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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem

UM PROJETO, NA DISCIPLINA MECÂNICA VIBRATÓRIA, UTILIZADO COMO MEIO INTERDISCIPLINAR NO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

Fábio Raia  1
Antonio G. de Mello Junior 1
Terezinha Jocelen Masson 1
(1. Universidade Presbiteriana Mackenzie)
INTRODUÇÃO:
A interdisciplinaridade sempre teve um lugar decisivo na criação científica e pode ser considerada como uma filosofia de ensino que, quando praticada, motiva o estudante a se interessar mais pela própria especificidade e por outras áreas do conhecimento. Atualmente, o avanço da investigação e a evolução tecnológica implicam na criação de novas disciplinas e práticas que alargam o conceito de ciência, de uma forma tão profunda, que as fronteiras se tornaram extremamente tênues, e de difícil estabelecimento. Isso indica que o conhecimento não está no interior dos conceitos adquiridos em uma disciplina especializada, mas no cruzamento das suas hipóteses e resultados. Assim a interdisciplinaridade resgata um conhecimento que foi compartimentado e estancado, causando um distanciamento disciplinar pois, até hoje, as aulas seguem um padrão expositivo com conceitos prontos e textos resumidos. Objetiva-se mostrar um procedimento multidisciplinar, experimentado em 2005, que trabalha as características pessoais do aluno frente a uma proposta de um projeto prático considerando o aspecto técnico social e econômico em que se insere, partindo da hipótese de que quando o aluno é motivado e esclarecido da função que ocupará na sociedade mesmo sendo produto de um contexto fragmentado e compartimentado, têm criatividade para solucionar os problemas. As características pessoais observadas podem determinar a melhor área de atuação, ou seja, na elaboração do projeto, no gerenciamento ou execução.
METODOLOGIA:
Durante um ano, dois semestres letivos, uma  metodologia, foi montada para estudar a hipótese proposta. Um “pano de fundo”, critério de notas, foi utilizado para velar o verdadeiro plano, que era verificar esses saberes embutidos no estudante de Engenharia. O seguinte procedimento foi montado: A turma do oitavo semestre do curso de Engenharia Mecânica, na disciplina Mecânica Vibratória II, no primeiro semestre de 2005, foi dividida em grupos com saberes pré-determinados pelo professor e, democraticamente, os alunos foram se enquadrando nos grupos que tinham maior afinidade. Um projeto de um Absorvedor de Vibrações foi proposto e, os grupos foram assim distribuídos: Grupo 1- Projeto, Grupo 2- Execução, Grupo 3- Simulação Numérica, Grupo 4- Fundamentação Básica Teórica, Grupo 5- Apresentação e Propaganda e Grupo 6- Análise de custos e produção. Foram estabelecidas regras, com a finalidade de uniformizar os trabalhos sem causar ociosidade ou sobrecarga em grupos específicos. Por exemplo, enquanto o grupo de projeto estivesse trabalhando, o grupo de execução deveria prestar auxílio e,  assim para os outros grupos, formando uma rede de colaboração mútua porém, com propósitos definidos. Vale acrescentar que a dependência de um grupo em relação a outro não serviu como justificativa na falta de sucesso para a tarefa especificada.
RESULTADOS:
Sobre esse procedimento pode-se obter algumas observações importantes  com relação ao comportamento social, à criatividade, à organização, às habilidades manuais, ao conhecimento técnico adquirido e a busca por uma fundamentação teórica apropriada ao projeto. Verificou-se, subjetivamente, que o aluno adotou uma postura mais  atuante e crítica perante o curso e também em relação às suas funções de Engenheiro. No segundo semestre um novo projeto foi proposto, desta vez um ressonador de Helmohtz e a mesma metodologia foi aplicada. As observações obtidas no primeiro semestre foram novamente verificadas com relação aos saberes e aos comportamentos dos alunos. A medida da satisfação do aluno, frente ao projeto, foi avaliada, segundo um questionário anônimo, não obrigatório, de múltiplas respostas, baseadas em conceitos de A até D. Sendo A uma satisfação e motivação plenas e D sem satisfação e motivação.  A população, ou seja, turmas formadas por trinta alunos (primeiro semestre) e 25 alunos (segundo semestre)  responderam aos questionários e, por meio de tratamento estatístico inferencial pode-se realizar conclusões e generalizações.
CONCLUSÕES:
A análise  dos questionários revelou que os alunos possuem um sentido técnico inerente pois, a questão: Projeto e execução foram dito como preceito principal para o engenheiro. Por outro lado, o trato interpessoal revelou-se como sendo um fator importante na formação do profissional. O lado coletivo, quando da execução do dispositivo, ficou evidenciado como aspecto decisivo para a realização. Claramente percebe-se que, para concretizar o projeto, os alunos buscaram bases teóricas para justificar os fenômenos envolvidos, indo além dos aspectos técnicos, incursionado pelas disciplinas ditas de humanas, tais como: design, direito, administração e economia. Em suma, quando exigido, automaticamente o estudante pratica a interdisciplinaridade como se fosse algo já pertencente ao instinto natural humano. Posto dessa forma pode-se entender que a fragmentação estanque, inerente ao processo educacional brasileiro, traz certos vícios como individualidade e falta de liderança para enfrentar os desafios e abordar o problema proposto. Além do foco em si, o lado técnico do trabalho multidisciplinar, o projeto permitiu a visualização global do processo e o conhecimento das dificuldades inerentes ao caminho proposto para se alcançar o objetivo final. Tal conceituação funciona dentro dos moldes dos processos de “Qualidade Total” ou “Manutenção Total”, conhecidos dos engenheiros e administradores atuais.
 
Palavras-chave: Interdisciplinaridade; Engenharia; Educação.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006