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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 7. Psicologia do Ensino e da Aprendizagem

A EXPERIÊNCIA EM PESQUISA NA GRADUAÇÃO SEGUNDO ALUNOS DE OITO CURSOS DE MESTRADO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

 

 

RitaTatiana Amiel Castro 1
Ana Paula Azevedo Lima 1
Ana Almeida Costa 1
Maria Benedita Lima Pardo 1
(1. Departamento de Psicologia, Universidade Federal de Sergipe/UFS)
INTRODUÇÃO:

A formação em pesquisa na graduação é de extrema importância porque permite que o aluno tenha acesso à postura do cientista como parte da rotina de sua formação profissional (Simão, 1996), além de lhe fornecer acesso aos procedimentos que viabilizam a busca e a construção de novos conhecimentos, e não sua mera reprodução. Vários autores defendem que esse período de formação seja sistematicamente estudado, visando clarificar suas contribuições para a subseqüente formação do pesquisador nos cursos de pós-graduação. Essa pesquisa teve por objetivos analisar, a partir de depoimentos de alunos de todos os cursos de Mestrado da Universidade Federal de Sergipe, as características de sua formação em pesquisa na graduação, sua contribuição para o curso de mestrado e as sugestões que teriam para melhorar a formação em pesquisa nesse nível. Buscou-se também comparar os resultados obtidos com alunos dos diferentes cursos.

METODOLOGIA:

Participaram desta pesquisa 79 alunos ingressos no ano de 2003 dos seguintes cursos de Mestrado da Universidade Federal de Sergipe: Química, Física, Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente (Nesa), Agroecossistemas, Ciências da Saúde, Educação e Sociologia, perfazendo 83% do total de alunos ingressos naquele ano. Para coleta dos dados foi utilizado um questionário contendo questões abertas e fechadas que constava das seguintes partes: caracterização dos participantes; análise da formação em pesquisa na graduação e análise da formação em pesquisa na pós-graduação. Primeiramente, entregou-se o projeto desta pesquisa aos coordenadores dos cursos, sendo solicitada a sua anuência para aplicação do questionário com os alunos. Obtida essa permissão, foram explicados os objetivos da pesquisa para os alunos e os que concordaram em participar receberam o questionário combinando sua devolução dentro do prazo de uma semana. Garantiu-se o sigilo quanto à identidade do participante e a sua opção de abandonar a pesquisa no momento em que considerasse conveniente. As respostas foram analisadas da seguinte forma: para as questões fechadas foram tabuladas as freqüências das alternativas assinaladas; para as questões abertas as respostas foram submetidas à análise de conteúdo (Bardin, 1977) de acordo com os temas das questões e agrupadas em categorias por similaridade. A seguir contaram-se as freqüências dentro de cada categoria.

RESULTADOS:

As médias de idade dos mestrandos da maioria dos cursos foram superiores a 30 anos, sendo exceções os cursos de Sociologia e Física (ambos com 29). Em relação ao sexo, os resultados obtidos, à exceção dos cursos de Química, Física e Sociologia, mostraram que a maioria era do sexo feminino. Observou-se que em quatro dos cursos (Física, Educação, Desenvolvimento e Meio Ambiente, Agroecossistemas) a maioria (72%) dos mestrandos respondeu não ter tido bolsa de estudos na graduação. De maneira geral, com exceção do curso de Educação, os alunos de todos os cursos de mestrado afirmaram ter percebido a contribuição na pós-graduação de sua experiência em pesquisa na graduação. Quanto ao tipo de contribuição, os alunos de todos os cursos disseram ter tido maior facilidade em relação ao desenvolvimento das etapas metodológicas da pesquisa. Além dessa categoria citaram a “contribuição profissional” e “aspectos pessoais”. Já a categoria menos citada referiu-se à “continuidade entre graduação e pós-graduação”. Em relação aos mestrandos que responderam não ter tido tal contribuição, afirmaram que isso ocorreu, devido a fatores institucionais e à descontinuidade entre a temática da pesquisa abordada na graduação e na pós-graduação. Em relação às sugestões indicadas pelos alunos para melhoria da formação em pesquisa na graduação, as categorias mais citadas foram “mudanças no curso” (institucionalização da pesquisa) e o “processo ensino-aprendizagem” (mais incentivos dos professores).

CONCLUSÕES:

Esta pesquisa buscou caracterizar as atividades relacionadas com a formação do pesquisador na graduação e ao lado de outras, tais como, as desenvolvidas por Velloso e colaboradores (2001, 2002,2003) fornecer informações sistematizadas que possam vir a subsidiar iniciativas relacionadas à melhoria dessa formação. Os resultados obtidos mostram a importância de se analisar a formação do pesquisador desde o seu início. Os mestrandos que tiveram experiência em pesquisa na graduação relataram que a principal contribuição da mesma foi a maior facilidade em trabalhar com as etapas de realização da pesquisa no decorrer do Mestrado. Por outro lado indicaram como sugestões para melhorar a formação em pesquisa na graduação a necessidade de fortalecer a institucionalização da pesquisa (mudanças no curso), a maior divulgação e incentivo quanto à pesquisa por parte de professores, além do aumento do número de bolsas de Iniciação Científica. A sistematização destes resultados e sua divulgação perante as Coordenações dos cursos de graduação e de pós-graduação podem gerar iniciativas visando a melhoria do processo de formação do pesquisador.

Instituição de fomento: PIBIC/CNPq e COPES/CNPq/UFS
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: formação em pesquisa; pesquisa na graduação ; mestrado.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006