IMPRIMIR VOLTAR
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
AS PEDAGOGIAS DO “APRENDER A APRENDER” FRENTE AO NOVO MODELO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA
Thaisa Neiverth 1
(1. Centro Educacional Ensinarte)
INTRODUÇÃO:

Entende-se que as atuais transformações verificadas no mundo produtivo e suas implicações diretas e indiretas na educação devem ser compreendidas como a expressão das necessidades do capital, cuja lógica de organização tende a se distinguir nos diferentes momentos históricos. Sobre esse redimensionamento de valores e prioridades que temos assistido, a educação merece atenção, em especial no que diz respeito à formação de professores. Tomando como referência a atualidade e as novas tendências vinculadas à formação profissional, este trabalho, fruto do desenvolvimento da monografia de especialização em “Desenvolvimento Profissional no Ensino Superior” – Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO), se propõe a compreender o surgimento e o significado de novos conceitos como “competência” e “empreendedorismo”, entendidos como condições que asseguram as “novas” necessidades exigidas pelo mercado de trabalho e que fundamentam todo o discurso difundido pelas Pedagogias do “Aprender a Aprender”, adotadas freqüentemente como alternativas para a formação de professores.  No entanto, tal modelo tem suscitado questionamentos por pesquisadores da área, que criticam a ênfase na epistemologia da prática em detrimento de uma formação pautada em bases teóricas. Assim, é importante uma compreensão mais consistente e teórica da educação como prática social, e não apenas como reflexão do cotidiano e de experiências individuais pautadas nas demandas do mercado de trabalho.

METODOLOGIA:
O desenvolvimento deste estudo teve como base uma pesquisa bibliográfica orientada a partir de autores que discutem a reestruturação econômica que o capital vem sofrendo desde os anos de 1970, período onde predominou o modelo de acumulação capitalista fordista/taylorista, ao modelo atual definido como “acumulação flexível”. Se antes a formação do professor dava-se a partir da lógica da compartimentalização do saber, própria de um padrão de acumulação capitalista que primava pela especialização e parcelização do trabalho, atualmente tais mudanças contextualizam o surgimento das Pedagogias do “Aprender a Aprender” e das “competências”. Assim, toma-se como foco de análise os principais estudos que fortalecem o uso dessas noções nos cursos de formação de professores, bem como estudos que questionam essas abordagens.
RESULTADOS:
Percebe-se que o modo de produção capitalista, pela sua própria dinâmica, vem adotando um novo padrão de acumulação, tendo em vista a incapacidade do modelo taylorista/fordista em atender às novas necessidades do capital. E,  junto com essa “novas organizações sociais e econômicas, chamadas de “acumulação flexível”, surgem diferentes posicionamentos, utopias e projetos elaborados por grupos sociais com interesses diversos, porém todos tentando interagir e usufruir as vantagens que, supostamente, esse modelo de organizações social oferece. Os objetivos da educação em geral passam a atender as demandas do mercado de trabalho, que por sua vez determinam a natureza das práticas pedagógicas. Dentro dessa lógica, o discurso corrente é o de que a educação é a responsável por assegurar as competências necessárias ao ingresso no mercado de trabalho. Nesse contexto surgem a “Pedagogia das Competências”, o discurso da “Qualidade Total” e a “Pedagogia Empreendedora”. Propostas essas que tendem a sustentar novos mecanismos de adaptação à atual organização do sistema capitalista de produção.
CONCLUSÕES:
Ao término da pesquisa pôde-se concluir que as novas tendências pedagógicas e as regulamentações estatais direcionadas à formação de professores, encontram-se voltadas aos interesses desse modelo de organização social que vem se configurando nos últimos anos. Com base nas leituras realizadas, observou-se que os interesses predominantes não parecem estar fundamentados na preocupação com uma formação pautada em bases teóricas consistentes, que discutam a educação como prática social, e sim em cumprir as “formalidades” e exigências presentes na organização do mercado de trabalho.   
 
Palavras-chave: formação de professores; pedagogias do ; acumulação flexível.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006