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E. Ciências Agrárias - 6. Zootecnia - 4. Produção Animal

Viabilidade zootécnica e econÔmica para substituição do milho por farelo de arroz integral na recria de novilhas da raça holandês em pastagem de azevém

Anderson Bortoli 1
Julio Viégas 1
Renato Santos de Souza 1
João Garbaldi 1
Marcelo Rigo 2
Andréa Letícia Engelmann 1
(1. Centro de Ciências Rurais da Universidade Federal de Santa Maria/UFSM; 2. Faculdade Três de Maio)
INTRODUÇÃO:

Na atividade leiteira, a categoria novilhas recebe menor atenção dos produtores, seu retorno financeiro somente será percebido ao ser feita a reposição do rebanho. O inadequado desenvolvimento das novilhas eleva a idade do primeiro parto. A taxa ideal de ganho de peso para novilhas leiteiras da raça holandesa não é elevada, a demanda energética vem em segundo plano, nessa fase a prioridade é a suplementação protéica. Entretanto a suplementação energética faz-se necessária em períodos adversos (inverno, estiagem) onde ocorre um decréscimo na qualidade nutricional da forragem disponível.

O preço do milho tem demonstrado valores mais elevados devido a grande demanda desse produto nesses períodos infaustos, sendo direcionado prioritariamente a alimentação dos monogástricos forçando a busca por ingredientes alternativos à alimentação de ruminantes mais acessível, barateando o custo da produção de leite. O Rio Grande do Sul é o maior produtor de arroz do Brasil, sendo o farelo de arroz integral (FAI) um subproduto de elevado valor biológico. O FAI tem boa disponibilidade no estado durante o ano todo, podendo assim ser um substituto do milho. Com o objetivo de diminuir custos e manter um nível nutricional adequado para atender as necessidades nutricionais das novilhas holandesas durante a fase de recria realizamos a análise de qual o período mais viável durante o ano para realizar a substituição do milho por FAI que foi realizado esse trabalho.

METODOLOGIA:

O estudo realizou-se no setor de Bovinocultura de Leite da UFSM. O período de execução do trabalho foi entre junho e novembro de 2002. Foram utilizadas 12 novilhas da raça Holandês, com peso vivo médio inicial de 160Kg e idade de oito meses. Os animais foram alimentados com concentrado, em cochos individuais e água a vontade. Foi utilizada área de 2,8ha dividido em seis piquetes para estabelecimento do azevém. A semeadura foi realizada a lanço (30Kg/ha) em maio de 2002 e adubação total de 171,42Kg de N/ha.

Foram conduzidos três testes: (FAI – 0%) dieta sem adição de farelo, (FAI – 50%) com adição de 50% de FAI em substituição do milho e (FAI – 100%) em substituição ao milho. O manejo alimentar com adição de 50% e 100% de FAI em substituição ao milho foi realizado mantendo o nível de proteína bruta e energia digestível de todas as formulações em 18% e 3,25 Mcal/Kg/dia. Os animais foram pesados antes de entrarem nos piquetes e a cada 28 dias, havendo jejum prévio de 12 a 16 horas. O método de pastejo empregado foi de carga contínua. As novilhas foram conduzidas em um delineamento experimental inteiramente casualizado, com quatro repetições por tratamento. Foi realizada análise de variância dos dados e teste Tukey, utilizando-se pacote estatístico SAS, ao nível de probabilidade de 5%. A análise do preço do FAI foi realizada com auxilio do programa desenvolvido pelo Núcleo de Estudo e Pesquisas em Economia Agroindustrial (NEPEA) da UFSM.
RESULTADOS:

De acordo com o experimento pode-se observar que a carga animal suplementada demonstrou aumento de 656Kg para 1087Kg de PV/ha. Nos dois últimos períodos a carga animal foi alta, promovendo uma redução da produção de pastagem e conseqüentemente uma redução no ganho de peso. Não foi observada diferença significativa entre os tratamentos no que se refere a ganho médio diário. Em relação aos períodos, houve ganho de peso menor no início do experimento, devido à limitação física a ingestão de alimentos nos animais jovens. No quarto período houve um decréscimo de 40% na oferta de MS/ha em relação aos períodos anteriores sendo justificado pelo aumento de carga animal e pelas menores taxas de crescimento do azevém. Quanto ao ganho de peso vivo por área não foi observada diferença significativa entre os tratamentos. Analisando a série temporal do preço do FAI no período de 1995-2004 podemos observar em sua variação estacional que o preço do FAI inicia seu declínio em abril mantendo-se estável até maio, tendo seu menor valor em junho, cinco por cento abaixo da média histórica (MH), após inicia uma elevação no preço, contudo permanece abaixo da MH até agosto onde seu preço ultrapassa a MH e atinge seu pico máximo entre janeiro e dezembro em torno de quatro por cento acima da MH.

CONCLUSÕES:

O ganho de peso de novilhas leiteiras não é afetado pela substituição total do milho pelo farelo de arroz integral. Com cargas animais elevadas é possível obter elevados ganhos de peso por área sobre uma pastagem de azevém durante 105 dias, utilizando suplementação.

O melhor período para substituição do milho por farelo de arroz, segundo série temporal do preço, é de abril a junho, época em que o FAI tem o menor preço e a produção leiteria torna maior o requerimento de nutrientes devido às condições adversas do clima no inverno.

 
Palavras-chave: Média histórica; Proditividade; Séries Temporais.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006