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D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 3. Clínica Médica
AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL DOS IDOSOS ATENDIDOS EM UNIDADE CLÍNICA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO LAURO WANDERLEY/ UFPB
Rodrigo Carneiro Martiniano 1
Isabella Araujo Mota 1
Mirla Rossana Nogueira Mourão 1
Maria do Amparo Mota Ferreira 2
José Luís Simões Maroja 3
Gerlena Maria Navarro Ribeiro Henriques 4
(1. Graduando (a) em Medicina da Universidade Federal da Paraíba/ UFPB; 2. Assistente Social e Coordenadora do Projeto Cuidar - HULW/UFPB; 3. Professor do Departamento de Medicina Interna - CCS/UFPB; 4. Médica e Chefe da Divisão de Medicina Interna - HULW/UFPB)
INTRODUÇÃO:
O atual crescimento mundial da população idosa traz consigo preocupações em relação à capacidade funcional a qual vem surgindo como novo destaque para a estimativa da saúde desse segmento etário. Esse aumento gera maior probabilidade de ocorrência de doenças crônicas e, com isso, desenvolvimento de incapacidades associadas ao envelhecimento. Nesse sentido, a avaliação da capacidade funcional na gerontologia é um importante indicativo da qualidade de vida do idoso, sendo o desempenho das atividades da vida diária um parâmetro amplamente aceito e reconhecido. Dessa forma, os profissionais de saúde podem ter uma visão mais precisa da severidade da doença e de suas seqüelas, da taxa de mortalidade após hospitalização, do tempo de internação, da necessidade de cuidados futuros e do prognóstico a longo prazo. Assim, entende-se como avaliação funcional à designação dada para uma função específica de se autocuidar e de atender as necessidades básicas diárias. Como exemplos, incluem-se a capacidade para alimentar-se, transferir-se, vestir-se, banhar-se, ter continência e usar o banheiro. Devido ao impacto na atuação do apoio multidisciplinar, o presente estudo teve como objetivo avaliar, segundo o índice de Barthel, a capacidade funcional dos idosos internados na unidade de Clínica Médica do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW) da UFPB.
METODOLOGIA:
Na Clínica Médica do HULW/UFPB, realizou-se um estudo retrospectivo, com abordagem indutiva, procedimento estatístico-descritivo e técnica de observação indireta por meio da análise de uma amostra de 372 prontuários de idosos internados e avaliados pelo Projeto Cuidar (Projeto de atenção multiprofissional aos cuidadores informais de idosos), no período entre janeiro de 2003 a dezembro de 2005. Em cada prontuário, analisou-se a ficha de avaliação funcional do idoso a qual abordava o grau de dependência, conforme o Índice de Barthel, para incapacidade da vida diária. Esse instrumento avaliou atividades básicas como a capacidade de subir e descer escadas, andar em superfícies planas, realização de transferências, uso do banheiro, banho, alimentação, vestuário, limpeza pessoal, controle dos esfíncteres anal e vesical. O escore total resultante da soma de todos os itens variava de 0 a 20 pontos. Os idosos que obtiveram entre 0 e 5 pontos foram considerados portadores de dependência total; entre 6 e 10, dependência severa; entre 11 e 15, dependência moderada; entre 16 e 19, dependência leve; e com 20 pontos, independência. Os idosos que apresentavam dependência total, severa ou moderada foram classificados como fragilizados, enquanto que aqueles com dependência leve ou independência foram classificados como não-fragilizados.
RESULTADOS:
Os resultados revelaram que, dos 372 idosos avaliados, 53,22% eram do sexo feminino e, 46,78% do sexo masculino, com idades variando entre 60 e 101 anos, sendo a idade média de 72,4 anos. Em relação à capacidade de subir e descer escadas, verificou-se que 68,81% declararam inaptidão; já, 52,42% conseguiam caminhar sem ajuda e 58,87% eram capazes de se transferirem sozinhos no leito. Quanto à capacidade de realizar limpeza pessoal, 64,24% afirmaram ser independentes, porém, quanto ao banho, houve uma diminuição da independência, com 52,68% de independentes. Observou-se também que 69,35% conseguiam se alimentar sem ajuda do acompanhante e que, 55,64% estavam aptos a se vestirem sozinhos. Quanto à utilização do sanitário, observou-se independência em 59,14% dos idosos. O controle dos esfíncteres anal e vesical mostrou-se adequado na maioria dos pacientes, 83,6% e 74,46%, respectivamente. Após a soma dos escores para o grau de dependência, foi constatado que 15,05% apresentaram dependência total; 10,48%, dependência severa; 17,20%, dependência moderada; 33,06%, dependência leve; e, 24,19%, independência. Baseado nisso, 42,74% eram fragilizados e 57,25%, não-fragilizados.
CONCLUSÕES:
A dependência na realização de atividades cotidianas, como foi demonstrado neste estudo, é uma realidade na população de idosos internados na unidade de Clínica Médica do Hospital Universitário Lauro Wanderley. Dentre as dificuldades relatadas, a maior delas foi a movimentação em escadas, seguida da deambulação em superfícies planas. No entanto, quando foram analisadas as capacidades de realização de transferências, uso do banheiro, banho, alimentação, vestuário, limpeza pessoal, controle dos esfíncteres anal e vesical, constatou-se que a maioria dos idosos são independentes, embora a porcentagem de dependentes seja relativamente alta. Nesse caso, o paciente apresenta-se limitado ao apoio de acompanhantes para deslocar-se, gerando perda da auto-estima e sensação de invalidez, o que repercute em sua qualidade de vida. Dessa forma, familiares e amigos têm que se mostrar presentes e atuantes, não bastando apenas o uso de terapêuticas medicamentosas. Apesar da maior porcentagem de idosos não-fragilizados, o número de fragilizados é bastante significativo, necessitando-se de aumento da atenção e do apoio a estes pacientes. Nesse sentido, a atuação multidisciplinar no tratamento dos idosos, a qualificação dos seus acompanhantes e a incorporação da ajuda familiar poderão trazer benefícios capazes de melhorar o prognóstico e a qualidade de vida desses pacientes.
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Saúde do idoso ; Avaliação Geriátrica; Qualidade de vida.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006