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D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 5. Psiquiatria

RECONHECIMENTO GEOGRÁFICO - ESTUDO DA HABITAÇÃO URBANA E SEUS ASPECTOS RELACIONADOS COM TRANSTORNOS PSIQUICOS DE SEUS MORADORES

Teresa Maria Riccetti 1, 2, 3
José Francisco Quirino dos Santos 1, 4, 5, 6
(1. Departamento de Psiquiatria, Escola Paulista de Medicina - UNIFESP/EPM; 2. Curso Desenho Industrial,Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - Mackenzie / UPM; 3. Cursos Arq e Design Industrial, Faculdade de Artes Plasticas - FAP/FAAP; 4. Departamento de Antropologia, Fac. de Filosofia e Ciencias Humanas - FFLCH/USP; 5. Departamento de Antropologia, McMáster University; 6. Prof. Dr. / Orientador)
INTRODUÇÃO:
O espaço físico doméstico é o escopo do estudo do projeto de pesquisa de doutorado de uma designer de formação e mestre em arquitetura, que está sendo desenvolvido na EPM / UNIFESP, orientado por um antropólogo do Departamento de Psiquiatria. Realizado com a finalidade de aplicar e examinar alguns tópicos propostos no projeto, realizamos um estudo piloto, adotando as premissas e procedimentos eleitos para a inquirição, intitulado Reconhecimento Geográfico e realizado na habitação do paciente selecionado pelo pesquisador. A observação da relação entre o comportamento humano com seu ambiente doméstico é o objeto em questão, aliado a interpretação desta realidade não apenas pelo lado das relações humanas diretas, mas também, e principalmente, das relações indiretas, através dos objetos. Fornecer uma contribuição interdisciplinar de uma temática que pode se juntar a outras, de outras disciplinas para sugerir e delinear uma teoria do entorno e sua inter relação com o homem, concreto, que habita o meio urbano hoje. O lar pode ser considerado como desdobramento físico, material, da organização mental do indivíduo e das relações que este estabelece com sua família.
METODOLOGIA:
Pesquisa qualitativa incluindo entrevista em profundidade, etnografia e documentação sonora e visual com as seguintes características: habitação de paciente e familiares em tratamento no programa de psiquiatria e que consentiu ser objeto de estudo, salvaguardados seus interesses e dignidade; o paciente foi selecionado de acordo com seu histórico médico. Coleta de dados: observação in loco para detecção de indícios, conforme o objeto de estudo, observando as técnicas de etnografia de acompanhamento  e de observação informada. Instrumentos: entrevista semi-estruturada com habitantes; roteiro da entrevista - disposição dos espaços e usos, no lar, conforme descrição do morador e confirmação no local; descrição dos espaços, trajetos, percursos, uso de espaços e objetos, pelo morador. Dados do habitante e da habitação, resumo da história de doença do paciente; Registro iconográfico: fotografias digitais dos cômodos com autorização dos moradores.
RESULTADOS:
O reconhecimento geográfico realizado por meio de visita domiciliar, fotos e conversas nos possibilitaram observar que a mudança do indivíduo, neste caso, é acompanhada por transformações relevantes do espaço físico doméstico. Os conceitos teóricos de desenraizamento e enraizamento são nitidamente percebidos nesse contexto, o que nos possibilitou a organização do material coletado, aliado a uma interpretação estética, pelo olhar do pesquisador.
CONCLUSÕES:
1. A casa como expressão física do núcleo familiar, é um desdobramento do sujeito; além do espaço físico as questões ligadas a percepção ambiental e elementos estéticos como luz, cor, cheiro, som, movimento, público/privado, dentro e fora, memória, hoje se destacam na viva vivida desse paciente e sua família.  2. a reificação das relações humanas no lar - é como se o enriquecimento do espaço doméstico com sua materialidade simultaneamente organiza a maneira de ser dos moradores.
 
Palavras-chave: ambiente doméstico; transtorno mental; reificação das relações.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006