Introdução: O século XX foi marcado por mudanças profundas no que se refere às relações de trabalho e aos sistemas de produção. O Primeiro Choque do Petróleo, ocorrido em 1973, foi um marco no lento processo de superação do modelo fordista de produção, que culminaria no modelo denominado de acumulação flexível. Este trabalho tem como objetivo principal estudar os impactos causados por esta quebra de paradigma, na economia da cidade de Itatiba, no que concerne às tradicionais indústrias de móveis em estilo colonial que eram a marca daquele município. A passagem de um sistema de produção com algumas características fordistas combinados a um tipo de produção mais arcaica (uma vez que se produzia em larga escala, mas não em série, além de não haver separação entre trabalho intelectual e de execução, dividindo o espaço da fábrica) para o denominado sistema de acumulação flexível, impactou de maneira significativa a economia itatibense. A flexibilização do sistema produtivo que se estabeleceu, principalmente a partir da década de 1980, difundiu-se em diferentes ramos da produção de bens e serviços e colocou em xeque a rigidez do fordismo. O mercado de trabalho, o setor produtivo, assim como o conjunto das relações sociais, tornou-se mais flexível, atribuindo um novo caráter ao sistema produtivo.

Metodologia: Para a constituição do objeto e desenvolvimento da pesquisa foram adotados os seguintes procedimentos metodológicos:

Resultados: A realização das entrevistas, assim como a coleta de dados secundários sobre o setor moveleiro nas três cidades pesquisadas, nos permitiu observar que existe uma grande diferença no que diz respeito à organização industrial e relevância do setor de móveis na economia dos diferentes municípios. Enquanto em São Bento do Sul e Bento Gonçalves existe uma forte presença de tecnologia, o que permite até mesmo que grande parte da produção seja exportada, em Itatiba muitos dos fabricantes de móveis, ainda hoje, estão instalados em pequenas marcenarias e utilizam pouca ou nenhum tipo de tecnologia, o que dificulta a inserção dos mesmos dentro de uma economia de mercado globalizada.

Conclusões: Podemos concluir que o esgotamento do sistema de produção fordista foi uma das causas da decadência da indústria do móvel colonial em Itatiba, pois, enquanto os pólos produtores de móveis de São Bento do Sul e Bento Gonçalves procuraram investir na modernização do setor fabricante de móveis, em Itatiba a tradição de se fabricar de maneira quase artesanal continuou até meados de 2002, quando se lançou um projeto com o objetivo de revitalizar este setor industrial. Além disso, a coleta de dados primários e secundários sobre o setor, permitiu concluir que as indústrias moveleiras presentes na região Sul possuem um sistema de produção bem mais flexível que as indústrias presentes na cidade de Itatiba - SP.