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C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 2. Microbiologia Aplicada

CONTROLE DE QUALIDADE DE POÇOS ARTESIANOS DA REGIÃO DE SANTA MARIA, RIO GRANDE DO SUL NO ANO DE 2005

Aline Jaime Leal 1
Fabiane do Amaral Pacheco 2
Germana D’avila dos Santos  3
Giséli Duarte Bastos  3
Rita Denise Niederauer Weiss  4
Rosane Salete Carvalho Friedrich 4
(1. Acadêmica do Curso de Ciências Biológicas/UFSM. Bolsista PET - SESu/MEC; 2. Acadêmica do Curso de Farmácia/UFSM; 3. Acadêmicas do Curso de Ciências Biológicas/UFSM; 4. Departamento de Microbiologia e Parasitologia/UFSM)
INTRODUÇÃO:

A idéia de que a água é um recurso ilimitado tem sido desmistificada. A escassez de água potável já é uma realidade para vários países. O Brasil mesmo retendo 15% da água superficial do mundo, também sofre este problema, devido à sua má distribuição. A região norte possui 68% da água do país e apenas 7% da população, já o sudeste com 43% da população conta somente com 6% da água existente. A poluição das águas superficiais e o alto custo para o seu tratamento têm contribuído para o crescente consumo de águas subterrâneas. A perfuração de poços artesianos sem seguir as técnicas adequadas pode ser uma fonte de contaminação e o consumo dessa água pode ser um risco para a saúde da população. Este trabalho teve o objetivo de fazer o controle microbiológico de águas de poços artesianos da região de Santa Maria no período de janeiro a dezembro de 2005.

METODOLOGIA:

Foram analisadas 165 amostras de água provenientes de poços artesianos. Para a pesquisa de coliformes, utilizou-se a técnica do Número Mais Provável (NMP), segundo American Public Health Association (APHA, 1999). Semeou-se água diretamente da amostra e mais duas diluições seriadas (1:10 e 1:100) em uma série de três tubos para cada diluição contendo o meio caldo lauril sulfato e incubadas a 37ºC por 24/48h. Para pesquisa de coliformes totais foi utilizado o meio caldo verde brilhante, que foi semeado a partir dos tubos positivos do caldo lauril sulfato e incubado a 37ºC por 24/48h. Para verificar a presença de coliformes fecais, o caldo EC foi semeado a partir dos tubos de caldo verde brilhante com crescimento e produção de gás e mantido a 44ºC por 24/48h. A estimativa do número de coliformes foi realizada com base na tabela do Número Mais Provável (NMP) pela associação de tubos positivos e negativos. Para contagem de microrganismos aeróbicos mesófilos em placa utilizou-se o meio Ágar Padrão Contagem e para detecção de bactérias Gram-negativas, o meio Ágar MacConkey.

RESULTADOS:

Os limites estabelecidos pela Resolução do CONAMA/BR Nº 20 de 18 de junho de 1986 e Portaria Nº 158 de 25 de março de 2004 do Ministério da Saúde para bactérias heterotróficas é de 5,0x102UFC/mL. Foram encontradas 47 amostras de água com contagem de bactérias heterotróficas superior a recomendada, variando entre 6,5x102 a 6,5x105 UFC/mL. Segundo a legislação brasileira, coliformes totais e fecais devem estar ausentes em 100mL de água para o consumo humano. Das 165 amostras analisadas, 28 apresentaram coliformes totais e 15 coliformes fecais. Setenta e sete bactérias foram identificadas: Acinetobacter sp. (23,86%), Pseudomonas sp. (21,05%), Escherichia coli (18,42%), Moraxella sp. (11,84%), Pseudomonas aeruginosa (5,26%), Aeromonas sp. (2,63%), Serratia marcescens (2,63%), Serratia plymuthica (1,31%), Enterobacter aerogenes (1,31%), Micrococcus sp. (1,31%), Klebsiella oxytoca (1,31%), Chromobacterium violaceum (1,31%), Enterobacter agglomerans (1,31%), Citrobacter freundii (1,31%), Proteus vulgaris (1,31%), Bacillus sp. (1,31%), Enterobacter asburiae (1,31%), Plesiomonas shigelloides (1,31%).

CONCLUSÕES:

A contaminação da água por coliformes é preocupante, uma vez que estas bactérias são responsáveis por distúrbios gastrointestinais. Os gêneros Acinetobacter e Pseudomonas são comumente encontrados no solo e em outros ambientes naturais, geralmente não oferecem riscos para pessoas sadias, mas agem como oportunistas em indivíduos imunocomprometidos, causando contaminação de feridas e queimaduras cutâneas e também infectando o trato urinário. A presença de outros gêneros, como por exemplo os representantes da família Enterobacteriaceae, tornam a água imprópria para o consumo humano, impossibilitando até mesmo seu uso doméstico. Os coliformes fecais foram detectados em 9% das amostras e a presença de Escherichia coli evidencia a contaminação fecal, por esta bactéria ser exclusiva da microbiota intestinal de mamíferos. Com este trabalho constatou-se que a idéia de que as águas subterrâneas estão livre de contaminação externa não é verdadeira, porque a maioria das espécies isoladas não são ambientais e muitas são patogênicas. Para minimizar o problema a fonte de contaminação deve ser detectada e se possível eliminada, principalmente para evitar que o lençol freático seja atingido.

Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: poço artesiano; água subterrânea; controle de qualidade.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006