada da prescrição órtese e prótese e a atuação em Ortopedia e Traumatologia. Sugere-se a obrigatoriedade do profissional fisioterapeuta na docência da disciplina de Órteses e Próteses junto aos cursos de graduação em Fisioterapia por entender que este profissional detém conhecimento científico na identificação do dispositivo adequado à necessidade de seu paciente.

Sugere-se a inclusão na grade curricular de aulas práticas com pacientes para desenvolver a habilidade prática do acadêmico observando-se a real dificuldade e a indicação mais adequada dos componentes protéticos a serem sugeridas nos diferentes níveis de amputação, bem como a correta indicação das órteses atendendo a função desejada em cada patologia.

Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: fisioterapia; órtese; prótese.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006