IMPRIMIR VOLTAR
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 1. Climatologia
VARIABILIDADE ANUAL DA PRECIPITAÇÃO PLUVIAL NA MICROBACIA HIDROGRÁFICA DA BARRAGEM DE VACA BRAVA
Hermes Alves de Almeida  1
Lucas da Silva  1
(1. Universidade Estadual da Paraiba - UEPB)
INTRODUÇÃO:

A precipitação é o elemento meteorológico que apresenta maior variabilidade tanto em quantidade quanto em distribuição mensal e anual de uma região para outra. No semi-árido nordestino, além da baixa quantidade de chuva, predomina a irregularidade espacial e temporal, com anos nos quais a chuva se concentra em um a três meses, enquanto que em outros, chovem torrencialmente num determinado local e quase nada na sua circunvizinhança. Esse modelo de distribuição de chuvas é do tipo assimétrico e, por isso, a média, que a medida de tendência central mais utilizada, não é o valor mais provável de ocorrer e, portanto, poderá conduzir erros interpretativos. Diante disto, houve a necessidade de um estudo estatístico que permitisse estabelecer regime anual de chuva da microbacia hidrográfica da barragem de Vaca Brava, sendo este o objetivo principal do presente trabalho.

METODOLOGIA:

O estudo foi realizado na microbacia hidrográfica da barragem Vaca Brava, localizada nos municípios de Remígio (06º53’S, 35º02’W) e Areia (06º58’S, 35º42’W) , na mesorregião geográfica do Agreste Paraibano. Utilizaram-se dados mensais e anuais de precipitação pluvial do período: 1920 e 2005, coletados na Estação Meteorológica da Universidade Federal da Paraíba, campus de Areia, pertencente ao Instituto Nacional de Meteorologia. A partir do resumo tabular da série foram determinadas as medias de tendência central: média aritmética e mediana e de dispersão: amplitude e desvio padrão, sendo em seguida arranjado-os em classes, mediante a distribuição de freqüência. De posse dessas análises, foi feito o ajuste dos dados anuais à distribuição normal reduzida, sendo calculadas as freqüências esperadas, para cada classe, e os respectivos níveis de probabilidade. Considerou-se, ainda, a mediana anual e os totais de precipitação  referentes ao ano mais seco e o mais chuvoso.

RESULTADOS:

Os resultados mostraram elevada irregularidade na distribuição mensal e anual da precipitação pluvial, cujas dispersões, quantificadas utilizando-se os desvios padrão da média, foram de 78% e 24%, respectivamente. Isso mostra, portanto, que o regime pluvial é assimétrica e, por isso, a mediana é a medida de tendência mais provável de ocorrer do que a média. A mediana anual esperada é da ordem de 1330 mm, enquanto que, a amplitude superou 1500 mm, ou seja, o valor máximo observado foi de 2.205 e o mínimo de 645 mm. Dos oitenta e cinco anos analisados, constatou-se que em cerca de 50% deles, os totais de precipitação foram iguais ou superiores a mediana. Quando se comparam as médias anuais, por décadas, verificou-se que os decêndios de 20 e 90 foram os mais secos e os de 70 e 80 os mais chuvosos do período estudado. O ajuste dos totais anuais de chuvas a distribuição normal reduzida permitiu associar o valor ao nível de probabilidade. Assim, as chances de chover, pelo menos, cerca de 1000mm, é de 25%, o que corresponde a uma proporção de um ano em cada quatro anos. Já, a chance de chover o valor correspondente à mediana é de cerca de 50%. No entanto, espera-se ao nível de 75% de probabilidade, o que corresponde a um ano numa série de quatro, que a chuva ultrapasse 1500 mm.

CONCLUSÕES:

Existe uma elevada irregularidade na distribuição mensais e anuais da precipitação pluvial, na microbacia hidrográfica da barragem de Vaca Brava. O regime de distribuição mensal é assimétrico, a mediana é a medida de tendência central mais provável de ocorrer e equivale a 80% da média. A dispersão média anual é da ordem de 24% e em 50% dos anos estudados choveu abaixo da mediana. A mediana anual esperada ocorre a um nível de probabilidade da ordem de 50%. Há décadas mais chuvosas e outras menos chuvosas, embora não haja indícios que a chuva esteja aumentando ou diminuindo na referida microbacia hidrográfica. O estabelecimento do regime pluvial anual permite aos órgãos governamentais, ONG’s e agricultores, propor técnicas de manejo adequadas ao uso do recurso hídrico, visando o planejamento sustentável da área estudada.

Instituição de fomento: PIBIC/CNPq/UEPB
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Precipitação Pluvial ; Microbacia Hidrográfica ; Climatologia.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006