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G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia
CARCINICULTURA NO MARANHÃO: DESENVOLVIMENTO OU ILUSÃO
Francimar Rodrigues dos Santos  1
Cristiane Silva Ribeiro 1
Demétrios Cadete dos Santos Neto  1
Luis Fabiano de Aguiar Silva  1
Keyllane Shirley de Carvalho  1
Izis Deise Silva de Sousa 1
(1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO - UFMA )
INTRODUÇÃO:

 

A constante necessidade sentida pelo homem de ampliar seus domínios econômicos tornou-se uma realidade e uma necessidade, onde se busca por meio do desenvolvimento produzir cada vez mais e melhor. No entanto, esse “desenvolvimento” está sendo realizado de maneira predatória e impensada, uma vez que em nome de melhores dados estatísticos os recursos naturais estão sendo subtraídos indiscriminadamente, comprometendo o bom funcionamento da natureza e sua prolongação para as gerações vindouras. O capitalismo que trás como carro chefe a globalização usa da máquina ideológica a fim de manipular a opinião pública, usando também dos grandes projetos, que se apresentam como resoluções dos problemas sociais quando na verdade são grandes cavalos de tróia, mascarando suas reais intenções. Assim, é a carcinicultura, com propaganda de muitos empregos e desenvolvimento para o Estado, entretanto, o cálculo do custo/benefício deste projeto advém duma néscia matemática, que agride o ambiente e empobrece ainda mais as classes menos favorecidas. Desse modo, almeja-se nesta pesquisa discorrer sobre a implantação da carcinicultura no litoral maranhense e analisar os interesses, bem como os impactos causados nas áreas de manguezais.

METODOLOGIA:

A realização deste trabalho deu-se por meio de pesquisas bibliográficas, registro fotográfico, participação em debates, informações advindas da reunião do Conselho de Gerentes do IBAMA do Nordeste – CORENE, do I Fórum Social Maranhense, Fórum Brasileiro de Educação Ambiental, Seminário Grandes Projetos, análises do zoneamento costeiro do Maranhão, realizado pelo governo do Estado, assim como levantamentos feitos em campo. Os métodos mais utilizados foram o hipotético-dedutivo e o fenomenológico.

 

 

RESULTADOS:

O saldo advindo da carcinicultura se mostra pouco entusiasmaste, uma vez que os resultados da pesquisa demonstram que caso implementada nesses moldes, a carcinicultura em áreas de manguezais do Maranhão, além do desmatamento de APPs (áreas de proteção permanente), e a introdução de espécies exóticas no ecossistema, não trará melhorias às colônias de pescadores e as comunidades ribeirinhas, que dependem diretamente dessas áreas para obter sua renda. Pelo contrário, devido à necessidade de grandes extensões de manguezais para instalar os tanques, os pescadores serão afetados diretamente, com a redução do pescado e da área propícia à atividade. As fazendas de camarões não necessitam de muitos funcionários, o que contesta as propostas dos políticos locais, que prometem a geração de inúmeros empregos, pelo contrário, na prática isso se torna bem diferente já que as fazendas quando muito, têm três Funcionários. Para se ter uma idéia da quantidade de famílias que serão prejudicadas com a carcinicultura usa-se um exemplo simples. Enquanto que em 5 ha de manguezais trabalham até 30, famílias, no mesmo espaço de viveiros, trabalham apenas 2 pessoas, um arraçador e um vigia. Ou seja, esse pseudodesenvolvimento benefíciará principalmente os grandes empreendedores.  O que mais uma vez estimula a reflexão sobre as propostas de “desenvolvimento” que se mostram mais como ilusões, ou puramente política de pão e circo. 

CONCLUSÕES:

 

Posicionar-se contra o desenvolvimento, ou tentar fugir dele não é e nunca será uma solução, nesse sentido o que é de fato questionado e até mesmo criticado não é o desenvolvimento em si, mas a maneira como ele vem sendo aplicado, a maneira arbitraria injusta e violenta, principalmente contra os recursos naturais. Com isso, entende-se que desenvolver não é tomar decisões tidas como medidas mitigadoras que viriam a favorecer a todos, quando na realidade, o que está sendo levado em conta são os interesses de uma minoria. Sabe-se que não se deve “fechar as portas” para o progresso, no entanto, sabe-se também, que em nome desse mesmo progresso, medidas são tomadas muitas das vezes de forma irresponsável, acabando por prejudicar quem deveria ser o real beneficiado.

É necessário que haja por parte do poder público, iniciativa privada, classe política, organizações não governamentais e a sociedade, um espaço de discussões direcionando para esse “desenvolvimento” uma postura mais conservacionista e menos predatória, pois até que ponto deve-se pagar para alcançar o dito desenvolvimento? Não menos importante é, de fato, transferirmos as medidas elaboradas no papel para ações práticas trazendo soluções para os problemas ambientais nas três esferas da federação: local, regional e nacional.

 

 
Palavras-chave: Carcinicultura; Desenvolvimeto ; Impactos Ambientais .
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006