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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 6. Psicologia do Desenvolvimento Humano
COMPORTAMENTO DE EDUCADORAS DE CRECHES NA ENTRADA E SAÍDA DAS CRIANÇAS.
Eric Campos Alvarenga 1
Claudia Tatiana Ferreira Cavalcante 1
Alane Glaucia Brito Cruz 1
Celi da Costa Silva Bahia 2
Celina Maria Colino Magalhães 3
(1. Universidade Federal do Pará / UFPA; 2. Departamento de Métodos e Técnicas de Orientação Educacional/ UFPA; 3. Departamento de Psicologia Experimental / UFPA)
INTRODUÇÃO:
A discussão sobre o desenvolvimento humano é marcada pela inseparabilidade entre organismo e ambiente. Deste modo, o conceito de Nicho Desenvolvimental pode ser adotado como ponto de partida para a compreensão desta inseparabilidade. Este conceito é formando por três subsistemas: o primeiro, refere-se ao ambiente físico e social onde a criança vive; o segundo está relacionado às práticas de cuidado e educação da criança; o último subsistema são as crenças e valores dos responsáveis pelo cuidado da criança. Observações empíricas demonstram que os currículos dos cursos de formação de professores estão formando profissionais para atuar em um contexto bem diferenciado das Instituições de Educação Infantil da cidade de Belém. Muitos ainda são herdeiros de uma concepção assistencialista, enquanto outros vêem a creche por meio de uma perspectiva unicamente educativa. Apesar desta dicotomia entre os educadores, a legislação em vigor pede estas duas posturas. Pesquisas também vêm atribuindo muita importância à relação entre creche e família para se pensar a educação da criança, ressaltando o papel da comunicação como a base de tudo que pode ser criado e desenvolvido entre os pais e a creche. Faz-se necessário conhecer as práticas destes educadores, pois estas irão influenciar diretamente a relação entre creche e família. Assim, este trabalho teve por objetivo investigar os comportamentos emitidos por educadoras durante as situações de entrada e saída em uma creche municipal de Belém.
METODOLOGIA:
Fizeram parte do estudo 4 professoras de educação infantil e suas respectivas crianças, em um total de 25 na faixa etária de quatro e cinco anos de uma creche municipal de Belém. Esta foi escolhida por ser referência na rede municipal. Os dados foram coletados utilizando o registro contínuo e diário de campo. Foram selecionadas 2 salas na creche, tendo como critério de escolha a faixa etária das crianças (3 a 4 anos) e que estas permanecessem em período integral na creche (07:30h às 17:30h). Durante quatro semanas os pesquisadores estiveram familiarizando-se com as professoras, as crianças e o ambiente. No período de coleta de dados trabalhou-se com a observação participante, na qual foi realizada em diferentes dias e horários alternados durante o período da manhã e da tarde. Os horários da primeira parte da manhã e tarde estavam entre 07:30h às 09:30h e 14:00h às 16:00h respectivamente. Depois se alternava para a segunda parte da manhã (09:30h às 12:00h) e a segunda parte da tarde (16:00h às 18:00h).O tempo total de observação nas duas turmas selecionadas foi de 3061 minutos. Durante o tempo de permanência na creche, os observadores acompanhavam a professora e as crianças onde quer que estas fossem, como durante as atividades realizadas na sala, no parque, no refeitório e no banheiro. O horário de entrada era de 07:30h às 07:45h, enquanto que o horário de saída era de 17:30h às 17:45h. Nestes horários registrava-se o comportamento de educadoras e de familiares.
RESULTADOS:
Os dados observacionais e diário de campo foram organizados em três agrupamentos, a saber: quem leva e busca; o que favorece a relação creche-família e o que não favorece a relação creche-família. Observou-se que as crianças geralmente vêm acompanhadas pelos pais, predominantemente pelas mães, no entanto algumas vezes eram acompanhadas pelos irmãos mais velhos, pais ou avós. As crianças também chegavam acompanhadas de vizinhos que poderiam ter ou não filhos na unidade. Nestes casos em que pessoas não consangüíneas levavam e traziam as crianças, as situações de entrada e saída eram restritas meramente ao simples deixar e pegar as crianças. Os dados também revelam a existência de diferentes formas de diálogo que favoreciam a relação entre creche e família. Tal relação se dava por meio de informes gerais da unidade, informes específicos, busca de diálogo da professora para com a mãe e a busca de diálogo da mãe para com a professora. Já dentre os aspectos observados que dificultam a relação entre creche-família destaca-se: escassez de diálogo mãe-professora, expressa por apenas cumprimento/despedida entre mãe e professora, ou mesmo a ausência destes; a falta de profissionalismo da professora caracterizada pela não percepção de alterações na saúde da criança (dor de cabeça, lesões corporais, etc.); e a falta de atenção materna expressa pela falta de cuidado da mãe para com a criança, no sentido desta vir à creche com problemas de saúde.
CONCLUSÕES:
A partir do que foi apresentado sobre as situações de entrada e saída da creche J.T pode-se concluir que: 1- As crianças são conduzidas e retiradas da creche, na sua grande maioria, por pessoas consangüíneas; 2- O tempo médio dessa entrega e busca ficava em torno de 15 minutos, tempo esse estabelecido pela creche; 3- Outros agentes não familiares exercem esse papel, ao conduzirem ou buscarem seus filhos no espaço. Percebe-se que os informes gerais dados pela creche e os informes específicos dados pelas mães e pelas professoras apesar de poderem favorecer a relação entre creche e família, têm somente uma função informativa, não sendo aproveitados como uma forma de estreitar os laços entre as duas. Os informes gerais são necessários, mas não são suficientes para estabelecer a relação entre creche e família. Conclui-se que é preciso instalar comportamentos e ações na professora sobre oferecer informações a respeito da rotina da criança na creche. Esta necessita sair da esfera formal de apenas informar ocorridos, passando a tomar a iniciativa de conversar mais com as mães sobre a criança, pois teoricamente aquela deve possuir a noção da necessidade de estabelecer diálogo com a família. E deste modo vir a possibilitar a instalação de comportamentos de diálogo com a professora, no repertório da mãe, o que poderia criar uma maior aproximação entre creche e família.
Instituição de fomento: Pibic
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Família; Creche; Interação.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006