Como forma de avaliar a qualidade dos ecossistemas aquáticos, os bivalves são atualmente utilizados como bioindicadores de qualidade ambiental, pois refletem as mudanças nos ambientes onde ocorrem. Constituem uma importante comunidade em rios, riachos e lagoas, servindo como alimento para peixes e crustáceos, participando dos fluxos de energia e da ciclagem de nutrientes (ESTEVES, 1998), sendo ativos filtradores, de vida praticamente séssil, e rapidamente substituídos por uma fauna de bivalves exóticos (MANSUR et al., 2004).

Os moluscos bivalves representam o maior percentual da biomassa bêntica dos ambientes límnicos, considerados indicadores de condições ambientais (FITTKAU, 1981), podem auxiliar na remoção de detritos (IRMLER, 1975). Os bivalves de água doce metabolizam Ca e Mg e outros metais alcalinos terrosos como Ra–226, Ba e até metais pesados, podendo monitorar o teor de poluição. Certas espécies de Hyriidae acumulam, com o passar dos tempos, concentrações significativas destes elementos, principalmente grânulos de cálcio, nos tecidos JEFFRE & SIMPSON (1994) e na concha (MANSUR, 1994).

A estrutura, tamanho e formato da comunidade da macrofauna têm sido relacionados com fatores abióticos. A distribuição da macrofauna é o resultado das relações entre os fatores ambientais e as características das espécies, o conhecimento deste padrão é importante para saber quais fatores o influenciam (JARAMILLO & GONZALEZ, 1991; McLACHLAN, 1996).

           Foram realizadas, no Parque Natural Municipal de Uruguaiana, coletas em três pontos de amostragem distintos quanto ao substrato para assim poder determinar as preferências ambientas, durante os meses de verão, onde utilizou-se o método de Quadrats de acordo com CASTILLO et al. (2004) delimitando uma área total de 1 metro quadrado, que possibilita uma maior confiabilidade e melhor observação dos dados, também foi utilizado uma draga manual, do tipo escavadeira (coifa) adaptada, após cada dragagem, o material será lavado em um tamis com malhas de 2, 1, 0,5mm e 1um colocadas em seqüência de acordo com OLIVEIRA (1989).

           O material coletado, foi transportado em sacos plásticos e o material vivo anestesiado em frascos refrigerados a 10ºC com água do local de coleta conforme (MANSUR et al., 1987). Após algumas horas de repouso foram introduzidos cristais de mentol, até que ocorresse a distensão das partes moles PEREIRA et al., (2000), estas foram fixadas em formol 4% e as conchas conservadas a seco. Nas amostragens, teve-se o cuidado de não coletar indivíduos vivos da fauna ameaçados de extinção no Rio Grande do Sul segundo MANSUR et al. (2003).

A estação 2 é uma extensão do rio Uruguai, formando uma lagoa  2, esta apresentar-se eutrofizada e quase seca. domin marginal de substrato extremamente lodoso. No período de coleta, encontrava-se quase seca e eutrofizada, ocorrendo apenas 2 exemplares, Anodontites trigonus e Diplodon sp.

            A área de coleta, mesmo atualmente, sendo um Parque Natural, apresenta resquícios de atividade antrópica. Apesar disto, ocorreu abundância de espécimes vivos, 37 no total, com dominância da espécie Corbicula fluminea. Ao longo do período amostrado, verificou-se uma significativa ocorrência de moluscos bivalves, predominando espécies invasoras de melhor adaptação, o que comprova que espécies nativas, como Monocondyleae minuana e Diplodon uruguayensis, de maior representatividade nas coletas, estão sendo substituídas por espécies exóticas, como a predominante Corbicula fluminea.