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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
INCLUSÃO ESCOLAR: REALIDADE OU ILUSÃO?
Núbia Ribeiro de Souza 1
Maria Alice Abranches 1
(1. Curso de Educação Física, Faculdade de Minas - FAMINAS, 36880-000 - Muriaé-MG)
INTRODUÇÃO:
Inclusão [Do latin. Inclusione] S. f. 1. Ato ou efeito de incluir. [Antôn.: exclusão.] INCLUIR (Do latin. Includere, com mudança de conjug.],V. t. d. 1. Compreender, abranger. (FERREIRA, Novo Aurélio: século XX, Nova Fronteira, 1999). Inclusão social é, então, a real participação de todos os cidadãos, independentemente de suas diferenças e características individuais, sejam elas físicas, sensoriais, intelectuais, raciais, ou religiosas; em todos os ambientes e contextos que compõem a sociedade. Tendo em vista, que a escola é dos meios de ascensão social, e para se tornar de fato uma escola inclusiva, é essencial que ela adote uma postura responsável e defenda em suas propostas e ações os princípios e valores éticos, firmados nos ideais de cidadania, justiça e igualdade para todos. Para que se tenha uma educação inclusiva, é necessário que haja uma profunda transformação em todos os ambientes educacionais. No entanto, temos que ter em vista que “Reconstruir uma escola exige a revisão de posturas e concepções, o reordenamento do trabalho pedagógico e o investimento vultoso em estruturas includentes.” (SÁ, Dicionário do professor: sistema de ação pedagógica, SEMG, 1998). Pretende-se no presente trabalho traçar um perfil sobre a situação em que se encontra o processo de inclusão nas escolas públicas de ensino fundamental da cidade de Muriaé-MG, objetivando uma reflexão e análise sobre o tema.
METODOLOGIA:
A coleta de dados se deu mediante entrevistas com diretores, supervisores pedagógicos, professores de Educação Física, professores regentes e alunos do ensino fundamental. Todas as entrevistas foram feitas nas escolas nos horários de intervalos e término das aulas e os alunos foram escolhidos aleatoriamente. Alem das entrevistas, também foi utilizado um questionário respondido pela coordenação do Censo Escolar, da Superintendência Regional de Ensino, com sede na cidade de Muriaé, estado de Minas Gerais. As informações complementares foram obtidas através de pesquisa bibliográfica.
RESULTADOS:
Neste trabalho, pudemos perceber que estas transformações e reconstruções não estão acontecendo nas escolas públicas de Muriaé-MG. No que diz respeito à revisão de posturas e a concepções, constatamos que a discriminação aos portadores de necessidades educacionais especiais ainda se faz muito presente no cotidiano escolar, tendo sido verificado que 76,5% dos entrevistados afirmaram já ter presenciado alguma situação deste tipo, ocorrida entre alunos e até mesmo envolvendo professores e outros funcionários. Com relação ao reordenamento do trabalho pedagógico, constatamos que muito há o que se fazer, pois este trabalho envolve concepções e ações dos profissionais. Neste aspecto, a situação é preocupante, pois todos os profissionais entrevistados afirmaram que não estão preparados para receber e lidar com portadores de necessidades educacionais especiais, porque nunca participaram de curso de capacitação visando a educação especial. Em relação às estruturas includentes, pudemos constatar que as escolas da cidade não passaram pelas devidas adaptações em seus espaços físicos. Dos entrevistados, 75% ressaltaram que as escolas pesquisadas não possuem infra-estrutura adequada para os alunos portadores de deficiência, e que a perspectiva de sanar esta deficiência e relativamente dificultada, pois há necessidade de investimentos de recursos financeiros públicos.
CONCLUSÕES:
Levando em consideração os fatos citados, percebemos que o processo de inclusão começou a ser discutido teoricamente, mas não está acontecendo na prática do cotidiano escolar das escolas de Muriaé. Constamos que além da prioridade política e financeira por parte do governo e de mudanças profundas no processo de ensino-aprendizagem nas escolas, é necessário que sejam vencidos os preconceitos sobre a inclusão. O histórico da exclusão educacional vem de muitos anos, sempre apoiada pela sociedade em geral e entendemos que não é de uma hora para outra, que conseguiremos mudar essa situação. É realidade que todo o processo de transformação causa insegurança, principalmente em se tratando de transformação de posturas excludentes, tão apoiadas e vividas socialmente. Porém, faz-se necessário o envolvimento de educadores, pais, especialistas, agentes do poder públicos e demais componentes da sociedade, tendo como propósito quebrar preconceitos, assumir desafios e trabalhar juntos para a transformação de todo o ambiente escolar. Se desejamos transformação, devemos buscar informação e agir para a construção de uma sociedade mais justa, com a participação de todos os indivíduos que a compõe, dando assim o primeiro e principal passo para conseguirmos de fato uma educação inclusiva.
Instituição de fomento: Faculdade de Minas - FAMINAS
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Inclusão; Educação; Ensino fundamental.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006