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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 11. Psicologia Social

O QUE A POPULAÇÃO PENSA ACERCA DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA?

UM ESTUDO EM REPRESENTAÇÃO SOCIAL

Patrícia Nunes da Fonsêca 1
Jakson Luis Galdino Dourado 1
Pablo Vicente M. O. Queiroz 1
Karoline Duarte Ferreira 1
Emília Suitberta de Oliveira Trigueiro 1
Pollyane Kahelen da Costa Diniz 1
(1. Universidade Federal da Paraíba/UFPB)
INTRODUÇÃO:
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a violência doméstica representa um problema de saúde pública de graves dimensões, amplamente disseminado em todos os países do globo. São quatro as formas mais comuns de violência entre os membros de uma família: a violência física, quando alguém causa ou tenta causar dano a outrem por meio da força física; a psicológica, que inclui qualquer ação ou omissão que cause dano à auto-estima, à identidade ou ao desenvolvimento de um indivíduo; a negligência, caracterizada por ação ou omissão do agente em relação à vítima; e sexual, quanto o agente, com abuso de poder, leva outra pessoa a praticar ou deixar que com ela se pratique atos sexuais (Day e cols, 2003). Frente a essa realidade, o presente estudo teve como objetivo conhecer as representações sociais da população da cidade de João Pessoa acerca da violência doméstica e de suas formas de expressão.
METODOLOGIA:
Participaram deste estudo 88 voluntários da cidade de João Pessoa/PB, com a idade variando entre 20 a 40 anos (M = 25; DP = 6,43) e 76,1% solteiros. 55,7% dos participantes eram mulheres e 44,3% pertenciam à classe média. Para coleta de dados, foi utilizada uma entrevista semi-estruturada, compreendendo questões norteadoras acerca do tema em estudo, e uma lista de itens referentes aos dados sócio-demográficos. As entrevistas foram aplicadas individualmente e o conteúdo apreendido foi analisado segundo a técnica de análise de conteúdo. Na realização da presente pesquisa, foram adotados todos os procedimentos éticos necessários.
RESULTADOS:

Os dados revelaram que, com relação à representação social dos participantes acerca das causas da violência doméstica, as evocações se ancoraram na idéia de que a violência é advinda dos problemas inerentes ao indivíduo (58,6%); do contexto sócio-econômico (21%), do contexto familiar (18,4%) e do contexto religioso (2%). Quanto às formas de expressão da violência, os resultados mostraram que os participantes apresentaram uma freqüência mais elevada na subcategoria física, com 58,1%, seguida da forma verbal, com 23%, e da forma psicológica, com 18,9%. No que diz respeito às conseqüências da violência doméstica, verificou-se que os problemas psicológicos (52,8%) foram os mais evidenciados pelos participantes, seguidos dos problemas sociais (26,6%), dos físicos (18,9%) e dos de ordem jurídica (3,7%).

CONCLUSÕES:
Os programas governamentais de combate à violência doméstica têm buscado penalizar os autores e, ainda de modo bastante deficiente, amparar as vítimas. Este estudo revela, entretanto, que os transtornos comportamentais são a principal causa da violência doméstica, demonstrando a necessidade de adoção de programas voltados ao tratamento psicológico dos agressores.
 
Palavras-chave: violência; representação social; agressão.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006