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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial

PROJETO DE ENSINO PARA A EDUCAÇÃO ESPECIAL, BASEADO NOS QUATRO PILARES DA EDUCAÇÃO E NA ECOPEDAGOGIA

Roberto Cordeiro Waltz 1
Ana Cláudia Corrá Pereira 2
Flávia Machado Borges 2
(1. Professor da Faculdade de Educação Thereza Porto Marques (FAETEC); 2. Pedagogas, graduadas pela Faculdade de Educação Thereza Porto Marques (FAETEC))
INTRODUÇÃO:

Para a escola é um desafio construir um projeto pedagógico, pois ele deverá conter alguns itens como a competência esperada do educador e a sua atuação na escola, onde a escola é o lugar central da construção da cidadania. E é a partir daí que o professor sempre tem que estar atualizado, pois o processo coletivo deve sempre beneficiar o aluno e também o professor.

Para dar resposta ao conjunto das suas missões, a educação deve organizar-se à volta de quatro aprendizagens fundamentais, que ao longo de toda a vida, serão de algum modo para cada indivíduo, os pilares do conhecimento: aprender a conhecer, isto é, adquirir conhecimentos da compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas; e aprender a ser, via essencial que se integra aos três precedentes.

É claro que estas quatro vias do saber constituem apenas uma, dado que existem entre elas múltiplos pontos de contato, de relacionamento e de permuta.

Uma nova concepção alargada de educação devia fazer com que todos pudessem descobrir, reanimar e fortalecer o seu potencial criativo, revelar o tesouro escondido em cada um de nós. Isto supõe que se ultrapasse a visão puramente instrumental da educação considerada como via obrigatória para obter certos resultados, e se passe a considerá-la em toda a sua plenitude: realização da pessoa que, na sua totalidade, aprenda a ser.

METODOLOGIA:

A pesquisa descreve um projeto experimental que contemplou estudantes de séries iniciais do ensino fundamental, portadores de necessidades educativas especiais. As atividades desenvolvidas, ligadas a uma cozinha experimental, objetivaram possibilitar benefícios aos educandos, como a melhoria da qualidade de vida, colaborando para sua integração social e possível independência física.

Os objetivos específicos do projeto foram: Levar os usuários a utilizarem suas capacidades físicas e mentais; Desenvolver atividades relacionadas à utilização de equipamentos de cozinha; Favorecer o conhecimento básico de nutrição; Promover o contato dos interesses com a natureza e com o mundo que o rodeia; Desenvolver habilidades físicas; Oferecer informações sobre produtos que possam ser desenvolvidos na horta; Incentivar a pesquisa de mercados e feiras livres sobre produtos, bem como visitas a pequenos produtores; e, oportunizar os conhecimentos necessários, bem como instrumentalizar adequadamente os equipamentos para a efetivação do plantio, manutenção, colheita e destino da produção.

As atividades iniciais do projeto Horta foram iniciadas com: Orientação aos interessados sobre o espaço que iriam dispor; Visitas às feiras e produtores; Cursos sobre higiene e saúde ligados à nutrição; Preparação da terra para plantio; Escolha do produto e plantio propriamente dito; Acompanhamento e manutenção da produção; e, distribuição do lucro, conforme o caso, e estabelecimento dos recursos a serem novamente aplicados.

RESULTADOS:

O projeto da Cozinha Experimental surgiu da necessidade de dar continuidade ao trabalho pedagógico, no qual os alunos, de acordo com suas potencialidades, desenvolveram trabalhos ligados às atividades culinárias.

Essas atividades partiram da confecção de lanches simples que não exigiram inicialmente adaptações na cozinha existente.

A partir dos resultados positivos obtidos, iniciou-se a ampliação dessas atividades, sendo hoje necessária uma sistematização, bem como a ampliação das mesmas.

Essas atividades se apresentam como possibilidades de transpor alguns obstáculos característicos dos usuários que seriam: Dificuldades marcadas pelas deficiências; Dependência física dos outros; Impossibilidade de ocupar um lugar no mercado de trabalho; e, dificuldade de utilização de sua potencialidade.

Pode-se destacar que, a partir dessa experiência foi possível: Resgatar a auto-estima de cada participante; Abrir possibilidade da elaboração de um produto novo no seu contexto familiar; Possibilitar a independência pessoal e financeira bem como o contato social; e, utilizar potencialidades físicas e mentais, preservadas em cada um, apesar das seqüelas.

O projeto de horta como oficina protegida, surgiu de uma experiência explorada há algum tempo junto aos usuários do setor pedagógico. Teve início com interesse demonstrado por alguns deles, em trabalhar com a terra e produzindo algo que estivesse ligado à própria história de vida.

Utilizando o espaço físico, iniciou-se com pequenos canteiros e hoje há uma área preparada e adequada às dificuldades físicas dos usuários.

CONCLUSÕES:

Não é demais ressaltar que as crianças aprendem melhor pela atividade voltada ao objetivo quando exercem um papel ativo e participante em sua aprendizagem. E para que essa aprendizagem posterior tenha sucesso, as habilidades básicas precisam ser reforçadas, tanto no que se refere a uma base de instituição direta como também no que se refere à parte de um programa de linguagem mais abrangente e inclusivo.

As crianças precisam de oportunidade para refletir sobre sua compreensão emergente da prosa, do drama, das artes, da culinária, da agricultura. Sua expressão escrita e artística deve dar-lhes a oportunidade de comunicar e organizar suas idéias e experiências pessoais de um mundo que reflita sua crescente compreensão sobre ele.

A criança precisa de uma visão funcional e ecologicamente sensível do mundo, e o que pode apoiar o desdobramento desse processo e prepará-las para uma exploração mais substancial e crítica do desafio ecológico.

A jardinagem na escola está relacionada à sobrevivência mental e emocional, bem como física. A horta é uma participação ativa nos mais profundos mistérios do universo. Ao cuidar de um jardim, elas aprendem que constituem, juntamente com todas as coisas que crescem, uma única comunicação de vida.

Diante disso, além de darmos oportunidades para essas crianças venderem os seus produtos, é desenvolvida a conscientização ecológica que se apóia, sem dúvida, nos quatros pilares da educação como formação do indivíduo.

Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Ecopedagogia; Quatro pilares da educação; Projeto experimental de ensino.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006