IMPRIMIR VOLTAR
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 14. Ensino Superior

A REALIDADE DISTANTE NA PRÁTICA DE CIÊNCIAS

Mônica Irani de Gouvêia Belinelo 1, 2
Renata Aparecida Ferreira 4
Valeria Hollunder Klippel 4
Maria Julia Alledi de Campos 3
Lenir Cardoso Porfírio 4
Valdenir José Belinelo 4, 5
(1. Universidade Vale do Rio Verde, UninCor, Três Corações, MG; 2. Faculdade de Minas - FAMINAS, Muriaé, MG; 3. Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Aristeu Aguiar, Alegre, ES; 4. Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo, CCA-UFES; 5. Rede Pitágoras, Belo Horizonte, MG)
INTRODUÇÃO:

O Governo Federal, através de seus ministérios da Educação e Ciência e Tecnologia, investem para que mesmo um profissional generalista, tenha em seus programas as metodologias de ensino direcionadas para o desenvolvimento das habilidades e o exercício das competências profissionais.

Para isso a divulgação, comprovação, e construção do conhecimento científico, um dos métodos mais eficientes, tem sido o método experimental. Através dele pode-se aferir valores, aprimorar conceitos, e transmitir com mais segurança o saber a respeito de como a natureza estabelece suas leis.

Neste trabalho descrevem-se as dificuldades da transmissão deste saber científico através do método experimental, por constatarmos que os alunos, ingressos em um curso superior, na sua maioria desconhecem as práticas básicas de laboratório em ciências. Isso pôde ser verificado através de uma pesquisa quantitativa realizada em uma Instituição Federal de ensino superior com alunos de agronomia, durante 2 períodos letivos.

METODOLOGIA:

Nesse trabalho envolveu dois tipos de pesquisas, realizadas com 60 alunos ingressos no curso de graduação em Agronomia de uma IFES.

Um formulário entregue a estes alunos no primeiro dia de aula em práticas de laboratório, continha a gravura esquemática de 30 utensílios laboratoriais, entre eles algumas vidrarias consideradas básicas para práticas experimentais. Os alunos deveriam responder o nome técnico de cada vidraria, assim como a sua utilidade prática. Sobre a bancada do laboratório, encontravam-se todos estes utensílios distribuídos aleatoriamente, de forma que era possível localizar e relacionar gravura-objeto real e objeto real-gravura.

Para os que conheciam foi entregue um frasco com sacarose, béquer, bastão de vidro, pisseta, balança analítica e balão volumétrico e solicitado que preparassem uma solução de sacarose a 10 g/L.

Logo após o preenchimento daquele, foi entregue um segundo formulário, que continham os seguintes questionamentos: 1) Quando você terminou seu ensino médio; 2) Quanto vestibular você já fez; 3) Para quais cursos prestou vestibular; 4) Você já tem curso superior; 5) Qual curso superior você fez; 6) Você terminou seu ensino médio em escolas: estaduais ou particulares; 7) Durante seu ensino médio, você teve aulas práticas de laboratório; 8) Quais aulas práticas tiveram: em física, química ou biologia; 9) Qual a razão que levou você a escolher o curso de Agronomia.

RESULTADOS:

Os resultados obtidos destes questionamentos foram quantizados em percentuais, e se mostraram surpreendentes. Constata-se que os alunos ingressos num curso de Agronomia (em que as habilidades com as práticas e conteúdos de química e de biologia são fundamentais na formação destes profissionais), não foram adquiridos de maneira satisfatória no ensino médio.

Uma parte desses resultados foi insatisfatória, usando como exemplo o fato de que dos 60 alunos que responderam o primeiro formulário, 78% deles desconheciam os nomes corretos de utensílios comuns em práticas de laboratório tais como: balão volumétrico, cápsula de porcelana, dessecador, pisseta, funil de Buchner, suporte universal, condensador, vidro de relógio.

Já os outros 22% de alunos que conheciam os utensílios apresentaram deficiências no manuseio dos mesmos durante a preparação da solução.

CONCLUSÕES:

O espírito científico deveria ser transmitido, despertado e construído através de experimentos práticos, mas percebe-se que os alunos passam 11 anos de escolaridade, sem terem adquiridos todas essas habilidades, isso se dá por vários motivos, mas um destes é a falta de aulas práticas em laboratórios, em sala de aulas, a campo e a contextualização dos conteúdos com seu dia-a-dia.

Faz-se necessária uma reformulação da postura dos professores de ciências: biologia, química e física e também uma conscientização dos mesmos sobre a urgente tarefa de transformar as práticas científicas numa realidade mais próximas dos nossos alunos.

A correlação dos conteúdos com o cotidiano do aluno facilitaria a introdução de aulas práticas agradáveis mesmo em salas de aula com materiais clássicos e alternativos, motivando e instigando a curiosidade à pesquisa científica com o despertar para a aprendizagem e construção do saber.

Instituição de fomento: Lafarsol do NedTec do CCA da UFES www.nedtec.ufes.br/lafarsol
 
Palavras-chave: Agronomia; Laboratório; Educação.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006