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A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 4. Química de Produtos Naturais

AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE ANTIOXIDANTE DOS EXTRATOS DE SUCUPIRA BRANCA (Pterodon emarginatus)

Fabíola Dutra Rocha 1
Maria Auxiliadora Coelho Kaplan 2
(1. Fundação e Faculdade UNIRG / DCTI, Gurupi - TO; 2. Núcleo de Produtos Naturais, UFRJ, Rio de Janeiro - RJ)
INTRODUÇÃO:
A sucupira branca (Pterodon emarginatus) é uma planta comum na região de cerrado e/ou transição. O óleo do fruto de espécies do gênero Pterodon é reportado como medicinal, assim como a infusão e extratos das cascas. Propriedades medicinais como antiinflamatório, analgésico, antidiabético, antiedematogênico, antireumático e cercaricida são reportadas para esse gênero. Atualmente, sabe-se que vários processos patológicos estão relacionados com o desequilíbrio entre os níveis de radicais livres e substâncias antioxidantes no organimso (estresse oxidativo). Substâncias do metabolismo secundário como diterpenos do tipo furano, isoflavonas e amidas já foram descritas para o gênero Pterodon e podem estar relacionadas com as diversas atividades farmacológicas descritas, uma vez que têm grande potencial antioxidante. Alguns autores mencionam para os diterpenos do tipo furano isolados do gênero Pterodon, uma relevante capacidade de extinção do oxigênio “singlet”, uma das espécies reativas do oxigênio (EROs) envolvida em vários processos deletérios no organismo. Devido às diferenças entre os sistemas de testes empregados para se efetuar a avaliação da atividade antioxidante, é extremamente recomendado o uso de pelo menos dois métodos, dependendo do potencial esperado e da origem da amostra. Nesse trabalho, avaliaremos a atividade antioxidante, através de diferentes mecanismos, dos extratos dos diferentes órgãos (frutos, cascas e folhas) da sucupira branca, uma espécie do gênero Pterodon.
METODOLOGIA:
Os frutos, cascas e folhas de sucupira branca, coletados no município de Gurupi, região sul do Estado do Tocantins, foram secos, fragmentados e submetidos à extração seqüencial com CHCl3 e MeOH, utilizando-se o método de extração por agitação em ultra-som por 1 hora, associado à maceração, obtendo-se seguintes extratos brutos: extrato em CHCl3 dos frutos parte rígida (ECFrSB-PR), extrato em MeOH dos frutos parte rígida (EMFrSB-PR), extrato CHCl3 dos frutos parte flexível (ECFrSB-PF), extrato em MeOH dos frutos parte flexível (EMFrSB-PF), extrato em CHCl3 das cascas (ECCSB), extrato em MeOH das cascas (EMCSB), extrato em CHCl3 das folhas (ECFSB) e extrato em MeOH das folhas (EMFSB). Esses extratos foram testados quanto a capacidade antioxidante e presença de derivados fenólicos através de ccf revelada com solução 0,2% de DPPH em MeOH, solução de β-caroteno / ácido lipoico e solução a 2% de FeCl3.em EtOH. Para quantificar a capacidade antioxidante foram preparadas soluções em EtOH das amostras em diferentes concentrações (250 a 5mg/ml). A 2,5 ml das soluções amostras, adiciona-se 1 ml de solução DPPH 0,3mM em EtOH. Após um período de 30 min são feitas as leituras das absorbâncias na faixa de 515 – 517 nm. Cada amostra em determinada concentração é analisada em triplicata e as médias percentuais da AAO (%AAOM) são calculadas. Através do gráfico das médias de percentuais de inibição da descolorização do DPPH versus concentração, estima-se a CE50 para cada amostra testada.
RESULTADOS:
Todos os extratos mostraram resultado positivo para a presença de derivados fenólicos, substâncias com grande potencial antioxidante, na avaliação qualitativa em ccf revelada com FeCl3. No teste qualitativo com solução metanólica de DPPH (coloração violeta forte) borrifada sobre as placas de ccf, pode-se observar várias manchas de cor amarela sobre o fundo violeta, indicando a presença de substâncias antioxidantes em todos os extratos. Usando-se uma solução de β-caroteno e ácido linoleico borrifada sobre as placas de ccf, pode-se observar a presença de substâncias que protegem o β-caroteno contra a oxidação causada por produtos de degradação do ácido linoleico, através da presença de manchas que permanecem laranja (cor da solução de β-caroteno) após a exposição à luz ambiente por 2-3h. No teste espectrofotométrico de redução do radical livre DPPH, alguns extratos não se mostraram ativos nas concentrações testadas e outros mostraram uma atividade anti-radical livre concentração-dependente e suas concentrações eficazes em 50% (EC50) puderam ser estimadas, como o EMFrSB-PR (241,70 mg/ml) e o EMFrSB-PF (122,0 mg/ml). Aqueles extratos que mostraram a presença de substâncias redutoras de RLs no teste do DPPH em ccf, mas não no teste espectrofotométrico, talvez seja devido à presença, em tais extratos, de substâncias que absorvam no mesmo comprimento de onda no qual são feitas as leituras ou pela complexidade de substâncias presentes que pode mascarar os resultados.
CONCLUSÕES:
A atividade antioxidante de uma substância pode ser atribuída à sua capacidade de extinção dos radicais formados no processo de autoxidação, através da doação de elétrons, reduzindo esses compostos (redutores) e/ou por reagirem com os RLs resultando em uma molécula neutra (seqüestradores ou quelantes de RLs) ou por prevenirem a formação dos radicais através da redução direta dos seus precursores. Os resultados sugerem que os extratos de sucupira branca têm grande potencial antioxidante, podendo conter substâncias capazes de doar elétrons e assim reduzir radicais livres como observado nos testes com o DPPH. Assim como também podem proteger substâncias vulneráveis à ação dos radicais livres (derivados fenólicos e/ou substâncias contendo ligações duplas conjugadas em sua estrutura), como demonstrado no teste com a solução de β-caroteno/ac. linoleico. Nesse teste, a retenção da coloração laranja do β-caroteno representa a capacidade da amostra em neutralizar radicais livres e, dessa forma, proteger o β-caroteno da degradação promovida pelos produtos radicais livres formados a partir do ácido graxo linoleico. Os resultados mostram que os extratos de sucupira branca têm propriedades antioxidantes relevantes que podem estar relacionadas com as diversas propriedades medicinais atribuídas a essa planta.
Instituição de fomento: SEPLAN/SECT-TO; CNPq
 
Palavras-chave: Antioxidante; Sucupira branca; Ecótonos do Tocantins.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006