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D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 5. Nutrição
INTERFERÊNCIA DOS ÁCIDOS GRAXOS ÔMEGA-3 (w-3) NOS LIPÍDEOS SANGUÍNEOS DE RATOS SUBMETIDOS AO EXERCÍCIO FÍSICO (NADO).
Jaqueline Minatti 1, 2
Rafaella Cristina Dimbarre de Miranda 1, 2
Bettina Moritz dos Santos Beil 1
Gerson Luis Faccin 1
Elisabeth Wazlawik 1
(1. Departamento de Nutrição, Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC; 2. Bolsistas CNPq/PIBIC)
INTRODUÇÃO:

Os ácidos graxos w-3 são essenciais à saúde humana, ou seja, não podem ser sintetizados em tecidos de mamíferos, sendo necessário obtê-los através da dieta alimentar. O seu consumo tem sido relacionado à prevenção de doenças cardiovasculares através da melhora do perfil lipídico, havendo, entretanto, uma grande variabilidade nas respostas encontradas nos diferentes estudos. Entre os alimentos fonte em ácido graxo w-3, destacam-se os peixes, especialmente os marinhos. O presente estudo investigou o efeito do tratamento por 28 dias com a suplementação do ácido graxo w-3, obtido de cápsulas de óleo de peixe, nas doses de 0,5g/kg/dia e 1,0g/kg/dia, nas concentrações séricas de lipídeos em ratos submetidos ou não ao exercício físico (nado).

METODOLOGIA:

Foram utilizados ratos da linhagem Wistar, machos, com 2 meses de idade e 200g (n total=109), sendo que na dose 0,5g/kg/dia o número de animais foi de 57 e na dose 1,0g/kg/dia o n foi 52 ratos. Tanto para os ensaios com 0,5g/kg/dia quanto para os de 1,0g/kg/dia de w-3 foram formados 5 grupos experimentais: basal (B, somente mantidos nas gaiolas moradia); controle (C, tratados por gavagem com água, não submetidos ao nado); controle + nado (C+n, tratados com água e submetidos ao nado); w-3 (tratados por gavagem com w-3, não submetidos ao nado); w-3+nado (w-3+n, tratados com w-3 e submetidos ao nado). Os animais receberam o w-3 ou água por via oral (gavagem), 5 horas antes do nado, sendo colocados individualmente em cilindros plásticos (altura: 46cm, diâmetro: 20cm) e nível de água de 38cm. Para cada nado de cada animal, a água foi trocada. A temperatura desta foi mantida em 27± 2°C. Nos 3 primeiros dias, os ratos permaneceram por 10min na água, para adaptação ao meio, e após, até o 280 dia, foram submetidos ao nado por 20min. A coleta de sangue foi efetuada por punção cardíaca e realizada em 2 fases: uma semana antes do tratamento e do início do teste do nado e no 29° dia, após os procedimentos experimentais. Para ambas coletas, os animais foram mantidos em jejum de 12 horas. A análise bioquímica, antes e após os experimentos, de cada grupo foi comparada sendo os valores obtidos analisados empregando-se o teste t de Student com nível de significância P<0,05.

RESULTADOS:

A média e o erro padrão (EPM) nos grupos, antes (início, i) e final (f) dos experimentos, para o colesterol total (CT) nas doses de 0,5g/kg/dia (0,5) e 1,0g/kg/dia (1,0) foi de: B 0,5 i: 125±12,1; B 0,5 f: 111±6,3; C 0,5 i: 124,6±9,5; C 0,5 f: 103,1±5,7; C+n 0,5 i: 125,1±7,3; C+n 0,5 f: 96,7±4,5; w-3 0,5 i:124,4±7,6; w-3 0,5 f: 90,8±5,2; w-3+n 0,5 i:125,5±4,0; w-3+n 0,5 f: 88±5,1; B 1,0 i: 94,0±6,3; B 1,0 f: 84,5±4,4; C 1,0 i 91,1±8,1; C 1,0 f: 81,9±5,9; C+n 1,0 i: 91,4±4,9; C+n 1,0 f: 75,4±4,3; w-3 1,0 i: 92,4±4,2; w-3 1,0 f: 74,1±3,1; w-3+n 1,0 i: 91,2±5,0; w-3+n 1,0 f: 69,7±5,4. A média e o EPM para os triglicerídeos (TG) foi de: B 0,5 i:113,6±11,1; B 0,5 f: 69,4±4,9; C 0,5 i: 114±9,2; C 0,5 f: 71,2±8,0; C+n 0,5 i: 113,6±5,7; C+n 0,5 f: 90,9±6,3; w-3 0,5 i: 113,6±7,4; w-3 0,5 f: 70,4±6,4; w-3+n 0,5 i: 113,1± 3,1; w-3+n 0,5 f: 76,8±5,2; B 1,0 i: 95,6±10,9; B 1,0 f: 134,3±11,1; C 1,0 i: 95,8±8,6; C 1,0 f: 97,7±24,0; C+n 1,0 i: 96,1±8,0; C+n 1,0 f: 86,1±4,4; w-3 1,0 i: 95,4±6,2; w-3 1,0 f: 80,8±5,5; w-3+n 1,0 i: 95,2± 9,6; w-3+n 1,0 f: 71,3±5,9. Em relação ao CT, no protocolo de 0,5g/kg/dia, C+n, w-3+n e w-3 demonstraram redução significativa. No protocolo de 1,0g/kg/dia esta diminuição ocorreu em todos os grupos, sendo as maiores as dos w-3 e w-3+n. Quanto aos TG, no ensaio de 0,5g/kg/dia, todos apresentaram redução neste parâmetro, sendo a maior diferença encontrada no w-3+n. No ensaio com 1,0g/kg/dia de w-3, a redução ocorreu apenas nos grupos w-3 e w-3+n.

CONCLUSÕES:

As reduções nas concentrações séricas de CT e TG foram maiores associando-se o tratamento com o ácido graxo w-3 ao teste do nado. Os resultados obtidos sugerem um possível sinergismo da suplementação com o óleo de peixe e o nado. Estudos adicionais com a utilização de doses menores as aqui utilizadas, bem como, com outros modelos, poderão auxiliar na compreensão sobre a relação da ingestão de óleo de peixe com as concentrações de lipídeos sangüíneos, e a recomendação de quantidades de alimentos ricos em ácido graxo w-3, para a saúde humana.

Instituição de fomento: Universidade Federal de Santa Catarina / UFSC e CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: ácido graxo w-3; nado; ratos.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006