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D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva

AÇÕES EDUCATIVAS EM SAÚDE NA PREVENÇÃO DOS FATORES DE RISCO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL EM TRABALHADORES E A REPERCUSSÃO NO ESTILO DE VIDA

 

 

Zélia Maria de Sousa Araújo Santos 1
Helder de Pádua Lima 1
(1. Universidade de Fortaleza - UNIFOR)
INTRODUÇÃO:

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma síndrome de origem multifatorial, caracterizada pelo aumento das cifras pressóricas arteriais, possibilitando anormalidades cardiovasculares e metabólicas que podem levar a alterações funcionais e/ou estruturais de vários órgãos, principalmente coração, cérebro, rins e vasos periféricos. Apesar do seu surgimento estar intimamente relacionado aos fatores de risco constitucionais – idade, sexo, raça/cor e história familiar – a prevenção da HAS pode ser obtida através da redução dos fatores de risco coadjuvantes e promotores de hipertensão como o estilo de vida inadequado que, por sua vez, inclui a prática de atividades físicas, o controle do peso, da ingestão excessiva de sal e álcool, do hábito de fumar, entre outros. No entanto, o que se observa é que a maioria das pessoas possui um estilo de vida inadequado nos diversos âmbitos em que desenvolvem suas atividades: domicílio, escola, local de trabalho, entre outros. O trabalho, em particular, exerce grande impacto no cotidiano do trabalhador, visto que grande parte da sua vida se passa no ambiente laboral. Mais que isso, o trabalho pode influenciar comportamentos e oferecer condições de risco que podem afetar o processo saúde-doença, conduzindo o trabalhador à doença. Neste estudo objetivou-se analisar as mudanças ocorridas no estilo de vida dos funcionários com vista à prevenção dos fatores de risco da hipertensão através da implementação de ações educativas em saúde.

METODOLOGIA:

Este estudo constituiu-se de uma pesquisa participante, desenvolvida na Universidade de Fortaleza, com quinze trabalhadores lotados na universidade supracitada, independentemente da cor, idade, sexo, escolaridade e renda mensal, que aceitaram participar da pesquisa. O processo de interação entre investigador e sujeitos em estudo, necessário para o desenvolvimento desta pesquisa, deu-se mediante a implementação de seis oficinas educativas com os participantes do estudo. Estas oficinas foram desenvolvidas a partir da utilização de estratégias de dinâmicas de grupo, com intervalos de um mês entre cada uma. Os dados foram coletados através de entrevista, aplicada em dois momentos: na primeira oficina, com a finalidade de apreciar o conhecimento dos participantes sobre os fatores de risco da HAS e as condutas de um estilo de vida saudável; e na última oficina para avaliar o conhecimento adquirido e as possíveis mudanças ocorridas no estilo de vida dos trabalhadores, com a implementação do plano de ações educativas. Ressalta-se que foi utilizado um diário de campo, durante as oficinas, para registro de observações complementares ao processo de análise e inferência. Os dados foram organizados em categorias empíricas e a análise foi baseada nas experiências dos participantes, e fundamentada na literatura selecionada. A pesquisa foi realizada de acordo com os preceitos éticos da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

RESULTADOS:

Os sujeitos tinham idade entre vinte e quarenta e quatro anos, sendo que destes, dois eram mulheres e os demais, homens. Quanto à cor, três participantes eram brancos, um, negro e onze, pardos. A escolaridade variava entre o ensino fundamental incompleto e o ensino superior incompleto e a renda mensal encontrava-se entre um e dois salários mínimos. Entre os sujeitos, três reconheceram apenas a história familiar, dentre os demais fatores de risco constitucionais, como fator predisponente para HAS. Dentre os fatores de risco ambientais, foram citados: consumo excessivo de sal, ingesta excessiva de café, alcoolismo, tabagismo, estresse, sedentarismo, uso de gordura animal e obesidade. Para os sujeitos, um estilo de vida saudável estava relacionado com a prática de exercícios físicos, gerenciamento do estresse, alimentação saudável, harmonia no ambiente familiar, condições financeiras adequadas, conciliação entre atividades e repouso, e ausência de vícios. Os depoimentos dos participantes demonstram a adoção de atitudes favoráveis à prevenção da HÁS após a implementação das oficinas educativas, ou seja, prática regular de exercícios físicos, gerenciamento do estresse, redução no consumo de sal, gordura animal e carnes vermelhas, consumo adequado de café, entre outros. Além disso, tornou-se explícita a atuação do sujeito como agente multiplicador das ações de educação em saúde, junto aos seus familiares e demais pessoas do seu convívio.

CONCLUSÕES:

Diante da análise dos resultados, podemos admitir que os sujeitos além de apresentarem fatores de risco da HAS, demonstraram interesse em mudar seu estilo de vida com vista a prevenir não somente esses fatores de risco, como também o surgimento deste agravo em si mesmos, nos seus familiares e em outras pessoas do seu convívio. Após a implementação das oficinas educativas propostas, ocorreram mudanças significativas no estilo de vida, conduzindo-os a um nível satisfatório de saúde e de bem estar, inclusive prevenindo a HAS, que continua sendo um fator de risco preponderante para as doenças cardiovasculares e cerebrovasculares.

 

Instituição de fomento: PROBIC/FEQ
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Educação em saúde; Hipertensão arterial; Estilo de vida.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006